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2006-05-15

ORDENADORES 1970

1-2 - 70-05-15-di> = diário de ideias terça-feira, 10 de Dezembro de 2002-scan

A ESPERANÇA DOS COMPUTADORES

15-5-1970 - Ganhar tempo é hoje questão de sobrevivência. Tudo se acelera e se a sociedade não estiver preparada (organizada) para aproveitar todos os recursos da tecnologia, esse desfazamento, além do mal-estar inevitável que suscita, atirará irremediavelmente para o suicídio (ou atraso) o país em questão.
Os mais avisados chamam a atenção para o que a Europa deverá fazer, de forma a não ficar na cauda e no subdesenvolvimento. A colonização tecnológica não pode continuar e, para isso, há que descobrir a via de saída.
Os computadores são, de facto, uma esperança posta aos que, verificando um estado de opressão e "encombrement" sobre os indivíduos, tomam consciência, cada vez mais aguda, dessa impotência e dessa paralisia.
O aluno - a todos os níveis que se considere - já não pode, não consegue digerir a massa de conhecimentos que as ciências acumulam e lhe distribuem. A escola tornou-se um ponto de passagem demasiado efémero e, no entanto, demasiado dilatado em tempo, também. Nela se perde muito tempo e, no entanto, o tempo que nela se ocupa é cada vez mais insuficiente em relação às necessidades de aprendizagem, - técnica e geral.

REVOLUÇÃO CULTURAL

Ao falar-se de revolução cultural, é na revolução de métodos de aprendizagem que se pensa e naquilo em que os computadores poderão vir a socorrer o aprendiz. Mas nem só ao nível aquisitivo; o da escolha é outro grande problema ainda sem solução.
Perante um acervo de teorias, todas elas com um quinhão de verdade e todas elas contraditórias entre si, como optar e como extrair a verdade de cada uma que é a verdade de todas?
Como enfrentar a polémica dos ismos, se eles, dentro de cada matéria, e até de cada corrente filosófica, proliferam?
A crítica ou análise é um instrumento já insuficiente para permitir uma selecção e uma escolha conscientes.
Que poderá fazer o computador, neste campo da crítica?
Talvez sem exagero, diríamos que a Escola hoje deveria preparar os alunos para a utilização dos computadores. Na impossibilidade de lhe transmitir conhecimentos ainda válidos para os próximos anos, importa transmitir-lhes a técnica de utilização da nova. tecnologia. Ontem ensinava-se a ler e a contar, hoje deve ensinar-se a programar computadores.
Problema que logo a seguir se impõe - a democratização dos computadores - dele depende a orientação pedagógica das escolas de amanhã, do próximo, muito próximo amanhã.
A Informação não pode separar-se da Educação e do Ensino. Tudo se funde e interdepende. A verificada aceleração da História não permite desperdícios humanos, nem que o homem continue a ser ocupado naquilo que a máquina já pode e deve resolver com maior, muito maior rapidez. Há que aproveitar em full-time a máquina humana no seu especifico. Para isso a deverá preparar a Escola, que não pode ficar cingida a processos de ontem e de anteontem: quer nos métodos de aprendizagem, quer nas matérias programadas.

ACELERAR A EVOLUÇÃO-IMPEDIR A REVOLUÇÃO

Com os computadores pretende-se, talvez, a revolução cultural que evite a revolução política e social.
Com os computadores, espera-se acelerar a tal ponto a evolução, que venha a prescindir-se da revolução.
Com os computadores, procura-se imprimir à Educação Permanente uma tal intensidade que, formando a nova mentalidade de novas gerações, permita pela social-democracia o que só seria possível pela revolução violenta e pela ditadura do proletariado.
Será isto o que se chama o ideal tecnocrático?
Estará a tecnocracia vinculada à social-democracia e esta a uma esperança na técnica (especialmente na técnica dos computadores) para resolver os problemas que "artesanalmente" têm vindo a resolver-se pela força e luta de classes?
Não é por acaso que o social-democrata põe o acento tónico na Educação e faz da Educação Permanente o leit-motiv da sua doutrinação política.
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