AMBIENTE 1992
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7-7-1992
# O D. das S.
# M. do G.
[ECOS AC 1985 PUBLICADOS (?)]-S/ POLÍTICOS INOCENTES E AS CAMPANHAS DOS «LOBBIES»-
[REPESCAGENS EM 1990]
TUDO ESTAVA ESCRITO POR JEAN MARIE DOMENACH
Será possível que não se veja o elo de ligação e o «continuum» que existe nas campanhas de imprensa contra Macário Correia, contra Leonor Beleza e, mais recuadamente, a que foi também levada a efeito contra Francisco Sousa Tavares, quando era ministro da Qualidade de Vida?
Lembro, a propósito, um texto de 1985, em que essa campanha estava no auge, simultaneamente com a agitação da opinião pública por outro bode expiatório e propiciatório, a célebre personagem «D. Branca», «self made woman» que se fez à imagem e semelhança do sistema, tal e qual como ele e de acordo com a moral que ele arvora mas, repentinamente, vítima dos porta-vozes e ideólogos desse sistema, seus truques e traques.
Era assim, mais ou menos, o texto que deve ter ficado, obviamente, inédito:
«Aí estão os profissionais da instabilidade, os fautores e autores da crise - à direita, à esquerda, ao centro - ladrando contra as consequências da crise.
Aí estão julgando, condenando, abatendo os bodes expiatórios necessários para que os mesmos fautores da crise continuem fomentando a crise a gritando que são os outros.
Aí está, portanto, uma velha senhora que emprestava a juros altos e até o fazia com objectivos altruístas, aí está um ministro finalmente do incómodo ambiente, enredado nas malhas que diligentes agentes dos «lobbies» lhe montam, quiçá os próprios amigos do partido, quiçá outros agentes mais diligentes e secretos.
Só que...amigos, amigos, poluições à parte. E quando se trata de fazer alianças com a destruição, o biocídio, o crime organizado contra a Natureza e o Ambiente, as cumplicidades são outras, as redes transcendem em muito o esquema de solidariedade partidária ou mesmo familiar. Nem o pai se respeita, quando se trata de «lobbies» e de abrir caminho à sua arbitrária intromissão no meio ambiente.
Ao lado destas campanhas contra as figuras ministeriais incómodas, é preciso arranjar outros culpados, ainda que menores, e atirá-los à opinião pública, para que os verdadeiros culpados da crise, da corrupção, da porcaria continuem na doce paz do senhor, repousando e roncando, roubando e poluindo, destruindo e matando. Discretamente, diz-se.
Depois de amarrá-los ao pelourinho é só regá-los de gasolina e, à boa maneira dos sempre lusos inquisidores, reduzir a cisco os bodes expiatórios, queimá-los sob os uivos ululantes da multidão, graças a deus e à democracia. «Agarra que é ladrão»- gritam os verdadeiros ladrões e o povinho cai no prato do logro que lhe armam, gritando também «é ladrão».
À esquerda, à direita, ao centro, a metodologia é a mesma. E os profissionais da instabilidade também. Como há muito ficou demonstrado numa obra clássica, « A Propaganda Política», escrita por Jean Marie Domenach, um dos homens mais inteligentes deste século.
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7-7-1992
# O D. das S.
# M. do G.
[ECOS AC 1985 PUBLICADOS (?)]-S/ POLÍTICOS INOCENTES E AS CAMPANHAS DOS «LOBBIES»-
[REPESCAGENS EM 1990]
TUDO ESTAVA ESCRITO POR JEAN MARIE DOMENACH
Será possível que não se veja o elo de ligação e o «continuum» que existe nas campanhas de imprensa contra Macário Correia, contra Leonor Beleza e, mais recuadamente, a que foi também levada a efeito contra Francisco Sousa Tavares, quando era ministro da Qualidade de Vida?
Lembro, a propósito, um texto de 1985, em que essa campanha estava no auge, simultaneamente com a agitação da opinião pública por outro bode expiatório e propiciatório, a célebre personagem «D. Branca», «self made woman» que se fez à imagem e semelhança do sistema, tal e qual como ele e de acordo com a moral que ele arvora mas, repentinamente, vítima dos porta-vozes e ideólogos desse sistema, seus truques e traques.
Era assim, mais ou menos, o texto que deve ter ficado, obviamente, inédito:
«Aí estão os profissionais da instabilidade, os fautores e autores da crise - à direita, à esquerda, ao centro - ladrando contra as consequências da crise.
Aí estão julgando, condenando, abatendo os bodes expiatórios necessários para que os mesmos fautores da crise continuem fomentando a crise a gritando que são os outros.
Aí está, portanto, uma velha senhora que emprestava a juros altos e até o fazia com objectivos altruístas, aí está um ministro finalmente do incómodo ambiente, enredado nas malhas que diligentes agentes dos «lobbies» lhe montam, quiçá os próprios amigos do partido, quiçá outros agentes mais diligentes e secretos.
Só que...amigos, amigos, poluições à parte. E quando se trata de fazer alianças com a destruição, o biocídio, o crime organizado contra a Natureza e o Ambiente, as cumplicidades são outras, as redes transcendem em muito o esquema de solidariedade partidária ou mesmo familiar. Nem o pai se respeita, quando se trata de «lobbies» e de abrir caminho à sua arbitrária intromissão no meio ambiente.
Ao lado destas campanhas contra as figuras ministeriais incómodas, é preciso arranjar outros culpados, ainda que menores, e atirá-los à opinião pública, para que os verdadeiros culpados da crise, da corrupção, da porcaria continuem na doce paz do senhor, repousando e roncando, roubando e poluindo, destruindo e matando. Discretamente, diz-se.
Depois de amarrá-los ao pelourinho é só regá-los de gasolina e, à boa maneira dos sempre lusos inquisidores, reduzir a cisco os bodes expiatórios, queimá-los sob os uivos ululantes da multidão, graças a deus e à democracia. «Agarra que é ladrão»- gritam os verdadeiros ladrões e o povinho cai no prato do logro que lhe armam, gritando também «é ladrão».
À esquerda, à direita, ao centro, a metodologia é a mesma. E os profissionais da instabilidade também. Como há muito ficou demonstrado numa obra clássica, « A Propaganda Política», escrita por Jean Marie Domenach, um dos homens mais inteligentes deste século.
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