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2006-09-13

MACROBIÓTICA 1992

cdqc -1> tese pedagogia da saúde - autoterapia

13-9-1992

CARTA A UM DOENTE QUE SE QUER CURAR PELA MACROBIÓTICA

Você que, por motivos de saúde, decidiu procurar a macrobiótica, deve levar em consideração algumas verdades fundamentais para que a mudança de hábitos alimentares possa, de facto, conduzi-lo à cura da sua doença e à resolução dos seus problemas.
De vez em quando, deverá reflectir nestes pontos que deixamos à sua consciência para que sobre eles reflicta. Ou vá reflectindo. Em uma filosofia prática como a dialéctica yin-yang, o gerúndio é sempre preferível aos outros modos verbais. Dura no tempo.

Curar pelas energias é abrir o diafragma da compreensão e do discernimento (Oshawa).
Reflectir sobre os próprios problemas, na perspectiva macrobiótica, é realizar um acto de autognose que, por si só, representa meio caminho andado para a cura.
Comendo o que a macrobiótica indica, começará a «ouvir», a saber ouvir melhor o que o organismo tem para lhe dizer, as queixas do que se queixa e as reacções (curativas) que ele irá realizando. É da sabedoria taoísta que os órgãos falam.
Resulta daqui , deste postulado - escutar-se a si mesmo - que a sua atitude em relação à doença deverá mudar radicalmente: não é só e já ao médico ou ao terapeuta que deverá ir pedir conselho e receita, mas a si próprio.
Ao assumir a responsabilidade de ser quem é, através da macrobiótica , terá que ser o primeiro grande responsável pela sua própria saúde, pela sua própria doença, sem (des) culpar delas o destino ou outro fantasma do nosso ancestral fatalismo.
Terá que perceber, aguçando a autocrítica, os alibis que você próprio irá procurar para fugir à responsabilidade de ser você mesmo o responsável de você mesmo.
Esta responsabilidade irá crescendo à medida que a sua liberdade ou libertação pela macrobiótica for também crescendo. Em Noologia, liberdade e responsabilidade são proporcionais.
A macrobiótica é uma forma de se iniciar no caminho da sua iniciação, da sua autolibertação, da sua crescente independência e autosuficiência.

Nada se faz que não se pague e para receber é preciso dar.
Aplicando à prática yin yang este princípio da lei universal, conclui-se que, para receber benefícios, melhorar a sua saúde e fazer recuar a doença, você terá que dar alguma coisa. Mas dar a si mesmo, sabendo que está a dar à ordem cósmica. E da ordem cósmica receberá então, em troca, o que lhe deu, normalmente com juros.
Costuma dizer-se que pela alquimia alimentar do yin yang se tenta pôr a nossa contabilidade cósmica, o deve e o haver energéticos, em dia.
Ao dizermos dar, queremos que entenda: não se trata tanto de bens materiais (embora o egoísmo e a avareza sejam também doenças piores do que o cancro) mas de uma entrega moral e espiritual (energética) ao sistema yin-yang, ao princípio único que rege a ordem do universo, a divina ordem do universo.
A gratidão pelos resultados que for obtendo com a macrobiótica é uma forma de dádiva, de oferenda aos deuses (energias). A pequena ou grande ajuda a outros doentes que precisam de ajuda é outra forma de dádiva que o melhorará a si.

Todos temos o dever de ser professores de saúde.
Quando alguém lhe disser que não está doente, que nunca foi doente, que não se sente doente, saiba você que encontrou talvez uma das pessoas mais doentes: porque todos nós o somos e não sabê-lo, ou não querer sabê-lo, é a doença mais incurável. Cegueira de consciência lhe chamam alguns.

