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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-05-09

ECO-DIREITOS 1987

1-5 - dcm87-eh- Guião de estudo, leitura e pesquisa - Pista de investigação em Ecologia Humana - Perguntas à ciência médica

POLÍMEROS DOS PLÁSTICOS CONTAMINAM ALIMENTOS

9/5/1987 - Quando se trata de introduzir no mercado e, portanto, no organismo do consumidor, produtos químicos nocivos à saúde, as empresas andam lestas e nem lhes pesa o traseiro.
Corantes e conservantes químicos, por exemplo, inundam o mercado dos produtos comestíveis há umas boas duas décadas, sem que ninguém, além dos habituais maluquinhos da «frente ecológica», dissesse basta aos empresários diligentes que consciente e voluntariamente nos envenenam, adoecem e matam em nome da nossa qualidade de vida.
Era bom, por exemplo e em consequência, que o Instituto da Qualidade Alimentar, entre outras atribuições da sua real competência, estabelecesse o número de anos (décadas) em que temos sido envenenados sem que ninguém perguntasse porquê. E quais foram, entretanto, as novas doenças e as doenças desconhecidas e os novos vírus que, entretanto, a ciência médica diz estar investigando desde que se conhece...
Agora que os escândalos contra a saúde pública, assim chamada, se acumulam, fazendo uma montanha mais alta do que a montanha de manteiga da CEE, forçando as altas instâncias comunitárias a fazer qualquer coisa (nem que seja continuar a deitar poeira para os olhos do consumidor, prometendo-lhe mundos e fundos), começam as demoras, as delongas, os atrasos, as hesitações, as reticências, os «mas», os «talvez».
À conta do período de transição na entrada para a CEE, as coisas no Portugal dos cidadãos vão ser ainda mais lenta e bem podem ir folgando as comissões que religiosamente presidem a estas coisas, mas principalmente os empresários gulosos que se aproveitam da transição para continuaram envenenando, com corantes e conservantes, o respeitável público.
As declarações oficiais do Instituto da Qualidade Alimentar a esse respeito ( « O Semanário», 28/3/1987), são bem significativas da «calma» que abunda nestes meios muito modernos, muito eurocráticos e muitos ocupados com a nossa adesão.
Sobre invólucros - os plásticos cujos polímeros podem infiltrar-se nos alimentos, por exemplo - estão é claro a ser estudados por uma «comissão especializada de técnicos».
Enquanto estudam e não estudam, uma coisa ficamos a saber: é finalmente público que os polímeros contaminam os alimentos, embora os fabricantes escrevam cartas ameaçadoras quando o jornalista se limita a informar o públic sobre um facto que já tem barbas.
Não se sabe, entretanto, quantos e quais polímeros contaminam os alimentos, mas é dado oficial europeu, finalmente, que eles existem, tanto que até vão necessitar regulamentação.
Até que enfim. O consumidor pode ter esperança de que saberá em breve o nível de polímeros que poderá ingerir por dia sem danos especiais para a saúde além dos que são correntes.
In «A Capital», 9/5/1987
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AS IGNORÂNCIAS DELIBERADAS DA CIÊNCIA MÉDICA

Os argumentos da química alopática em defesa da indústria atingem as raias do sofisma e da pouca vergonha - que pode ser ignorância acrescida de arrogância.
Amputar da história das ideias aqueles autores que convergem na Biotipologia e na fisiologia do terreno, ignorar que, até hoje, 1987, mais de 15 teorias além da microbiana, foram elaboradas para explicar a dialéctica doença-saúde, ignorar que não efeito sem causa, ignorar que doenças da civilização não podem ser tratadas com bisturi ou antibióticos, não será ignorância a mais?
A assunção do sofisma por quem dele faz religião, não é só uma sacralização da mentira mas um atestado vergonhoso de auto-aviltamento. É o auge do auto-aviltamento que a gente os vê e ouve a reinar sobre milhares de cadáveres, os consumidores que recorrem à sua (deles) podre ciência!
Mais do que sofismas de uma instituição, são um insulto à espécie humana.
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Ideias para a Nova Idade de Ouro - Ecologia alimentar

A QUALIDADE ALIMENTAR QUE MERECEMOS - O «BLUFF» DA INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR -4 VARIAÇÕES À VOLTA DA QUALIDADE DE VIDA

PALAVRAS-CHAVE:

Discurso no Forum Picoas (30/3/1987)
Qualidade biológica dos alimentos
Direitos ecológicos do cidadão
Informação fundamental ao consumidor
Ecologia Alimentar
Responsáveis não respondem

