PROSPECTIVA 1992
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À PROCURA DE UM MÉTODO QUE PERMITA PENSAR A COMPLEXIDADE CRESCENTE DO MUNDO (PENSAR A SIMULTANEIDADE)
[textos como este revelam talvez uma certa megalomania da minha parte mas também expressam uma realidade: eu abarquei uma ambição excessiva e que nunca poderia realizar; porque tenho poucos ou nenhuns talentos mas porque, ainda que os tivesse, era démarche para uma equipa, um movimento, uma época e não uma démarche individual; isto não quer dizer que as minhas intuições e teses não estivessem certas, eu é que não tinha arcaboiço para as sustentar e fazer vingar]
[ 20/2/1992 ] - Lisboa, 29/12/1968 - No nosso tempo de realizações e de esperanças, quando a via de libertação dos oprimidos ficou revelada e comprovada, pode, no entanto, o entusiasmo [ ? ] mesmo dessas partes de um êxito e de uma revolução fazer esquecer a totalidade indispensável, necessária, também urgente da revolução.
Prospectiva procura o método que sirva para a complexidade dos tempos modernos, que são já os futuros. O método que, valorizando e reconhecendo Che Guevara, Mao, Fidel, os revolucionários da acção e da prática, da guerrilha e do movimento de massas, valorize e reconheça e integre os revolucionários da vida interior, do indivíduo [ isto era mais holística do que prospectiva mas a palavra holística ainda não tinha surgido] , do enriquecimento afectivo (isto é, humano).
Não negar tudo o que o nosso tempo pode ter conquistado para a Revolução, mas conseguir uma velocidade e uma simultaneidade de pensamento que, fazendo-nos atentos a um lado (a revolução tricontinental, por exemplo) nos não faça esquecer e ridicularizar, ignorar ou hostilizar o outro ( a revolução naturopática da medicina, por exemplo). Prospectiva procura o método de novos métodos e se a dialéctica nunca chegou a ser praticada como método de pensamento [só há pouco ouvi as palavra dialéctica na boca de Álvaro Cunhal, 20/2/1992], a Prospectiva procura efectivá-la.
É necessário, é urgente, é indispensável. Num fenómeno de ordem humana intervêm factores diversos que é preciso coordenar na sua recíproca, múltipla, complexa simultaneidade - quando ainda as nossas ferramentas de trabalho intelectual apenas nos permitem pensar a parte e não as partes «em sustentação recíproca» [ António Sérgio].
Por isso, ao mesmo tempo que reconhecemos a revolução de Che, ignoramos a revolução de Pauwels [ ? ], Louis Armand ou Jean Fourastié, a crítica da tecnologia [ pesada] , a crítica das mitologias que se apresentam, mistificatoriamente, em nome do progresso, a crítica das ideias do Futuro que só servem interesses reaccionários do Presente. [Herman Khan ?]
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À PROCURA DE UM MÉTODO QUE PERMITA PENSAR A COMPLEXIDADE CRESCENTE DO MUNDO (PENSAR A SIMULTANEIDADE)
[textos como este revelam talvez uma certa megalomania da minha parte mas também expressam uma realidade: eu abarquei uma ambição excessiva e que nunca poderia realizar; porque tenho poucos ou nenhuns talentos mas porque, ainda que os tivesse, era démarche para uma equipa, um movimento, uma época e não uma démarche individual; isto não quer dizer que as minhas intuições e teses não estivessem certas, eu é que não tinha arcaboiço para as sustentar e fazer vingar]
[ 20/2/1992 ] - Lisboa, 29/12/1968 - No nosso tempo de realizações e de esperanças, quando a via de libertação dos oprimidos ficou revelada e comprovada, pode, no entanto, o entusiasmo [ ? ] mesmo dessas partes de um êxito e de uma revolução fazer esquecer a totalidade indispensável, necessária, também urgente da revolução.
Prospectiva procura o método que sirva para a complexidade dos tempos modernos, que são já os futuros. O método que, valorizando e reconhecendo Che Guevara, Mao, Fidel, os revolucionários da acção e da prática, da guerrilha e do movimento de massas, valorize e reconheça e integre os revolucionários da vida interior, do indivíduo [ isto era mais holística do que prospectiva mas a palavra holística ainda não tinha surgido] , do enriquecimento afectivo (isto é, humano).
Não negar tudo o que o nosso tempo pode ter conquistado para a Revolução, mas conseguir uma velocidade e uma simultaneidade de pensamento que, fazendo-nos atentos a um lado (a revolução tricontinental, por exemplo) nos não faça esquecer e ridicularizar, ignorar ou hostilizar o outro ( a revolução naturopática da medicina, por exemplo). Prospectiva procura o método de novos métodos e se a dialéctica nunca chegou a ser praticada como método de pensamento [só há pouco ouvi as palavra dialéctica na boca de Álvaro Cunhal, 20/2/1992], a Prospectiva procura efectivá-la.
É necessário, é urgente, é indispensável. Num fenómeno de ordem humana intervêm factores diversos que é preciso coordenar na sua recíproca, múltipla, complexa simultaneidade - quando ainda as nossas ferramentas de trabalho intelectual apenas nos permitem pensar a parte e não as partes «em sustentação recíproca» [ António Sérgio].
Por isso, ao mesmo tempo que reconhecemos a revolução de Che, ignoramos a revolução de Pauwels [ ? ], Louis Armand ou Jean Fourastié, a crítica da tecnologia [ pesada] , a crítica das mitologias que se apresentam, mistificatoriamente, em nome do progresso, a crítica das ideias do Futuro que só servem interesses reaccionários do Presente. [Herman Khan ?]
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