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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-02-23

NOTÍCIAS DA FRENTE 1991

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HISTÓRIA AC DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ECOALTERNATIVOS 
CONTRIBUTO LATERAL [LITERAL] A UM MOVIMENTO ECOALTERNATIVO

24-2-1991

ECO-PERESTROIKA

É agora claro, às 10.30 do dia 18 de Novembro de 1990, uma magnífica primavera de S. Martinho, de que os textos sobre recursos, mesmo longos, inéditos ou já publicados, constituem todo o «background» em que poderei trabalhar o grande livro de fundo sobre a aventura de ideias que foi o ecorealismo e o movimento ecologista em Portugal.
O mais que eu posso fazer é apresentar o «meu contributo à definição ideológico dos movimentos sociais ecoalternativos», com os quais, desde já se diga, nada têm a ver os «Verdes» que depois iriam aparecer como sucursais estratégicas de partidos pré-existentes.
Os principais ensaios [ de grande porte e número de páginas] (que também por essa razão terão ficado inéditos ou praticamente inéditos em pequenas tiragens multicopiadas) ficam a partir de hoje arrumados cronologicamente, entre 1970 e 1990.
São vinte anos que eu nem dei que fossem tantos.
Afinal, é uma monomania minha demasiado velha e devo livrar-me dela, quanto antes. É uma boa desculpa para tentar publicar o livro. Vinte anos é uma boa idade para a pôr esse espólio de letras e papel a mexer, a voar.
Esta arrumação dos ensaios sobre «recursos vivos e naturais» ajuda também a demarcar a outra grande área unificada que é a Ecologia Humana e que apesar de tudo me interessa pessoalmente muito mais: mas essa - pergunto - deverá ser matéria de outro ou do mesmo livro?

1973: UM CONCENTRADO DE INTUIÇÕES DECISIVAS

Com os textos - inéditos e publicados - ordenados agora [ a partir de 18/11/1990] por ordem cronológica, posso fazer constatações extremamente interessantes: em 1973, por exemplo, já se encontram, numa espécie de concentrado ou compacto, todas as teses que viriam a ser explicitadas no grupo coordenador e na «Frente Ecológica», teses que procuravam definir um «enquadramento ideológico e político para a ecologia».
Trata-se, no meu livro, não tanto de fazer a história do movimento ecológico em Portugal, história demasiado folclórica para o meu gosto para me tentar, mas de apresentar, através de documentos , inéditos e publicados, o que foi a tentativa, a experiência e se quiserem a aventura de encontrar uma definição ideológica para o espaço ecologista. Isto no meio de um contexto partidário, onde dominava o estalinismo do Partido Comunista, sempre alerta para encobrir o que sobre o gulag nuclear soviético, por exemplo, tivesse que ser dito ou a crítica que houvesse de ser feita ao desenvolvimentismo industrial como tara paranoica.

SECA E FOME

Nesse conjunto de «ensaios longos» e/ou «grandes inéditos» - rótulos sob os quais durante muito tempo os arrumei - avultam os temas da fome e daquilo a que chamei «guerra climática», temas de fundo para qualquer ecologismo de recursos. Essa é, aliás, uma das pedras de toque para avaliar que pífaro nos cantam os alegados ecologistas: é que não há estratégia, filosofia, política ou ideologia com o prefixo«eco» que possa existir sem partir desta realidade crua e brutal: é dos recursos alimentares, passando pelos recursos climáticos e seu bombardeamento pelos blocos imperialistas - que obviamente manipulam os climas -, que se terá de partir para compreender alguma coisa da política internacional na perspectiva ecológica.
Dos muitos textos que escrevi sobre os sofismas da fome e os recursos alimentares do Planeta, destacam-se alguns temas dominantes que me obceca(va)m:
- Fome pré-fabricada e pré-planeada pelas multinacionais do agrobusiness
- Ciência diz amen e pouco mais faz
- Cientistas promovem a fome dizendo que a combatem(o célebre episódio do prémio nobel da leguminosa seca)
- Os insaciáveis cientistas ao serviço da sofística multinacional
Um dos interfaces curiosos para este tema - que numerei como tema nº 1 - , é as ligações do problema alimentar mundial com as teses da ecologia alimentar, perfeitamente coincidentes:num e noutro caso, é de bionergia que se trata e de poupar bionergia. Sempre o tema recorrente da energia está no centro da questão ecológica: quem (não) quer ver?

TEMAS SAZONAIS RECORRENTES E DIAS MUNDIAIS

Lancei neste dossiê para a história dos movimentos ecoalternativos o subdossier que organizara com textos à volta dos dias mundiais e outros temas sazonais. Vim depois a saber como os professores gostam de ter à mão material didáctico em função desses dias mundiais, que lhes dão bom pretexto de passar mais uma aula... Menos expressivos, para este efeito escolar, são, obviamente, os anos internacionais.
Exemplo de alguns dias mundiais sobre os quais mandei vir:
24/Janeiro - Dia Mundial da Lepra
15/Março - Dia Mundial do Consumidor
7/Abril - Dia Mundial da Saúde
5/Junho - Dia Mundial do Ambiente
4/Julho - Dia Mundial do Salvamento
16/Outubro - Dia Mundial da Alimentação
10/Dezembro - Dia Mundial dos Direitos Humanos
Dia Mundial da Floresta