16/3/1987 - Que a burguesia cite, no seu discurso, a «qualidade de vida», é evidente que se trata de um abuso (mais um) só possível pela passividade assumida da massa que come e cala, leva e embucha.
Quem tem o direito de reivindicar o direito á saúde, à segurança, à vida e à qualidade de vida são os eternos explorados, somos nós, sem dr. nem lugar no banquete da classe dirigente.
Quando se questiona o poder médico e seus abusos, é em nome, evidentemente, dos consumidores que são as suas vítimas.
A questão não é, pois, de gostar ou não gostar, de mais ou menos insultos, entre negociantes de medicamentos químicos e negociantes de terapêuticas leves.
O facto de haver negociantes de um lado e outro não retira conteúdo de classe à dicotomia terapêuticas ecológicas» contra «sistema alopático oficial», aquelas porque são objectivamente, enquanto tecnologias apropriadas de saúde, a única alternativa à opressão química, estas porque estão sempre do lado do opressor.
Tal como acontece com o crime radioactivo, a Leste e a Oeste, o crime químico não tem apelo nem agravo.
Que a máquina, a poderosa máquina de propaganda, a Leste e a Oeste, não dê tréguas um minuto, na missão de intoxicar ideologicamente para depois intoxicar quimicamente, e intoxicar quimicamente para depois intoxicar ideologicamente, é próprio da máquina e dos que tomaram, como opção de vida, deixar-se comprar por ela.
Outros, porém, que se dizem com pruridos de esquerda, é que é de admirar como hesitam em tomar partido, sem ambiguidades, pelos que neste momento são as vítimas e os explorados, contra os eternos exploradores, sejam os dos empórios químicos, sejam os dos empórios radioactivos.
As multinacionais têm sete fôlegos e conseguem pular por cima da dicotomia «capitalismo» versus « socialismo», pondo um e outro a reboque de um único imperialismo, o imperialismo industrial-
Como espertos esquerdistas não conseguem ver o que é tão claro - as três cabeças do imperialismo industrial - radioactiva, química e informática - e o que tão claro se deduz do discurso vendido, obviamente vendido àquelas três cabeças da hidra, eis o mistério, para mim, acima de todos indecifrável.
Bramar contra o capitalismo é talvez mais fácil do que bramar contra a hidra de 3 cabeças: o imperialismo industrial, acima de Estados, regimes, blocos e ideologias.
Acima do Bem e do Mal.
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Quando um organismo dito responsável não quer ser responsável, quer dizer, responder aos cidadãos que pagam para ele e outros organismos se manterem, pode inventar um truque, sem parecer que se meteu em copas: põe ma fila de números de telefone na lista dos ditos, a fingir importância (tudo pago por nós) e depois, depois nenhum dos telefones funciona, nenhum responsável responde, todos estão impedidos ou encontram-se em reunião ou foram o fim de semana a Bruxelas, quando algum cidadão se lembra de telefonar à dita e dura entidade responsável.
Na realidade , os ditos e importantes organismos gozam de boa saúde pública, condição logo reveladora da sua intrínseca vocação para não prestar contas à comunicação social, quer dizer, ao público.
O que escondem estes respeitáveis e responsáveis organismos relacionados com higiene, é uma higiénica dúvida para a qual ninguém ainda encontrou resposta.
O silêncio guarda a vinha, é certo, mas que raio de vinha terão estes imponentes organismos a guardar?
Se pensarmos que a qualidade alimentar dos portugueses, por exemplo, destes incomunicáveis e intocáveis institutos, vemos em que mãos continuam entregues.
Até quando?
O silêncio dos outros organismos relativamente à imprensa pode ser, segundo conseguimos apurar, imposto de cima. No caso do Instituto de Qualidade Alimentar, a resposta que os seus técnicos e especialistas nos dão é que o «ministro não deixa de dar informações à imprensa».
Não deixa de ser, portanto, europeu à brava que o Ministro da Agricultura mantenha em vigor uma antiga norma ministerial que proíbe todo e qualquer técnico da casa de prestar informações aos jornais.
Se é esta a qualidade alimentar que temos, pelo andar da carruagem se vê logo quem vai lá dentro.
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30/3/1987 - A saúde do consumidor é um território disputadíssimo pelos governantes e não faltam ministérios a tutelar a nossa qualidade de vida, mesmo depois que acabaram com o propriamente dito, deixando só uma secretaria de estado do Ambiente, demasiado pequena para tamanha e tão ciclópica empresa.
Se se trata, por exemplo, se alimentos e queremos saber o que há ou vai haver em matéria de leis que «protegem» o consumidor, é de crer que a tutela seja a do Ambiente, já que o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor se encontra subordinado ao Secretário de Estado do Ambiente e não fui eu, juro, que assim distribuí competências.
Só que a lógica é, neste caso alimentar, adequadamente uma batata, não sendo o ambiente que tutela a qualidade alimentar e consequentemente a saúde dos consumidores; tão pouco é o Ministério da Saúde, como logo pareceria lógico, que preside à qualidade alimentar dos portugueses.
Quando menos se esperava, a lógica da batata impõe-se: não é o Ambiente do engenheiro Carlos Pimenta, não é a Saúde da Ministra Leonor Beleza mas é a Agricultura do sempiterno ministro Álvaro Barreto quem tutela e tem na mão a nossa política da qualidade alimentar, através do homónimo Instituto da Qualidade Alimentar.
É caso para ir mastigando esta conclusão: temos ou não temos a qualidade alimentar que merecemos.
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No dia em que a Ecologia Humana sair das catacumbas para a luz do dia, constituindo-se na ciência-chave de todas as ciências humanas, no dia em que a qualidade de vida deixar de ser um slogan barato de políticos para eles nos ficarem cada vez mais caros, no dia em que os direitos ecológicos do cidadão estiverem inscritos na Constituição da República Portuguesa como direitos fundamentais, no dia em que a qualidade biológica dos alimentos seja a primeira prioridade de um estado que se diz moderno e não canibal, no dia em que os direitos do cidadão forem prioridade absoluta dos governos e não um apêndice quase sempre esquecido das outras políticas, nesse dia a ecologia humana terá entrado na prática quotidiana da vida.
Entretanto, a Agricultura não se entende com o Ambiente, a saúde não se entende com a Agricultura, o Ambiente não se entende com a Agricultura e a saúde.
Reinará este caos, enquanto o ministério dos cidadãos não for a primeira prioridade, acima da qual nem o PR terá voz ou autoridade.
Isto poderá ser lá para o Ano 2000, mas nunca depois. de contrário, a Organização Mundial de Saúde, em corrida de fundo com a F.A.O. e a CEE agrícola, cada qual a dizer que legisla o que nos metem no buxo, não ganhará a sua proclamada aposta , tornada horizonte planetário para a humanidade: «Saúde para todos no Ano 2000».
A testa a ciência ideológica entre os diversos ministérios que mais directamente contendem com a saúde das populações, há para já um ponto em que as três tutelas apontadas - Ambiente, Saúde e Agricultura - podiam já começar a testar as respectivas convicções ecológicas: e nenhum terá a coragem de vir dizer em público, no Ano Europeu do Ambiente, que não é ecologista de alma e coração.
Claro que são todos os ecologistas de corpo inteiro, mas então podiam começar por cooperar no interesse supremo dos direitos ecológicos do cidadão, criando rapidamente um banco de dados de resposta pronta, um posto de informação ( à semelhança do centro anti-venenos) que verdadeiramente informasse, produto a produto, alimento a alimento, veneno a veneno, medicamento a medicamento, fábrica a fábrica, poluição a poluição, pontapé a pontapé, tudo quanto lesa e lesiona aqueles direitos ecológicos do cidadão.
Com tantos computadores às moscas no parque informático do estado (segundo notícias recentes, porque não destacam um para essa obra de caridade que seria a informação ecológica fundamental do consumidor?
Entre outras vantagens, isto poria fim ao tartufismo indecente de tantos departamentos e políticos que, na altura crítica do discurso público, se queixam da falta de informação que o consumidor tem, como se a culpa fosse do consumidor e não de quem tudo faz para escamotear a informação, nomeadamente as fontes oficiais quando o jornalista as contacta.

