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2006-05-16

TRABALHO 1969

1-1 - 69-05-16-di>

INICIATIVA

16/5/69

Sem falar das grandes causas que alienam o trabalho quotidiano, pequenas outras se podem descobrir, no plano da educação e nos métodos defeituosos seguidos nas nossas escolas, que mais tarde se reflectem no método ou falta de método em todas as actividades produtivas.

Mesmo sem falar em curvas de produtividade, maneira bastante suspeita de justificar a referida exploração, a verdade é que o trabalho não rende e, no entanto, o trabalhador esgotou-se, foi sacrificado, esteve ocupado muitas horas por dia.

As coisas não andam quando, num trabalho de equipa, as falhas de um se somam às falhas dos outros e os elos de ligação vão falhando, por isso, um após outro, da base para a cúpula, e reciprocamente.

A carta a Garcia nos seus aspectos de convite à exploração, se for vista do ângulo em que a luta de classes coloca a dominante na posição de exigir obediência eficaz aos subordinados, é de facto uma invenção a rejeitar. Mas serve de paradigma ao funcionamento de qualquer empresa, mesmo quando a exploração for abolida, eliminada a luta de classes e a auto-gestão um facto.

Sem que cada um cumpra a sua pequena tarefa, não existe trabalho e solidariedade de equipa, nem a força de união, nem rendimento que permita a todos e a cada um gozar de justas folgas complementares. Se alguém não entrega a carta a Garcia, outro alguém, da equipa, terá de entregar quatro ou cinco...

Quando se culpa a escola deste atrofia, atinge-se um ponto capital do problema. Não o único, mas capital. Porque os indivíduos não estão habituados à iniciativa, à vantagem da rapidez, à eficácia da acção correcta no exacto momento.

Atrasos, des-sincronias, bocejos, indiferença, - conduzem a equipa a um movimento lento, a pontos mortos e sonolentos, a um baixo nível de rendimento e produtividade. Repito: com a produtividade se pretendem ocultar relações capital-trabalho que além de viciadas são criminosas.
Mas a verdade é que dela se terá de falar também quando está em jogo, não já a prosperidade da empresa privada e seu maquinismo de exploração do trabalhador mas também a empresa quando for obra comum, obra de processo e redenção popular, obra cooperativa.
Para provarmos a razão dos que reivindicam justiça, há que trabalhar certo e ritmado. E para fazermos vencer a força da razão contra a força das tiranias. E para que cessem as relações capital-trabalho, tal como se processam na sociedade de exploração e consumo que é a sociedade industrial nas mãos dos industriais e não nas dos operários.
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