Quando um terapeuta resolve dizer a alguém que a consulta é grátis, significa que lhe está a pedir muito mais do que dinheiro: está a pedir a sua colaboração no trabalho de ajudar os outros. É a grande cadeia cármica de causa e efeito.
Como já reparou, estamos sempre a falar desse princípio da lei universal, conhecido por carma, para lhe dizer que tudo se liga a tudo, que nada se perde e tudo se transforma (Lavoisier) , que tudo o que fizermos pelos outros o faremos por nós próprios (postulado da interdependência) e que a grande , a maior doença é o egoísmo, nas suas formas de ingratidão e arrogância .
Dirá você que, nesse caso, o panorama dos actuais macrobióticos é de doença generalizada. Tem com certeza razão. É verdade. Receberam muito e não deram nada ou deram muito pouco. Mas isso não põe em causa o sistema yin-yang, nem a filosofia macrobiótica. Na medida em que receberam sem dar, em que se serviram sem servir ninguém, em que perverteram e inverteram a ordem cármica, a macrobiótica está contribuindo, em numeroso grupo de pessoas, para a subversão infernal das suas almas, ao mesmo tempo que lhes enche os bolsos de dinheiro. Dupla perversão que os cristãos conhecem por «pecado mortal». Não há meio termo entre mundos supernos e mundos infernos: quando não se sobe para um está a descer-se para o outro.
Resistir à vertigem desta atracção para os infernos é, neste momento, uma das grandes obrigações do «iniciado» em Noologia, quer dizer, aquele que soube a tempo compreender a macrobiótica como um meio de atingir um fim - a melhoria da ordem cósmica - e não como um fim.

A partir de agora e de acordo com as primeiras indicações alimentares que receber, a sua cura dependerá de si, é um acto voluntário e participado, é uma nova aventura espiritual (energética) que começa, uma aposta em que aposta, uma chance de evoluir que aceita e aproveita.
Terá para isso, além de comer certo, à luz do yin-yang, que pensar, ler, dialogar, compreender, sentir e pressentir o seu próprio corpo até onde ele confina com a sua alma. Terá que ser o sismógrafo sensível de si mesmo e de tudo o que se passa em si, com os outros e à sua volta.
É o fim de um autismo energético secular. Deverá ser o fim.

Procurar um terapeuta macrobiótico é apenas um dos caminhos que se colocam a uma pessoa que adoece, mas nem sempre é o caminho mais seguro.
Porque não poderá delegar unica e exclusivamente num terapeuta - nem que seja o maior crak do mundo - o problema da sua saúde e o destino da sua vida que intima e energeticamente com ele se relaciona.
Nenhum terapeuta, mesmo o mais competente e famoso, poderá por si resolver um problema que depende de mil e um factores entrelaçados ao longo do tempo e todos os dias.
A sua liberdade ou auto-libertação cresce à medida que você dispensar a autoridade de outras dependências, seja ela a do médico, seja ela a da medicina.
É o sistema yin yang que cura e não os que praticam ou ensinam o sistema. O trabalho de cada um é, portanto, aproximar-se do yin-yang, através da energia alimentar, servindo-se para isso de quem o ajuda e orienta.
É o trabalho alquímico da iniciação.
O seu trabalho enquanto doente é aprender, com quem lhe ensina, a trabalhar como ele a dialéctica yin-yang.

O fenómeno saúde/doença excede médico e medicamento. O médico não poderá , em poucos minutos de consulta, resolver um processo de milénios e que se foi complicando, ao longo dos anos de vida, mercê de diversos factores somados e multiplicados, que podemos resumir em um só factor: energias perversas, energias contra a ordem do universo, energias dos mundos infernos por oposição a energias supernas.

A génese ambiental da doença, só notada em princípio pelos pioneiros da Ecologia Humana, é hoje reconhecida pelos organismos internacionais que tutelam a saúde, nomeadamente a Organização Mundial de Saúde.
Mas pouco mais do que isso. Nunca se passa, na cultura ocidental, do conhecimento teórico para uma prática efectiva.
A evidência da causa ambiental para a maioria das doenças coincide com os princípios da mais antiga medicina ecológica, a Acupunctura, ramo da mesma árvore yin-yang que deu origem à moderna macrobiótica de Jorge Oshawa e Michio Kushi.
A causa ambiental da doença leva à necessidade de efectuar um primeiro diagnóstico «ecológico», quer dizer, detectar os factores de ambiente (o que se respira, bebe, come, etc..) que podem ser responsáveis por determinados sintomas.

