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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-02-17

DEEP ECOLOGY 1974

74-02-02-ie> = ideia ecológica - quarta-feira, 4 de Dezembro de 2002-scan

A IMAGINAÇÃO É UMA ARMA(*)

2/Fevereiro/1974 - Gurus que "dão o conhecimento" e mestres indianos que ensinam, para exportação, as técnicas de meditação transcendental, estão na moda. Ao mesmo tempo que, no Ocidente, os chacais do petróleo desencadearam a grande ofensiva para estrangular de vez os povos e, se possível, oprimi-los ainda mais, o refúgio na vida interior, a escolha de uma via mística apresenta-se como alternativa individual para as situações intoleráveis, para os becos sem saída cada vez mais apertados para onde o sistema atira as pessoas até que apodreçam.
Em que medida, porém, a vida interior, a meditação, o ioga e o zen, podem ser técnicas ao serviço do homem para o livrar de servidões, inquisições, opressões, explorações e ditaduras que sobre ele se tem abatido como praga através dos séculos?
À primeira vista o esoterismo significa uma fuga à realidade e, portanto, do ponto de vista social e político, uma covardia, se não mesmo uma traição. Mas o que esta nota procura demonstrar é que apenas um certo misticismo é mistificante e alienante da sórdida realidade. Apenas uma certa embriaguês romântico-celestial é um adormecimento da consciência, em vez de estados dela cada vez mais despertos e lúcidos e conscientes.
O conceito que no Ocidente se espalhou de vida interior, por culpa dos místicos cristãos, é de fuga, alienação e obscurantismo, mas a "terceira visão" dos orientais, o ioga e o satori são formas vigilantes e hiperdespertas de estar atento à realidade, de manter a unidade perante um mundo desintegrado e em processo acelerado de apodrecimento, porque formas de estar em harmonia com as leis do Universo.
Não é nos místicos cristãos que a mística oriental encontra os seus similares do Ocidente, mas em movimentos que, como o surrealismo, a alquimia, a psicanálise e a arte fantástica têm por finalidade o desenvolvimento da imaginação e da capacidade inventiva dos indivíduos.

NECESSIDADE MESTRA DE ENGENHO"

Parafraseando aquele mote da sabedoria popular que diz a "necessidade mestra de engenho", compreendemos então o papel de sobrevivência, profundamente realista, que a imaginação e as técnicas de vida interior podem ter em tempos difíceis de praga ou penúria, de epidemia ou catástrofe, de medo ou angústia, como são os de hoje e como têm vindo a ser mais ou menos os desta civilização de morte, comandada por chacais ensandecidos, embriagados, intoxicados, dormentes de poder ou de uísque ou de morfina.

A imaginação é uma arma.
A imaginação é uma força.
A imaginação é o que fica ao homem quando o espoliam de tudo.
A imaginação conquistará o poder.
Por isso imaginar formas, alternativas de sobrevivência, é tarefa urgente. A mais urgente.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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