CONSUMO 1996
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ABSTENHAM-SE, MENINOS:MAS NÃO SE ABSTENHAM DE CONSUMIR
Lisboa, 5/6/1996 - Quando em 1969 publiquei, na colecção «Cadernos do Século», o primeiro dossier ecológico que apareceu em Portugal, e por isso fui apelidado de fascista perigoso, ninguém, evidentemente, iria acreditar que, em 5 de Junho de 1996, os jornais proliferassem de anúncios , com proliferantes escolas que dão proliferantes cursos de ciências do ambiente, educação ambiental, protecção do ambiente, ordenamento do território, saneamento básico,
isto, claro, no meio de proliferantes matérias que muito contribuem para a proliferante destruição do ambiente,
para desordenar o território
para extinguir as espécies
para cometer constantes atentados ao equilíbrio ecológico
Como, por exemplo, engenharia
barragens e superbarragens
gestão empresarial
marketing
finanças
international business
reengenharia
ciências químicas
engenharia civil
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IDEIA À BORLA PARA O JORNAL «PÚBLICO»
Lisboa, 26/9/1996 - Haja alguém , em cartas ao director, que chame às coisas pelo seu nome. Finalmente vejo , na atenta imprensa que temos, a palavra exacta para definir as famigeradas «praxes académicas». Para lá de ser a adequada caricatura do tradicional «rito de passagem» (e a sua completa profanização e profanação), dizendo tudo do nível em que a universidade moderna se situa relativamente aos rituais das grandes civilizações do sagrado, é pura e simplesmente, como diz o vosso leitor, uma prática fascizante.
É sim senhor e graças a Deus.
De vez em quando , a Imprensa serve paa alguma coisa e lá se vão dizendo umas verdades. Que ficam necessariamente submersas sob os estribilhos bem pensantes que o establishment se empenha em propagar por jornais e telejornais.
No fundo a tal praxe é apenas uma praxe estúpida. O seu aproveitamento para fins inconfessáveis é que é bastante pró esperto, graças a deus.
Sinceramente, acho que o «Público» deveria dedicar a este tema mais espaço do que uma carta ao leitor. E divulgar (listar) aquelas escolas (centenas, hoje, no ensino particular) onde os alunos não são submetidos às sevícias da chamada «praxe»- tenho a certeza de que o dito costume, que se tem desenvolvido e crescido nos últimos anos, iria desaparecendo até à pura e simples extinção.
Façam do «Não à Praxe» slogan de publicidade e verão, as escolas hoje em concorrência desenfreada, como a freguesia lhes sobra!
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ABSTENHAM-SE MENINOS, MENOS DE CONSUMIR
Lisboa, 3/11/1996 - «O Tao que pode dizer-se não é o Tao real. A verdade que se pode dizer, converte-se imediatamente em não verdade».
Tenho visto este sutra de Lao Tse como argumento atirado contra os que, como eu, muito escrevem, muito pensam, muito falam, muito pretendem ensinar do pouco que sabem.
Patrice Kerviel , por exemplo, com quem tenho a maior dívida de gratidão contraída nesta existência, indica o Sócrates como modelo e ela própria, ao contrário do pai, Etienne Guillé, nunca publicou nada do que pensa e diz.
Mas diz, o que já é ir contra o sutra radicalista do Lao.
Pois é. Acho que essa tão proclamada e recomendada virtude do silêncio e da abstenção - decorrente do radicalismo de Lao Tse (radicalismo que ele próprio quebrou no final da vida escrevendo esse conjunto de sutras que se chama «Tao Te King») vai dar belíssimos resultados nos negócios do sistema.
A balbúrdia a que chegámos em matéria de informação fundamental - ciências sagradas ou Noologia - é óptima para o sistema da Ciência Ordinária.
Nada como um bom slogan abstencionista do estilo Lao Tse, ou do estilo socrático silencioso, para os abutres do mediático, do virtual, do consumista e do «sacred show» tripudiarem completamente à vontade sobre os corações, as almas, os cérebros e os espíritos da malta.
Nunca se vomitará suficiente esta sociedade de merda, de consumo de merda e os mestres à penser que a inspiram. Lao Tse ajuda a consumir merda, então exaltemos Lao Tse.