Trata-se , repetimos, na aprendizagem macrobiótica, de formar estudantes de saúde que serão, por sua vez, professores de saúde.
Fundamental para um professor de saúde, siga ele o curso profissional que seguir, dentro ou fóra das alternativas médicas, é a Ecologia Humana, matéria de várias fronteiras e de vários interfaces energéticos, espécie de placa giratória de todas as ciências noológicas.
Por gratidão com a ordem do Universo, queremos que você seja já um estudante de saúde e dentro em breve um professor de saúde.

Você deve saber que os principais obstáculos à técnica macrobiótica não são limitações dela própria , embora tenha algumas, como todas as técnicas, mas resultam da inércia inerente aos hábitos enraizados de todos nós.
O que inviabiliza, muitas vezes, uma cura macrobiótica são factores:
de ordem pessoal ( querer ou não querer, ter ou não ter fé na ordem energética do universo) ,
de ordem familiar (os conceitos e preconceitos dos que rodeiam o doente)
de ordem social, nomeadamente a contra-informação que diariamente é vomitada pelos órgãos mediáticos de intoxicação colectiva que se encontram, como é óbvio, ao serviço dos interesses económicos das internacionais dos venenos e não ao serviço da sua saúde, da sua vida e da sua liberdade.
Falando de intoxicação, deverá sublinhar-se um dos principais obstáculos à cura macrobiótica: a intoxicação e monodependência dos medicamentos, que exige um trabalho difícil e melindroso de «desmame da droga» como se diz em gíria toxicológica.

A partir do momento que encontrou a macrobiótica, você deixa de ser um doente para passar a ser um estudante de saúde, um aprendiz de saúde, um professor de saúde.
Mais: encontrou a Macrobiótica ou foi a Macrobiótica que o encontrou a si?
Eis uma questão que dará para reflectir ao longo da vida.
A experiência levou alguns a pensar que ela é uma oportunidade que aparece às pessoas quando e conforme estas a mereçam ou não. Quando claramente, sob mil e um pretextos, sob mil e um alibis, alguém claramente a rejeita, é melhor mesmo não insistir, deixar entregue ao seu destino quem tem outro destino marcado.
Se a desculpa, por exemplo, é por não gostar de algas, ou porque o arroz integral leva muito tempo a cozer, ou porque se bebem poucos líquidos e se comem poucas frutas, não vale a pena insistir.
Você terá que distinguir (discernir):
se a macrobiótica surge na sua vida como a sua grande oportunidade de mudar, como aviso de um outro destino e um sinal de outra esperança,
ou se surge como um mero acaso.
Como não há acasos... (postulado da Noologia)
Terá que perceber se ela surgiu porque você se tornou merecedor disso ou se ainda não está preparado moral e espiritualmente (energeticamente) para a receber.
Se concluir que foi a sua oportunidade, deverá ficar, como tal, grato a esse encontro, a essa oportunidade que o destino lhe dá.
Daqui resulta que deve fazer a sua cura macrobiótica como fé, como opção livre e responsável que você toma e assume completamente. Enquanto um novo sistema de cura não for descoberto, pode estar certo de que o yin-yang é, até hoje, o mais próximo da verdade divina. Suficientemente testado pelos milénios para precisar de outras provas.
Não somos nós, os aprendizes, que o afirmamos, mas a prática antes e depois de Oshawa. Experiências anteriores à sua , que agora vai iniciar, o provam. Deve beneficiar delas e também de uma atitude de gratidão. Esta palavra surge nos livros de Oshawa e Michio Kushi como um sintoma curativo. Sem a retribuição moral (energética) do que se recebe, não haverá cura.
Por isso lhe dizemos: terá que ser grato à ordem do universo, compreender as suas leis fundamentais, estudar as suas relações com ele e agir de acordo.
Você é livre de não o fazer, claro. Como é livre de estar a ser doente. Mas nesse caso não poderá queixar-se das doenças que tiver, que serão então ( parcialmente?) obra sua e da sua vontade. Ou inércia.
Ser doente ou estar doente pode ser uma opção. Mas se encontrou a Macrobiótica é porque deseja mudar de um estado dependente para um mais independente, da servidão para a libertação, de um estado mais doente para um menos doente.
É porque deseja iniciar o seu movimento alquímico a nível do corpo, da alma e do espírito.

