ANIMAIS 1990
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O MISTÉRIO DOS ANIMAIS
5/Julho/1990 - O menosprezo com que se encaram os animais é o ponto que, até agora, constitui para mim o osso mais duro de roer na doutrina budista( que fala do amor em «benefício de todos os seres sensíveis») e um dos aspectos que me impedem de aderir total e incondicionalmente à doutrina, condição para aderir total e incondicionalmente à prática.
Afinal, o budismo também hierarquiza. A pretexto de graus e degraus evolutivos ( até à perfeição, até à Perfeição...), tem de considerar pelo caminho o chão juncado de cadáveres, lixos, imperfeições, « espinhas tortas».
Não concordo: por isso o Taoísmo, aí, vem mais uma vez em meu auxílio, dando-me a razão que o budismo me não dá. Para mim, a doutrina budista, nomeadamente através do ramo Nyingma, é a mais poderosa ( a mais potente como diz o mestre Filipe), mas o Taoísmo parece-me a mais verdadeira: e talvez que a opção tenha de ser entre a Força e a Verdade...
Sendo assim e porque continuo fascinado pela Verdade, ainda que seja um mito, concluo que neste momento sou mais taoísta do que budista. Talvez também porque o Taoísmo se desentranha em frutos terrestres (consequências práticas) de maior benefício para os seres sensíveis em geral e os seres humanos em particular.
Desde a Acupunctura à Macrobiótica, desde o Shiatsu às artes marciais, desde a arte do paradoxo à lógica dialéctica, o Taoísmo é um prodigioso universo sem fissuras... e sem hierarquias, sem «melhores» e «piores», sem esta obsessão que têm todas as religiões de separar o mundo em «bons» e «maus», em «virtuosos» e «pecadores», em possessos do demónio e protegidos de Deus! Racismos, não, obrigado.
O Taoísmo respeita a Espiral cósmica, em que todo o ponto avançado é «devedor» de todos os «atrasados» que o «antecedem» (e antecederão mesmo?). No Taoísmo, todos os pontos da Espiral têm iguais hipóteses e direitos perante Deus.
Não posso pensar nos animais em termos depreciativos. Aquela lenda do cão que se jura vingar da construção do «stupa» pela tal benemérita - do qual «stupa» nasceu todo o edifício do budismo Nyingma - parece-me, no mínimo, de muito mau gosto. E percebo agora porque tu, um dia, te mostraste bastante desagradado quando eu falei, com enlevo, do amor que há nos olhos de alguns animais como os cavalos.
[O mistério dos animais está entre os que um dia gostaria de «investigar» nas minhas ficções, porque é um dos que verdadeiramente me fascinam.]
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O MISTÉRIO DOS ANIMAIS
5/Julho/1990 - O menosprezo com que se encaram os animais é o ponto que, até agora, constitui para mim o osso mais duro de roer na doutrina budista( que fala do amor em «benefício de todos os seres sensíveis») e um dos aspectos que me impedem de aderir total e incondicionalmente à doutrina, condição para aderir total e incondicionalmente à prática.
Afinal, o budismo também hierarquiza. A pretexto de graus e degraus evolutivos ( até à perfeição, até à Perfeição...), tem de considerar pelo caminho o chão juncado de cadáveres, lixos, imperfeições, « espinhas tortas».
Não concordo: por isso o Taoísmo, aí, vem mais uma vez em meu auxílio, dando-me a razão que o budismo me não dá. Para mim, a doutrina budista, nomeadamente através do ramo Nyingma, é a mais poderosa ( a mais potente como diz o mestre Filipe), mas o Taoísmo parece-me a mais verdadeira: e talvez que a opção tenha de ser entre a Força e a Verdade...
Sendo assim e porque continuo fascinado pela Verdade, ainda que seja um mito, concluo que neste momento sou mais taoísta do que budista. Talvez também porque o Taoísmo se desentranha em frutos terrestres (consequências práticas) de maior benefício para os seres sensíveis em geral e os seres humanos em particular.
Desde a Acupunctura à Macrobiótica, desde o Shiatsu às artes marciais, desde a arte do paradoxo à lógica dialéctica, o Taoísmo é um prodigioso universo sem fissuras... e sem hierarquias, sem «melhores» e «piores», sem esta obsessão que têm todas as religiões de separar o mundo em «bons» e «maus», em «virtuosos» e «pecadores», em possessos do demónio e protegidos de Deus! Racismos, não, obrigado.
O Taoísmo respeita a Espiral cósmica, em que todo o ponto avançado é «devedor» de todos os «atrasados» que o «antecedem» (e antecederão mesmo?). No Taoísmo, todos os pontos da Espiral têm iguais hipóteses e direitos perante Deus.
Não posso pensar nos animais em termos depreciativos. Aquela lenda do cão que se jura vingar da construção do «stupa» pela tal benemérita - do qual «stupa» nasceu todo o edifício do budismo Nyingma - parece-me, no mínimo, de muito mau gosto. E percebo agora porque tu, um dia, te mostraste bastante desagradado quando eu falei, com enlevo, do amor que há nos olhos de alguns animais como os cavalos.
[O mistério dos animais está entre os que um dia gostaria de «investigar» nas minhas ficções, porque é um dos que verdadeiramente me fascinam.]
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