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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-04-01

TANATOLOGIA 1994

1-3 - 94-04-03-iv = interlocutor válido - 7146 caracteres fs-cartas-adn - CARTAS A FS

LÉXICOS HÁ MUITOS, CHAPÉUS AINDA HÁ MAIS - PRIORIDADE ABSOLUTA À TANATOLOGIA

Lisboa, 3/Abril/1994

O que me parece, meu caro FS, é que tu continuas a desperdiçar o teu melhor e mais precioso tesouro: o direito que ganhaste à tua parte nobre, por via de um caminho de sofrimento. Acho que não estás a gerir esse capital que te foi doado (oferendado) da melhor maneira, mas é óbvio também que não tenho nada a ver com isso, pois cada um sabe de si e Deus sabe de todos.

Sobre a morte e como ensinar os vivos (ou moribundos) a morrer, eis o meu programa de vida, actualmente, do qual só as patifarias do consumo e as necessidades de atender às exigências da sobrevivência me distraem.
Só que, quanto a projectos, eu encontro-me numa fase em que toda a cautela é pouca: não se pode projectar nada enquanto não se integrar. E estando em Nigredo puro (desestruturação completa e violenta do suporte) não posso aspirar já a qualquer reestruturação projectiva, a qualquer forma assumida.
Estou, creio, na fase de «mescla» em que a decantação está longe ainda de fazer-se. Não quero converter ninguém a nada. Quanto muito, converter cada um a si próprio.
Já Nietszche preconizava «ser o que se é», repetindo o Sócrates do «conhece-te a ti mesmo» o Sócrates que, por sinal, escreveu pouco - ou nada, o que faz suspeitar de que era analfabeto. Graças aos deuses (gregos), era analfabeto, pelo que nos falou a linguagem universal, herdada do egípcio Hermes Trimegisto, via Pitágoras. Penso, neste momento, que devo partir de uma assumido analfabetismo, sem saber quando vou aprender e se vou aprender a nova «linguagem vibratória de base molecular».
Admiro é Ivan Illich que conseguiu dominar aí umas oito línguas, inclusive o rebarbativo português.

Perante isto - perante esta nova Torre de Babel - máximas universais como «ser o que se é», «o Verbo é Deus», «ama-te a ti mesmo» são meras banalidades de base, ditas através dos tempos e das culturas e que só aguardam o momento de ser integradas no dia a dia da custosa, penosa, vaidosa tragédia humana. Ecologia, por exemplo, se é que serviu para alguma coisa, veio ajudar a relativizar as coisas terrenas: e se a Ecologia nos diz que não há saída horizontal (porque não há mesmo, o tremedal é mesmo tremedal), é de acelerar então a saída vertical.
Deparamos com uma multidão de escolas, seitas, tradições, mas a gnose vibratória tem talvez a vantagem de apurar todas as técnicas (sem holismo nem ecletismo) e unificá-las em uma só. vou apagar memórias e apagar apegos, se der importância ao tal «Know-how»?

Academia de artes primordiais? Só vejo, nas artes primordiais, esta que é indicada pela retoma do Egipto faraónico, dos seus deuses, da sua sabedoria, da sua gnose. Com as ciências dele advindas: Teurgia, Numerologia, Astrologia, Magia, etc. Os orientais são porreiros, especialmente os que inventaram essa magnífica vassoura que é o Zen (aspirador dos detritos da alma), mas agora estou mais virado para o Oriente próximo. Até que a morte tenha a complacência de me levar.
Foi mesmo o acaso - que não existe - que nos fez encontrar aquele sábado, em que me emprestaste a revista «Caduceus» mas principalmente o artigo sobre Tanatologia e Música. Tanatologia, meu caro Sacramento, é quanto a mim a arte (primordial) de todas as artes: pelo que lhe estou dando neste momento prioridade absoluta. Dentro daquilo que a vida deixa, só a Morte me interessa.
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