APOCALIPSES 1984
1-2 - 84-07-04-ie> ideia ecológica - 5632 bytes - mdea-1> = manifesto de ecologia alimentar - reteclagem de ecos e comentários inéditos e/ou publicados ac revista «beija-flor» nº_____ Editorial Separata
OS AUTORES DO APOCALIPSE ALIMENTAR
4-7-1984
A eventualidade da fome crónica - típica do 3º Mundo - poder vir a estender-se a outros países que até agora se consideravam imunes a ela, é anunciada como um dos cavaleiros do apocalipse ecológico que não tarda a chegar.
São muitos os factores que concorrem, de facto, para a fome generalizada no Globo.
Os desequilíbrios climáticos, provocados pela intervenção humana no meio ambiente, caminham no sentido de estender o flagelo da fome a zonas cada vez mais vastas. A lição do que aconteceu no Sahel (Norte de África), ainda não foi apreendida em profundidade pelos responsáveis, de forma a evitar que se repita. Há quem atribua a razia no Sahel à barrragem do Assuão, que os alquevistas lá do sítio teimaram em erguer na terra sagrada dos Faraós.
Além das desordens climáticas, que dificultam, atrasam ou inutilizam a produção agrícola mundial - em défice permanente - o rumo seguido pela agroquímica na chamada «luta contra as pragas» vai no sentido inverso da ordem lógica e ecológica das coisas.
A exponencial logarítmica da produção agrícola forçada, através de adubos químicos e pesticidas, em doses cada vez mais elevadas, aponta para um momento de rotura total, irreversível e de não-regresso.
É este modelo de crescimento económico ( dito de desenvolvimento mas que cria o sub-desenvolvimento), é esta lógica (ilógica e absurda) que conduz ao desespero, ao pessimismo, à psicose do Apocalipse.
Uma economia absurda baseada no desperdício e a industrialização alimentar qe também desperdiça em vez de conservar (ao contrário do que geralmente se proclama) , aumentam a entropia dos recursos alimentares que tendem, de facto, a decrescer e não a desenvolver-se.
O absurdo da alimentação carnívora, consumindo recursos vegetais que, se fossem aplicados directamente no consumo alimentar, dariam mantimentos a mais gente durante mais tempo, leva também a uma atitude desesperada e pessimista.
Ser carnívoro ou vegetariano não é, fundamentalmente, uma opção religiosa ou de estilo de vida: é uma opção ética, social e política, de solidariedade humana e planetária. Quem deve ter remorsos dos milhões de crianças mortas à fome, são os carnívoros e não os vegetarianos.
Os remorsos são agora acrescidos com o etnocídio perpetrado no mundo das designadas «vacas loucas», deprimente fenómeno que vem acentuar o clima terminal de apocalipse para onde a sociedade de consumo nos tem atirado.
O modelo alimentar de entropia e desperdício em uso nos costumes do mundo ocidental (capitalista e anti-capitalista), não aponta, com efeito, para uma meta de esperança mas para uma atitude desesperada e pessimista.
Não deixa de ser curioso que os arautos do poder e do discurso mediático do poder tenham, em diversas ocasiões, acusado de pessimismo e derrotismo os alertas do realismo ecologista e as críticas ao sistema-de-tecnoterror que ameaça a integridade do Planeta Terra como habitat humano.
«Alarmistas» era o menos que se dizia dos críticos ao macrosistema instalado. «Utópicos» era o máximo.
Mas - vê-se agora com toda a nitidez - quem contribui para um clima de «fim de festa», são os que sempre viveram na «grande farra» e, sem crítica nem autocrítica, se recusam a adoptar um novo paradigma nas relações do ser humano com o Ambiente próximo, com a Terra, com a Noosfera e com o Cosmos.
Arautos da esperança são os que, pelas tecnologias apropriadas, pela alternativas ecológicas, pelos projectos de pequena e média dimensão, apontam caminhos e rumos para sair do atoleiro: não os que insistem em chafurdar nele, com pretextos e desculpas de índole economicista. A construção da barragem de Alqueva - o maior atentado jamais cometido contra um país - vai deixar muita gente com remorsos daqui a uns anos. Depois, não venham dizer que não os avisámos. A megalomania nunca deu grandes resultados, como se pode comprovar pela extinção de uns animais, a quem chamam dinossáurios, antepassados dos maníacos de Alqueva.
A proposta ecologista e holística, para a cidade, para o país e para o Mundo, não é uma proposta megalómana, é uma proposta realista e de esperança, a resposta das saídas alternativas e do «small is beautiful», abrindo um caminho de vida (de vida alternativa) aos erros, absurdos e crimes do macro-sistema, na sua marcha irresponsável e cega para o abismo. - B.F.