Abstenham-se, meninos, no silêncio crescem melhor as ratazanas. (Ver files CO)
+
Lisboa, 5/8/1996 - Frente a uma bibliografia de 300 títulos, sinto-me sempre um «jovem com dificuldades de aprendizagem», incluído na categoria genérica e patriótica e benfeitora dos «deficientes». (Agosto/1996)
***
ABSTENHAM-SE, MENINOS:MAS NÃO SE ABSTENHAM DE CONSUMIR
Lisboa, 5/6/1996 - Quando em 1969 publiquei, na colecção «Cadernos do Século», o primeiro dossier ecológico que apareceu em Portugal, e por isso fui apelidado de fascista perigoso, ninguém, evidentemente, iria acreditar que, em 5 de Junho de 1996, os jornais proliferassem de anúncios , com proliferantes escolas que dão proliferantes cursos de ciências do ambiente, educação ambiental, protecção do ambiente, ordenamento do território, saneamento básico,
isto, claro, no meio de proliferantes matérias que muito contribuem para a proliferante destruição do ambiente,
para desordenar o território
para extinguir as espécies
para cometer constantes atentados ao equilíbrio ecológico
Como, por exemplo, engenharia
barragens e superbarragens
gestão empresarial
marketing
finanças
international business
reengenharia
ciências químicas
engenharia civil
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IDEIA À BORLA PARA O JORNAL «PÚBLICO»
Lisboa, 26/9/1996 - Haja alguém , em cartas ao director, que chame às coisas pelo seu nome. Finalmente vejo , na atenta imprensa que temos, a palavra exacta para definir as famigeradas «praxes académicas». Para lá de ser a adequada caricatura do tradicional «rito de passagem» (e a sua completa profanização e profanação), dizendo tudo do nível em que a universidade moderna se situa relativamente aos rituais das grandes civilizações do sagrado, é pura e simplesmente, como diz o vosso leitor, uma prática fascizante.
É sim senhor e graças a Deus.
De vez em quando , a Imprensa serve paa alguma coisa e lá se vão dizendo umas verdades. Que ficam necessariamente submersas sob os estribilhos bem pensantes que o establishment se empenha em propagar por jornais e telejornais.
No fundo a tal praxe é apenas uma praxe estúpida. O seu aproveitamento para fins inconfessáveis é que é bastante pró esperto, graças a deus.
Sinceramente, acho que o «Público» deveria dedicar a este tema mais espaço do que uma carta ao leitor. E divulgar (listar) aquelas escolas (centenas, hoje, no ensino particular) onde os alunos não são submetidos às sevícias da chamada «praxe»- tenho a certeza de que o dito costume, que se tem desenvolvido e crescido nos últimos anos, iria desaparecendo até à pura e simples extinção.
Façam do «Não à Praxe» slogan de publicidade e verão, as escolas hoje em concorrência desenfreada, como a freguesia lhes sobra!
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ABSTENHAM-SE MENINOS, MENOS DE CONSUMIR
Lisboa, 3/11/1996 - «O Tao que pode dizer-se não é o Tao real. A verdade que se pode dizer, converte-se imediatamente em não verdade».
Tenho visto este sutra de Lao Tse como argumento atirado contra os que, como eu, muito escrevem, muito pensam, muito falam, muito pretendem ensinar do pouco que sabem.
Patrice Kerviel , por exemplo, com quem tenho a maior dívida de gratidão contraída nesta existência, indica o Sócrates como modelo e ela própria, ao contrário do pai, Etienne Guillé, nunca publicou nada do que pensa e diz.
Mas diz, o que já é ir contra o sutra radicalista do Lao.
Pois é. Acho que essa tão proclamada e recomendada virtude do silêncio e da abstenção - decorrente do radicalismo de Lao Tse (radicalismo que ele próprio quebrou no final da vida escrevendo esse conjunto de sutras que se chama «Tao Te King») vai dar belíssimos resultados nos negócios do sistema.
A balbúrdia a que chegámos em matéria de informação fundamental - ciências sagradas ou Noologia - é óptima para o sistema da Ciência Ordinária.
Nada como um bom slogan abstencionista do estilo Lao Tse, ou do estilo socrático silencioso, para os abutres do mediático, do virtual, do consumista e do «sacred show» tripudiarem completamente à vontade sobre os corações, as almas, os cérebros e os espíritos da malta.
Nunca se vomitará suficiente esta sociedade de merda, de consumo de merda e os mestres à penser que a inspiram. Lao Tse ajuda a consumir merda, então exaltemos Lao Tse.
Abstenham-se, meninos, no silêncio crescem melhor as ratazanas. (Ver files CO)
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Lisboa, 5/8/1996 - Frente a uma bibliografia de 300 títulos, sinto-me sempre um «jovem com dificuldades de aprendizagem», incluído na categoria genérica e patriótica e benfeitora dos «deficientes». (Agosto/1996)
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