Há, no campo da produção alimentar, certos produtos que só pode classificar-se de criminosos e que, no entanto, a pretexto de interesses económicos em jogo, continuam em vigor, adoecendo gente e, às vezes, matando.
Essa lista de crimes tem que estar continuamente actualizada, alfabetada, fichada e deveria sistematicamente ser difundida por todos os canais.
Mesmo assim não chegaria porque é preciso mais.
O cidadão tem o direito de exigir mais, já que é a sua saúde o que está em jogo e a sua legítima defesa em relação a crimes diariamente praticados contra a sua bolsa e a sua vida.
Tal como está e ameaça continuar a estar, a informação ao consumidor é um «bluff», mesmo quando chega, regra geral chega atrasada, dispersa e desconexa.
Para que efectivamente se torne eficaz e não sirva apenas de pretexto a que certas vedetas falem ao povo na televisão, a informação ao consumidor tem que ser informatizada, sistematizada e de resposta pronta á questão formulada.
Enquanto o consumidor, através de organizações locais, não tiver acesso imediato a um terminal de computador que de imediato responde à pergunta posta no momento, toda a política dita de informação em defesa do consumidor é apenas fachada.
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Qualidade biológica dos alimentos
Discurso no Forum Picoas em 30/3/1987 (Greve da Lusa)
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