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OS AUTORES DO APOCALIPSE ALIMENTAR
4-7-1984
A eventualidade da fome crónica - típica do 3º Mundo - poder vir a estender-se a outros países que até agora se consideravam imunes a ela, é anunciada como um dos cavaleiros do apocalipse ecológico que não tarda a chegar.
São muitos os factores que concorrem, de facto, para a fome generalizada no Globo.
Os desequilíbrios climáticos, provocados pela intervenção humana no meio ambiente, caminham no sentido de estender o flagelo da fome a zonas cada vez mais vastas. A lição do que aconteceu no Sahel (Norte de África), ainda não foi apreendida em profundidade pelos responsáveis, de forma a evitar que se repita. Há quem atribua a razia no Sahel à barrragem do Assuão, que os alquevistas lá do sítio teimaram em erguer na terra sagrada dos Faraós.
Além das desordens climáticas, que dificultam, atrasam ou inutilizam a produção agrícola mundial - em défice permanente - o rumo seguido pela agroquímica na chamada «luta contra as pragas» vai no sentido inverso da ordem lógica e ecológica das coisas.
A exponencial logarítmica da produção agrícola forçada, através de adubos químicos e pesticidas, em doses cada vez mais elevadas, aponta para um momento de rotura total, irreversível e de não-regresso.
É este modelo de crescimento económico ( dito de desenvolvimento mas que cria o sub-desenvolvimento), é esta lógica (ilógica e absurda) que conduz ao desespero, ao pessimismo, à psicose do Apocalipse.
Uma economia absurda baseada no desperdício e a industrialização alimentar qe também desperdiça em vez de conservar (ao contrário do que geralmente se proclama) , aumentam a entropia dos recursos alimentares que tendem, de facto, a decrescer e não a desenvolver-se.
O absurdo da alimentação carnívora, consumindo recursos vegetais que, se fossem aplicados directamente no consumo alimentar, dariam mantimentos a mais gente durante mais tempo, leva também a uma atitude desesperada e pessimista.
Ser carnívoro ou vegetariano não é, fundamentalmente, uma opção religiosa ou de estilo de vida: é uma opção ética, social e política, de solidariedade humana e planetária. Quem deve ter remorsos dos milhões de crianças mortas à fome, são os carnívoros e não os vegetarianos.
Os remorsos são agora acrescidos com o etnocídio perpetrado no mundo das designadas «vacas loucas», deprimente fenómeno que vem acentuar o clima terminal de apocalipse para onde a sociedade de consumo nos tem atirado.
O modelo alimentar de entropia e desperdício em uso nos costumes do mundo ocidental (capitalista e anti-capitalista), não aponta, com efeito, para uma meta de esperança mas para uma atitude desesperada e pessimista.
Não deixa de ser curioso que os arautos do poder e do discurso mediático do poder tenham, em diversas ocasiões, acusado de pessimismo e derrotismo os alertas do realismo ecologista e as críticas ao sistema-de-tecnoterror que ameaça a integridade do Planeta Terra como habitat humano.
«Alarmistas» era o menos que se dizia dos críticos ao macrosistema instalado. «Utópicos» era o máximo.
Mas - vê-se agora com toda a nitidez - quem contribui para um clima de «fim de festa», são os que sempre viveram na «grande farra» e, sem crítica nem autocrítica, se recusam a adoptar um novo paradigma nas relações do ser humano com o Ambiente próximo, com a Terra, com a Noosfera e com o Cosmos.
Arautos da esperança são os que, pelas tecnologias apropriadas, pela alternativas ecológicas, pelos projectos de pequena e média dimensão, apontam caminhos e rumos para sair do atoleiro: não os que insistem em chafurdar nele, com pretextos e desculpas de índole economicista. A construção da barragem de Alqueva - o maior atentado jamais cometido contra um país - vai deixar muita gente com remorsos daqui a uns anos. Depois, não venham dizer que não os avisámos. A megalomania nunca deu grandes resultados, como se pode comprovar pela extinção de uns animais, a quem chamam dinossáurios, antepassados dos maníacos de Alqueva.
A proposta ecologista e holística, para a cidade, para o país e para o Mundo, não é uma proposta megalómana, é uma proposta realista e de esperança, a resposta das saídas alternativas e do «small is beautiful», abrindo um caminho de vida (de vida alternativa) aos erros, absurdos e crimes do macro-sistema, na sua marcha irresponsável e cega para o abismo. - B.F.
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