ECOLOGIA 1967
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OS ANOS CRUCIAIS DO ECOLOGISMO, ANTES E DEPOIS DO 25 DE ABRIL - DA ARQUEOLOGIA REAL À ARQUEOLOGIA VIRTUAL
Lisboa, 29/7/1997 - Quis o acaso que no jornal «República», a partir de 1967, tivessem aparecido os primeiros artigos com ideias que claramente apontavam para uma leitura ecológica dos factos, do mundo e da vida.
O acaso, e a capacidade democrática dos que dirigiam esse jornal para aceitar temas e artigos que não eram, certamente, os que estariam em foco na época e a que se poderia facilmente colar o rótulo de «reaccionários».
Ainda nem sequer se falava de qualidade de vida, quanto mais de ecologia, ambiente ou política do quotidiano.
Protecção das espécies, direitos do peão, crítica à actividade cinegética, aos consumos venenosos e «provocantes», aos produtos químicos na alimentação, à industrialização do quotidiano, ao fascismo quotidiano ou fascismo ordinário, eis alguns temas que não constituíam, com certeza, prioridades na época, onde a resistência ao fascismo político, ao colonialismo, à guerra colonial e à censura necessariamente tinham que assumir a 1ª linha das preocupações.
A própria defesa do consumidor, comparada com estas urgências, podia considerar-se um tema de luxo. Como de luxo ainda foi durante muitos anos depois do 25 de Abril.
Além do jornal «República», entre 1967 e 1970, outros jornais teriam dado democrático acolhimento aos tais assuntos pouco «populares». Foram esses jornais, decisivos nos anos 1971, 72, 73 e 74, os seguintes:
- «Diário do Alentejo», onde a perspicácia e competência profissional do jornalista José António Moedas dava direito de asilo aos temas «difíceis», em secções de variados nomes: «Relances», «Meio Ambiente», «Ninharias do Quotidiano», «Margem esquerda», «Alegrias do Consumo», etc.
- «Notícias da Amadora», semanário dirigido por Orlando Gonçalves, o escritor de espírito igualmente sagaz e aberto ao futuro: no «Notícias da Amadora», inúmeros artigos, publicados entre 1970 e 1974, davam relevo a temas que o movimento ecológico viria a glosar activamente ou que, com o tempo, foram decaindo no esquecimento e no silêncio.
Contraponto deste trabalho de arqueologia seria, portanto, aquele em que se falasse dos temas e problemas - às dezenas - que, levantados pelo movimento ecológico, foram totalmente abandonados e constituem hoje matéria de uma arqueologia ...virtual.
A cidade na perspectiva do peão, utente, munícipe, contribuinte, consumidor e cidadão eleitor - foi uma das linhas desenvolvidas em inúmeros artigos desse semanário.
- «Diário de Coimbra», a partir de 1972, seria local de acolhimento às teses pré-ecológicas de quem lá quisesse escrever. Ao escritor e poeta José Matos Cruz se fica a dever esse acolhimento.
Como a ele se fica a dever também a possibilidade de editar, logo após o 25 de Abril, um livro quase todo escrito nos anos de 1972 e 1973: «Contributo à Revolução Ecológica», assinado pelo jornalista Afonso Cautela.
- A partir de 1970, «O Século» e o semanário «O Século Ilustrado» foram local de eleição para assuntos ecológicos e alternativos, antes e depois do 25 de Abril, em secções como «Etapas para o Ano 2000» e «Notícias do Futuro»
- Mais insólito, entre 1970-1974, foram os artigos de Afonso Cautela (numerosos) que saíram num jornal diário de Moçambique, «Notícias da Beira», iniciativa que se deve inteiramente à escritora Maria Rosa Colaço, residente então na capital moçambicana.
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OS ANOS CRUCIAIS DO ECOLOGISMO, ANTES E DEPOIS DO 25 DE ABRIL - DA ARQUEOLOGIA REAL À ARQUEOLOGIA VIRTUAL
Lisboa, 29/7/1997 - Quis o acaso que no jornal «República», a partir de 1967, tivessem aparecido os primeiros artigos com ideias que claramente apontavam para uma leitura ecológica dos factos, do mundo e da vida.
O acaso, e a capacidade democrática dos que dirigiam esse jornal para aceitar temas e artigos que não eram, certamente, os que estariam em foco na época e a que se poderia facilmente colar o rótulo de «reaccionários».
Ainda nem sequer se falava de qualidade de vida, quanto mais de ecologia, ambiente ou política do quotidiano.
Protecção das espécies, direitos do peão, crítica à actividade cinegética, aos consumos venenosos e «provocantes», aos produtos químicos na alimentação, à industrialização do quotidiano, ao fascismo quotidiano ou fascismo ordinário, eis alguns temas que não constituíam, com certeza, prioridades na época, onde a resistência ao fascismo político, ao colonialismo, à guerra colonial e à censura necessariamente tinham que assumir a 1ª linha das preocupações.
A própria defesa do consumidor, comparada com estas urgências, podia considerar-se um tema de luxo. Como de luxo ainda foi durante muitos anos depois do 25 de Abril.
Além do jornal «República», entre 1967 e 1970, outros jornais teriam dado democrático acolhimento aos tais assuntos pouco «populares». Foram esses jornais, decisivos nos anos 1971, 72, 73 e 74, os seguintes:
- «Diário do Alentejo», onde a perspicácia e competência profissional do jornalista José António Moedas dava direito de asilo aos temas «difíceis», em secções de variados nomes: «Relances», «Meio Ambiente», «Ninharias do Quotidiano», «Margem esquerda», «Alegrias do Consumo», etc.
- «Notícias da Amadora», semanário dirigido por Orlando Gonçalves, o escritor de espírito igualmente sagaz e aberto ao futuro: no «Notícias da Amadora», inúmeros artigos, publicados entre 1970 e 1974, davam relevo a temas que o movimento ecológico viria a glosar activamente ou que, com o tempo, foram decaindo no esquecimento e no silêncio.
Contraponto deste trabalho de arqueologia seria, portanto, aquele em que se falasse dos temas e problemas - às dezenas - que, levantados pelo movimento ecológico, foram totalmente abandonados e constituem hoje matéria de uma arqueologia ...virtual.
A cidade na perspectiva do peão, utente, munícipe, contribuinte, consumidor e cidadão eleitor - foi uma das linhas desenvolvidas em inúmeros artigos desse semanário.
- «Diário de Coimbra», a partir de 1972, seria local de acolhimento às teses pré-ecológicas de quem lá quisesse escrever. Ao escritor e poeta José Matos Cruz se fica a dever esse acolhimento.
Como a ele se fica a dever também a possibilidade de editar, logo após o 25 de Abril, um livro quase todo escrito nos anos de 1972 e 1973: «Contributo à Revolução Ecológica», assinado pelo jornalista Afonso Cautela.
- A partir de 1970, «O Século» e o semanário «O Século Ilustrado» foram local de eleição para assuntos ecológicos e alternativos, antes e depois do 25 de Abril, em secções como «Etapas para o Ano 2000» e «Notícias do Futuro»
- Mais insólito, entre 1970-1974, foram os artigos de Afonso Cautela (numerosos) que saíram num jornal diário de Moçambique, «Notícias da Beira», iniciativa que se deve inteiramente à escritora Maria Rosa Colaço, residente então na capital moçambicana.
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