Interditos e autocensurados

É provável que um provável livro sobra a «história de (algumas) ideias para o movimento ecologista» venha a ganhar com ensaios que ficaram inéditos, não só por serem longos, mas principalmente porque seriam impublicáveis e automaticamente autocensurados no clima totalitário que se viveu durante década e meia após o 25 de Abril de 1974.
Um ensaio intitulado «As cedências da Esquerda democrática à Esquerda totalitária», com a data de 2/10/1982, é bem o exemplo disso, tendo permanecido no congelador com os rótulos de «autocensurado», «não publicável» e «confidencial». Acho que poderá dar um pouco de sal e pimenta ao livro onde for incluído. Mas outros ensaios estiveram de quarentena, com o rótulo de «inéditos interditos» e «só publicáveis em livro (diário) ou mesmo só em romance de «politic fiction».
Desses «inéditos AC interditos à publicação», destaco o que se intitula «A Máquina Totalitária» e que se subordina ao seguinte sumário:
-O cancro totalitário
- Provocações do PCP
- O antisoarismo primário
- A capitulação da esquerda democrática
Na folha de frontespício desse pequeno dossiê, escrevi:
«este dossiê ficará, enquanto eu viva, eternamente inédito. Bem basta que tivesse tido a leviandade de publicar, em 1978, «O Fascismo Nuclear na URSS», que bastantes chatices e amargos de boca me deu.
«Só há uma maneira de vi a publicar estes textos completamente interditos e autocensurados: transformando-os em ficção científica em que as entidades reais tomem nomes de personagens fictícias.
«Poderei também transformar estas memórias em «contos do Avôzinho» à lareira para os queridos netos da geração do Apocalipse.
«Tudo menos publicar, como fez o Vergílio Ferreira no diário «Conta-Corrente», expondo-se a todas as represálias previsíveis.»

DATAS DE UMA ESCALADA

A propósito de escalada totalitária, anotei algumas datas particularmente significativas dessa escalada, como por exemplo:
1976
1/4/1976 - 13/5/1976 - Acordo americano-soviético s/ testes nucleares
1981
20/2/1981 - Movimento Não às Armas Nucleares - 1º Encontro exploratório
12/3/1981 - MNAN - Plenário
27/4/1981 - Seminário Setúbal - «Ecologia e Ambiente»
11/5/1981 - Colóquio no Barreiro, escola secundária Alfredo da Silva - «Tecnologia e Qualidade de Vida»
--/8/1981 - Revista «Poder Local» -s/ tema «Ecologia»
--/9/1981 - II Quinzena da Cultura e Paz (CPPC)
28/11/1981 - Marcha da Paz
12/12/1981 - Europa sem mísseis dos Urais ao Atlântico
28/12/1981 - Associação Portugal-URSS apoia Marcha da Paz 1982
1982
8/1/1982 - Copenhague - Conselho Mundial da Paz - 120 delegados
14/1/1982- «Amigos da terra» processam «Movimento Não às Armas Nucleares» por causa do emblema do «solar não obrigado»
16/1/1982 - Marcha da Paz
8/10/1982 - Grupo de intervenção ecológica de Lagos contra «Os Verdes»
1982 - Colóquio Faculdade de Ciências - «Biologia e Poluição» - Carlos Almaça, Fernando Catarino, António Manuel Baptista

TEMA SAZONAL DOS INCÊNDIOS

Tema sazonal mais autocensurado é, com certeza, o dos incêndios: curiosamente, o único que escapa à máquina totalitária estalinista e que, portanto, mesmo com a Perestroika, continua a ser mais tabu do que nunca: será mesmo o tal que só poderá ser dito em «politic-fiction»?
Há um dossiê relativamente vasto, que intitulei «Com a Mão na Biomassa», abrangendo todo o «imbróglio celulósico-florestal», neologismo que evita ter que lhe chamar um nome mais forte.
Seria esse texto o meu contributo a um manifesto da biomassa, mas não estou a ver em Portugal nenhum grupo, partido, movimento, com eles bem negros para arrostar a temática «celulósico-florestal» em jeito de manifesto. «Novela de ficção e vai com sorte...».
Durante anos esse dossiê foi «arquivado» com o rótulo de «impublicável», anotando-se que tinha «referências a acontecimentos mas desdatados. E acrescentava a nota escrita à mão no frontespício: « Suficientemente «sereno», porém, para dar um bom contributo ao «Livro Branco da Candidatura ecologista». Em verdade, trata-se de um texto indispensável para conseguir «ler os incêndios de Verão à verdadeira luz em que devem ser lidos»

DESABAFOS SOLTOS

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Na URSS como nos países capitalistas, continua ou não por resolver o problema dos residuos de plutónio das centrais nucleares?

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Porque não dedicar o livro «Eco-Perestroika» a Rudolf Bahro, símbolo da resistência ecologista a todos os totalitarismos de esquerda e, necessariamente, de direita?
Rudolf Bharo, nove anos nas masmorras hitlerianas e outros tantos nas da República Democrática Alemã, escreve um livro particularmente contraditório e contundente, que me foi particularmente recomendado por Ivan Illich, quando o entrevistei em Lisboa: «Por um Comunismo Democrático, A Alternativa; Contributo à Crítica do Socialismo realmente existente.»
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