É a altura de lhe lembrar que nada é definitivo, absolutamente bom ou absolutamente mau (postulado da relatividade), absolutamente yin ou absolutamente yang.
Na medicina yin-yang tentamos tornar as coisas mais compreensíveis falando sempre na flexibilidade, na elasticidade yin-yang, da qual Michio Kushi dá tantas vezes a imagem de uma «bola de borracha» saltitante.
Preferimos que diga connosco: em vez de «estou doente», dizer «estou com menos saúde mas queria ficar com mais saúde». Ou em vez de «não tenho saúde» dizer «queria ficar menos doente e ficar com um pouco mais de saúde».
O tempo, o estudo e a prática macrobiótica lhe ensinarão a importância destas aparentemente insignificantes nuances .

A natureza é que cura (postulado noológico).
Eis uma máxima universal, adoptada pelas novas correntes que se dizem inspiradas no sábio grego Hipócrates mas que também pode ser adoptada pelos que vão procurar informação (energia) à medicina yin-yang. A lei universal - tal como a lei da gravidade... - é igual em toda a parte.
Uma das provas da verdade energética da medicina yin-yang , se dessas provas precisasse, é exactamente a universalidade das leis em que se baseia, que não são teorias como as que enchem a ciência ocidental.
Esta universalidade das leis yin-yang torna pueril o argumento de alguns naturopatas ou alopatas empedernidos, de que se trata, na medicina taoísta, de «costumes extremo-orientais» que não poderão (sic) ser usados na Europa.
O facto de ficar na China o local onde a sabedoria yin-yang foi conservada e preservada desde há mais de 5000 anos, é um acidente geográfico, como aliás é comprovável por fragmentos que dessa sabedoria surgem através da história, emergindo na cultura tradicional de outros povos, entre os quais o português.
(Ver provérbios compilados por Maria João Baltar onde o yin-yang emerge da sabedoria tradicional portuguesa).

Alterar os hábitos alimentares exige um grande esforço, redobradas energias. Até porque nunca se sabe quando esses hábitos já se transformaram em vícios.
Nas nossas etapas de auto-cura há que levar em conta, portanto, essa inércia da vontade e do organismo. Saber que o doente deseja curar-se, pode não chegar. Pode ser que ele o diga, mas na alteração dos hábitos alimentares entram factores de ordem subjectiva - a vontade - mas também de ordem objectiva, involuntária e mesmo inconsciente que o próprio doente não controla.
Pode ser que a inconsciente aversão que todos nós temos à mudança de hábitos seja muito mais forte que o desejo consciente ou voluntário de mudança.
Não é, portanto, exagero dizer que o doente, muitas vezes, tende a fazer e a procurar o que lhe faz mal: esse masoquismo existe, de facto, integra a própria patologia e é um dos maiores obstáculos à cura por meios racionais e (eco)lógicos .
Não é por acaso que a medicina tradicional chinesa fala no estado de «perversão» dos 5 elementos, que consiste exactamente em o próprio organismo pedir (exigir) o que lhe faz mal e prejudica.
Entra-se então num círculo vicioso, situação comum em quase todos os doentes. O ciclo vicioso é tanto mais apertado e difícil de desatar quantos mais medicamentos e alimentos quimicalizados o doente tiver consumido.
Embora só se fale de toxicodependência em relação a estupefacientes e outros produtos que produzem forte viciação, há hoje um dado adquirido e indiscutível: todos os químicos - nos medicamentos, solos (alimentos), água e ar - produzem uma situação que é de ciclo vicioso e perversão (energética) quando não é de clara habituação ou dependência.
Dependência que atacando, fundamentalmente, os centros cerebrais da vontade, da inteligência e da decisão do doente, o tornam mentalmente surdo a qualquer recomendação ou conselho em que a retirada desses hábitos esteja em causa.
O tornam mentalmente surdo a tudo o que está dito nesta carta.
Dificilmente o doente ultrapassará esta etapa, se não consciencializar, apelando às suas melhores energias - corpo, alma e espírito - que está inconscientemente condicionado pela química e que a química é, na escala vibratória, abaixo do corpo: é uma energia infrahumana. A energia dos mundos infernos por oposição aos mundos supernos.
Há, portanto, uma desintoxicação mental (energética) a fazer, talvez mesmo antes da desintoxicação física.
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