ORDER BOOK

*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-04-14

TEMPLÁRIOS 1991

1-2 - 91-04-16-ls> = leituras selectas do ac - rainer>

INVESTIGADOR DOCUMENTA COM SLIDES TESE DE TRADIÇÃO ESOTÉRICA - HISTÓRIA DE PORTUGAL OBEDECE A UM PLANO DA ORDEM TEMPLÁRIA

16-4-1991

A história de Portugal não é obra do acaso mas obedece a um plano templário desde a fundação da nacionalidade: esta a tese que o investigador Raner Daehnhardt, alemão há muito tempo naturalizado português, defendeu ontem em Lisboa, no anfiteatro 2 da Fundação Gulbenkian, em conferência promovida pela Nova Acrópole e que durou mais de duas horas, sendo projectados cerca de 350 «slides».
Rainer, que em Portugal se tornou mais conhecido do grande público, por ser o proprietário da maior colecção de armas antigas do mundo, poderá vir a ser também o detentor da mais completa colecção de «slides» que ilustram, e até certo ponto demonstram, a tese hoje cara a muita gente: aquela que atribui raízes esotéricas à história de Portugal. Para Rainer, essa tradição é uma evidência e -- segundo afirmou -- baldados foram os esforços de uma instituição como a Igreja Católica para fazer desaparecer vestígios comprovativos da grande tradição herdada do cristianismo copta, via Ordem dos Templários.
Um dos exemplos mais notórios dessa ocultação, está no esforço desenvolvido pelos católicos de contrariar a ideia da reencarnação, advogada pelo cristianismo primitivo, transmitido através dos templários, que eram «cavaleiros iniciados». Como acentuou o orador, «nas igrejas do princípio do segundo milénio, já se tinha extinto a divulgação da existência tri-partida: o corpo, a alma e o espírito passaram a ser dois só. O corpo era controlado pela hierarquia estatal e a alma pela eclesiástica, desde o nascimento até à morte.»
Não contente com esta crítica à hierarquia dominante, que abafou o fio esotérico da tradição templária, o conferencista adiantou: «Na Idade Média pregava-se o medo da morte e do purgatório. Consciencializaram-se as massas de que tinham que se portar conforme a conveniência das hierarquias estatais e eclesiásticas.» Daí que, conforme sublinhou, « qualquer divulgação da hipótese de reencarnação era interdita, porque diminuía o medo da morte.»

Missão de iniciados

Por toda a parte o arqueólogo e investigador encontra vestígios e documentos que comprovam a presença do culto cristão copta que, em muitos casos, se combina com o simbolismo herdado dos cultos celtas e, também, ao culto egípcio de Ísis. Por toda a parte, a rosa e a cruz são os símbolos perenes e permanentes, falando do nascimento e da morte. Sobre a biblioteca de Alexandria, destruída por um incêndio, recaem algumas das pesquisas realizadas por este investigador, que põe a hipótese de terem vindo de lá muitos dos portulanos e mapas que chegariam até aos cavaleiros de quinhentos, aqueles que enmpreenderam a aventura dos descobrimentos marítimos: de Alexandria e também de Jerusalém -- um dos centros científicos mais importamntes do Médio Oriente -- teriam vindo, para as mãos dos portugueses, incluindo o Infante D. Henrique, todos os documentos necessários à gesta das navegações no mar alto.
Comprovada está também, segundo o orador, a transferência de bens e de homens que D. Dinis efectuou da Ordem dos Templários, extinta por ordem do Papa, para a Ordem de Cristo, que teria também recebido os valores de ordem espiritual que aquela albergava. Claramente ele proclama: « A orientação da Ordem de Cristo, que supervisava toda a expansão marítima, imprimiu uma vontade férrea à actuação portuguesa liderada por cavaleiros iniciados, vivos exemplos de uma interpretação da fé bem diferente e da missão que lhes estava destinada.»
É assim que -- esclareceu ainda o historiador -- «temos de considerar grande parte dos navegadores portugueses como meio-cientistas e meio-comerciantes.»

A figura do Infante

Sobre a controversa figura do Infante D. Henrique, quando pedia que lhe trouxessem «notícias do Preste João», as explicações de Rainer Dachnhardt são mais do que verosímeis, são verdadeiramente convincentes, quando lembra que as palavras «Preste João» são a chave para a demanda do lendário reino cristão em África: «A figura lendária do Preste João. personificada num soberano poderoso e cristão, reinando entre terras de infiéis e com quem as monarquias ocidentais ambicionavam aliar-se, para combater a invasão islâmica durante a Idade Média, baseava-se numa realidade histórica bem concreta.» Para o conferencista, o Reino do Preste João é a Abissínia, onde permaneciam ainda fortes as raízes do cristianismo copta e que, portanto, interessavam fundamentalmente aos cavaleiros de Cristo, dispostos a cumprir a missão de Portugal que lhes fora legada pela anterior ordem templária.
Em uma das várias alusões que fez aos Açores, pátria privilegiada dos cultos transmitidos pelos templários, para os quais «a morte era de feito mais bela que a vida comprada com a cobardia», Rainer declarou: « É precisamente este o sentido da divisa hoje utilizada pelos açorianos, que a inscreveram no seu brasão, citando a célebre frase de Ciprião de Figueiredo que se negou a entregar os Açores ao poder espanhol, preferindo morrer a favor de D. António Prior do Crato, o último monarca da ímpar dinastia de Aviz: «Mais vale morrer livres do que em paz sujeitos».
E a pergunta surge com alguma poertinência: «Será simples coincidência de convicção ou serão mesmo os Açores um dos últimos refúgios da mente templária?«.
Foi assim, de desafio em desafio, que o investigador escudou uma das suas mais polémicas conclusões: «Portugal é um país templário e, como tal, cumpriu a primeira das suas razões de existência que foi permitir a fácil passagem das armadas cristãs em direcção ao Mediterrâneo.»
Citando Fernando Pessoa, que várias vezes apareceu no seu discurso, disse que «falta ainda cumprir Poretugal». É seguro que a laboriosa conferência de Rainer Dachnhardt foi mais um contributo importante para que essa missão esotérica de Portugal se cumpra. Pelo menos é no que acreditam quantos ontem enchiam quase por completo o anfiteatro 2 da Gulbenkian, depois de uma mudança de última hora, do anfiteatro 3, impossível de conter o público atento, interessado e curioso que ali acorreu.
***