REFORMISMO 1972
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1972: IDEIAS-CHAVE DE ECOLOGIA HUMANA
Lisboa, 29/7/1997 - Ideias-chave no movimento ecológico, formado depois do 25 de Abril, eram expostas em alguns textos de 1972, que só viriam a aparecer publicados no livro «Contributo à Revolução Ecológica», editado em 1975.
«O Ciclo do Caranguejo», (segundo o título de um livro do sociólogo brasileiro Josué de Castro), seria, como realidade social, como símbolo e como metáfora, um dos leit motiv que levaram ao movimento ecológico mais fundamentalista (ao realismo ecológico).
Mas, curiosamente, foi um dos muitos temas que se diluiu, com o decorrer dos anos, como se nunca tivesse havido «ciclo do caranguejo» e como se o «ciclo do caranguejo» não fosse o símbolo da realidade mais hedionda e ao mesmo tempo mais anti-ecológica do nosso tempo: a Fome dos Países da Fome.
Essa metáfora que não era metáfora encorajava a que o significado alargado de certas outras palavras fosse também explorado: «arma», «doença», «fascismo», «campo de concentração» eram alguns dos exemplos que os textos de 1972 abordavam.
Mas esta tese da metáfora orgânica em sociologia (e política), tão ligada à génese ecologista, nunca vingou, nem sequer como tese e nem sequer entre pensadores de carreira. Relacionar nunca foi o forte do nosso sistema educativo e cultural: fazer associações de ideias desta latitude, era um esforço impensável mesmo para intelectuais preparados.
A derrota do novo paradigma de pensamento começava aí, na derrota de todos os itens sucessivamente indicados, no âmbito do movimento ecológico, como fundamentais:
- pensar o simultâneo como queria Levy Strauss
- pensar por associação de ideias (a metáfora orgânica em Sociologia)
- pensar todos os interfaces da ecologia global (termodinâmica alargada)
- pensar dialecticamente (como fizeram desde há 10 mil anos os taoístas)
- pensar o efeito em função da causa ( a linha por excelência do raciocínio científico )
- humanizar as ciências (ditas) humanas
- etc.
Nesses apontamentos de 1972, a ideia-chave era, de facto, a do «reformismo» por contraponto à revolução.
Antes do 25 de Abril era, apesar de tudo, menos escandaloso falar de revolução ecológica, biológica ou cultural do que de revolução tout court.
Exactamente o inverso do que iria suceder depois do 25 de Abril: em que era mais perigoso falar de revolução ecológica, biológica e cultural do que de revolução tout court.
Na palavra «reformismo» escondia-se, afinal, a crítica à sintomatologia em geral e à sintomatologia médica em especial.
Ou seja, o que espantava o autor destes ensaios, premonitórios do movimento ecológico e posteriormente coligidos no livro «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1975, era que se deixassem crescer as doenças (em sentido lato), os sintomas (em sentido lato), os efeitos (em sentido lato) sem se ter feito nada para evitar ou debelar as causas.
Vários títulos editados, mais tarde, na «Frente Ecológica», glosam esse tema da sintomatologia reformista face ao diagnóstico causal, desde logo sinónimo de ecológico.
A questão de alargar para o plural certos conceitos como «doença», «arma», «fascismo», «concentracionário» partindo, portanto, da sintomatologia médica (mais observável) deveria estender-se à sociologia e à política: uma política causal era uma política ecológica e portanto...revolucionária.
Em vez de deixar proliferar o bairro da lata, a pobreza, o crime, o suicídio, o desemprego, o cancro, a tortura, o terrorismo, a poluição, o lixo, a cólera, o que uma política ecológica global deveria fazer era evitar tudo isso, pois tudo isso era produto de causas ambientais (em sentido lato).
Melhorar a cidade, a fome, os impostos, os exames, as transplantações cirúrgicas, os hospitais, as prisões, a guerra biológica, o automóvel e outros males era, para essa tese radical, tempo perdido.
Não se melhora o Mal, deve é fazer-se tudo para que ele não nasça.
A táctica de anti-poluição, por exemplo, dava o protótipo da sintomatologia e do reformismo, já que é apenas um aproveitamento lucrativo por novas empresas daquilo que outras empresas tinham produzido e iam continuar a produzir.
Anos mais tarde, nomeadamente na década de 80, era este - reformismo/sintomatologia - o leit-motiv mais glosado, sob o rótulo «ecologia humana», na «Crónica do Planeta Terra», doze anos de publicação regular, aos sábados, n' «A Capital».
Ecologia humana era, por exemplo, tentar saber as causas ambientais (em sentido larguíssimo da palavra Ambiente) que tinham levado Vítor Jorge a cometer 7 homicídios de uma só vez.
