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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-05-10

ARQUEOLOGIA AC 1992

1-2 - 92-05-10-di-cw> = 5 estrelas diário de um idiota – complete works
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ACHADOS ARQUEOLÓGICOS EM UMA CAIXA DE BANANAS

Lisboa, 10/5/1992 - J.C.M.: vê tu o que me arranjaste com o teu desafio europeu para escrever uma síntese didáctica sobre Unideologia.
Vou desencantar recantos desta casa que já condenara ao silêncio e, ao abrir uma caixa de bananas da marca Turbana (Colômbia), eis que me salta lá de dentro um insólito conjunto de atados submetidos ao tema «macrosistema contra ecossistemas».
Quem guarda, acha. E eu achei, pensando que esse tema já era, ou antes, já tinha sido impopular, nos tempos em que eu me especializei em temas impopulares (malditos & tabus). Vejo agora, com satisfação, as várias rubricas em que o material da dita caixa de bananas - Inéditos AC + Publicados AC + recortes de Imprensa - se distribui:
- As contradições do sistema que vive de ir matando os ecossistemas
- Notícias do Mar (1968-1972): um mistério contemporâneo [experiência vivida em 4 anos a traduzir telegramas da France Presse, na redacção da dita em Lisboa]
- Precipitação provocada (chuva artificial): uma tecnologia que não chegou a vingar [ verificação a posteriori ]
- O discurso dos Eurocratas (a fonte mais pura da Unideologia)
- A ideologia (desenvolvimentista) do (sistema do) crescimento «económico» : a lógica irreversível da Asneira
- Balanços do Século (inventários da Abjecção)
Atado com especial carinho, vou encontrar um conjunto muito desconjuntado de textos bárbaros submetidos ao tema sempre aliciante e policiesco : «Fontes e efeitos biológicos das Radiações» (tema onde particularmente se sente a tua marca e a marca de iniciativas como aquela que nos levou de visita a Vila Nova de Mil Fontes.
O tema desdobra-se em alguns outros e eis que desta caixinha de Pandora se libertam vapores melífluos que dão pelo nome de «protecção civil contra radiações», «defesa contra guerra nuclear», «radioactividade: uma actividade diária», «Chernobyl continua» (sabes que uma tese por mim inventada refere que Chernobyl foi o princípio do Fim, quer dizer, o incidente/acidente que, como reacção em cadeia, levou à inevitabilidade da Perestroika e sequelas? Para mim, o acidente continua e o reactor não foi neutralizado: mas se vou pensar muito nisto, acabo por acordar mijado de medo...).
Outros títulos, igualmente apocalípticos, posso notar neste atado de inéditos e publicados, muito ao jeito do bombástico tom que me criou a bonita fama de sensacionalista e demagogo:
- O mistério do fascínio pelos romances policiais (lendo agora o Jean Baudrillard, numa obra altamente excitante traduzida em português - «Simulacros e Simulações» - convenço-me de que algumas teses heréticas s/ Ecologia Humana não eram afinal tão obnóxias como me faziam crer os neopositivistas meus amigos)
- Calão técnico - arma de opressão
- Os adoradores do Progresso
- Para uma Antologia do Sofisma - Exemplo: estratégia ecológica e tácticas antipoluentes - O argumento da antiguidade tem dois gumes - A sofística ambientocrata [ outro nome para a Unideologia]
- A escalada da tecnoestrutura - Exemplo: o sofisma da «luta biológica» em agricultura
Mas onde esta caixa de bananas da Colômbia me fez dar pulos de contentamento foi ao descobrir nela um discreto molhinho de inéditos, dactilografados a limpo e com ar de trabalho sistemático organizado (coisa nunca vista nesta casa), imagina tu sobre quê: sobre a Unideologia. Estava afinal a papinha já feita e eu aqui em palpos de aranha para corresponder ao teu desafio europeu. Pois bem: segundo a folha de rosto deste pequeno dossiê, o sumário de itens desdobra-se assim:
Lógica da destruição e alarmismos apocalípticos - Quem é pessimista e quem é optimista? - Ciclos viciosos, escaladas, processos descontrolados, rupturas e desequilíbrios - Consciência ou ignorância: informar ou calar? - Quem fomenta o desespero?
And so on, and so on... É muita fruta, muita banana, mas em estado de amadurecimento que propincua já a tal síntese para uso das escolas e criancinhas afectas que me pediste. Haja esperança, porque ainda hei-de chegar -- definitivamente -- às quatro páginas por ti pedidas. Pelo processo das destilaria sucessivas, que é o que alquimica e hermeticamente mais me agrada.
Sem a tua providencial instigação, não teria feito esta descoberta arqueológica em uma caixa de bananas colombianas: reparo que, no final do dossiê, existem umas dez páginas sob a rubrica « A Crise Planetária: síntese das sínteses». A papa já feita e eu aqui às aranhas a tentar fazer o que já estava + ou - feito.
Como se diz nos Evangelhos, «TUDO ESTÁ (JÁ) ESCRITO».
Teu irmão AC
***