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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-04-01

IDEOLOGIA 1981

81-04-03-dm> = diário do militante frustrado – inédito ac de 1981 – texto e tese de 5 estrelas – os dossiês do silêncio

PORQUE ANDO NISTO, PORQUE ESTOU AQUI

3/Abril/1981 - Não sou professor, nem técnico, nem especialista, nem prático de nada.
Sou apenas uma pessoa humana que vê, dia a dia, cada vez mais comprometida a possibilidade de o ser humano ser.
De o ser humano ser criador, livre, pessoa. De o ser vivo, viver.
Na perspectiva dos Recursos em vias de extinção, a minha démarche tem sido o diagnóstico (análise) ecológico, por me parecer o instrumento de análise mais adequado à complexidade da situação criada pela guerra dos imperialismos em choque.
Antes de poder sugerir qualquer terapêutica, terei de confessar a minha perplexidade quanto ao rigor do diagnóstico.
E porquê?
Porque fundamentalmente são os mecanismos de análise, diagnóstico, compreensão da situação que começam e acabam por estar viciados ou monopolizados. Eu diria contagiados pela Doença.
Daí que me tenha já aventurado a afirmar: " Tudo começa e acaba na ideologia."
As chamadas instituições do saber, do ensino, da informação, da ciência, do conhecimento, transmitem e retransmitem, produzem e reproduzem apenas o que ao Sistema interessa para se manter e reproduzir.
Daí que o trabalho de pensar a realidade seja, antes de mais nada, um trabalho de repensar os próprios instrumentos ideológicos, os próprios métodos de pensamento que utilizamos. Daí que o trabalho de repor a verdade e combater a mentira seja por um lado ciclópico e por outro lado suicida.
Os verdadeiros, graves, importantes e decisivos problemas da vida individual e da vida colectiva são tabus.
Estamos dentro de um sistema totalitário cuja cúpula é o sistema informativo.
Qualquer démarche que se diga ecologista tem de começar por pôr em causa a veracidade desse sistema. Tem de começar por quebrar o sistema informativo que nos condiciona.
Resta saber se os ecologistas já realizaram ou pensam sequer em realizar essa démarche. Ou se, apesar das aparências, não estão funcionando inteiramente dentro do Sistema que nos aprisiona a todos.
Sistema que, no auge do cinismo e da perfeição, é capaz de produzir e provocar os seus próprios contestatários.
A pergunta que faço, enquanto ecologista, é esta: até que ponto sou e posso ser radical na crítica, na análise crítica que faço do Sistema Industrial (imperialista e totalitário ), até que ponto não estou ainda a ser manipulado pelo Sistema mesmo quando faço críticas ao carácter monopolista desse Sistema.
Não sei, portanto, se sou ou não Ecologista, sei apenas que ando nisto e estou aqui enquanto:
- Pequeno produtor de uma indústria - as ideias - que, mal montada e falida à's partida, não teria obviamente futuro, ainda por cima num País de idiotas;
- Cidadão que assiste, com certo nervosismo, à devastação deste País e do povo deste País em nome do Progresso, do Desenvolvimento, do Crescimento Industrial, enfim, de todo o tecno-fascismo que à Direita e à Esquerda nos assola;
- Cidadão do Mundo que vê, dia a dia, comprometida a capacidade natural deste Planeta para resistir à desenfreada pilhagem dos vários imperialismos industriais que, a Leste e a Oeste, à Esquerda e à Direita, sobre ele e nele chafurdam como varrascos no atoleiro.
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