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1972: IDEIAS-CHAVE DE ECOLOGIA HUMANA
Lisboa, 29/7/1997 - Ideias-chave no movimento ecológico, formado depois do 25 de Abril, eram expostas em alguns textos de 1972, que só viriam a aparecer publicados no livro «Contributo à Revolução Ecológica», editado em 1975.
«O Ciclo do Caranguejo», (segundo o título de um livro do sociólogo brasileiro Josué de Castro), seria, como realidade social, como símbolo e como metáfora, um dos leit motiv que levaram ao movimento ecológico mais fundamentalista (ao realismo ecológico).
Mas, curiosamente, foi um dos muitos temas que se diluiu, com o decorrer dos anos, como se nunca tivesse havido «ciclo do caranguejo» e como se o «ciclo do caranguejo» não fosse o símbolo da realidade mais hedionda e ao mesmo tempo mais anti-ecológica do nosso tempo: a Fome dos Países da Fome.
Essa metáfora que não era metáfora encorajava a que o significado alargado de certas outras palavras fosse também explorado: «arma», «doença», «fascismo», «campo de concentração» eram alguns dos exemplos que os textos de 1972 abordavam.
Mas esta tese da metáfora orgânica em sociologia (e política), tão ligada à génese ecologista, nunca vingou, nem sequer como tese e nem sequer entre pensadores de carreira. Relacionar nunca foi o forte do nosso sistema educativo e cultural: fazer associações de ideias desta latitude, era um esforço impensável mesmo para intelectuais preparados.
A derrota do novo paradigma de pensamento começava aí, na derrota de todos os itens sucessivamente indicados, no âmbito do movimento ecológico, como fundamentais:
- pensar o simultâneo como queria Levy Strauss
- pensar por associação de ideias (a metáfora orgânica em Sociologia)
- pensar todos os interfaces da ecologia global (termodinâmica alargada)
- pensar dialecticamente (como fizeram desde há 10 mil anos os taoístas)
- pensar o efeito em função da causa ( a linha por excelência do raciocínio científico )
- humanizar as ciências (ditas) humanas
- etc.
Nesses apontamentos de 1972, a ideia-chave era, de facto, a do «reformismo» por contraponto à revolução.
Antes do 25 de Abril era, apesar de tudo, menos escandaloso falar de revolução ecológica, biológica ou cultural do que de revolução tout court.
Exactamente o inverso do que iria suceder depois do 25 de Abril: em que era mais perigoso falar de revolução ecológica, biológica e cultural do que de revolução tout court.
Na palavra «reformismo» escondia-se, afinal, a crítica à sintomatologia em geral e à sintomatologia médica em especial.
Ou seja, o que espantava o autor destes ensaios, premonitórios do movimento ecológico e posteriormente coligidos no livro «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1975, era que se deixassem crescer as doenças (em sentido lato), os sintomas (em sentido lato), os efeitos (em sentido lato) sem se ter feito nada para evitar ou debelar as causas.
Vários títulos editados, mais tarde, na «Frente Ecológica», glosam esse tema da sintomatologia reformista face ao diagnóstico causal, desde logo sinónimo de ecológico.
A questão de alargar para o plural certos conceitos como «doença», «arma», «fascismo», «concentracionário» partindo, portanto, da sintomatologia médica (mais observável) deveria estender-se à sociologia e à política: uma política causal era uma política ecológica e portanto...revolucionária.
Em vez de deixar proliferar o bairro da lata, a pobreza, o crime, o suicídio, o desemprego, o cancro, a tortura, o terrorismo, a poluição, o lixo, a cólera, o que uma política ecológica global deveria fazer era evitar tudo isso, pois tudo isso era produto de causas ambientais (em sentido lato).
Melhorar a cidade, a fome, os impostos, os exames, as transplantações cirúrgicas, os hospitais, as prisões, a guerra biológica, o automóvel e outros males era, para essa tese radical, tempo perdido.
Não se melhora o Mal, deve é fazer-se tudo para que ele não nasça.
A táctica de anti-poluição, por exemplo, dava o protótipo da sintomatologia e do reformismo, já que é apenas um aproveitamento lucrativo por novas empresas daquilo que outras empresas tinham produzido e iam continuar a produzir.
Anos mais tarde, nomeadamente na década de 80, era este - reformismo/sintomatologia - o leit-motiv mais glosado, sob o rótulo «ecologia humana», na «Crónica do Planeta Terra», doze anos de publicação regular, aos sábados, n' «A Capital».
Ecologia humana era, por exemplo, tentar saber as causas ambientais (em sentido larguíssimo da palavra Ambiente) que tinham levado Vítor Jorge a cometer 7 homicídios de uma só vez.
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