BERLENGAS 1989
89-05-05-ec> = ecos da capoeira – diário de um jornalista indiferente – inéditos (obviamente) ac de 1989 –os dossiês do silêncio – texto de 5 estrelas
GAIVOTAS DAS BERLENGAS
5/5/1989 - Abater as gaivotas que estão a mais na Ilha da Berlenga é a maneira mais expedita que a ciência encontrou de proteger os ecossistemas e preservar o equilíbrio ecológico daquele pedregulho atlântico ao largo de Peniche, como foi publicamente anunciado ( 5 / Maio/ 1989).
A "solução final" preconizada pelo biólogo Rosa nas Berlengas (território da maior importância estratégica para o nosso País, como se sabe) é tal e qual a "solução final" que o glorioso Eichmann preconizou em grande para o desequilíbrio do ecossistema alemão da época. Havia judeus a mais e era preciso defender o ecossistema germânico, ao mesmo tempo que preservar a pureza ariana da raça. Hitler foi o ecólogo mais famoso deste século e não foi por acaso que , sob o seu reinado, a biologia teve avanços tão espectaculares, nomeadamente o progresso verificado nas técnicas para apuramento da raça.
Medicina, biologia e ecologia andam sempre unidas, sob o signo da demografia, que lhes fornece a justificação teórica para todos os latrocínios.
O biocídio da espécie humana (nas formas de homicídio, etnocídio e ecocídio da moderna sociedade industrial) é hoje inspirado, directa ou indirectamente, na tese do "excesso de população humana" , nas teses neo-maltusianas da "explosão demográfica".
Dir-se-ia que Rosa reproduz em pequena escala doméstica - a do urinol das Berlengas - a ideologia que tem inspirado, à escala planetária, a prática Biocida e Ecocida sistemática sobre tudo o que mexe.
Sempre em nome dos ecossistemas e do equilíbrio ecológico, o biólogo Rosa e os organismos das Nações Unidas que traçam a política demográfica mundial, encontram-se na mesma onda, aquela a que Michel Bosquet/André Gorz chama "eco-fascista", ou seja, os argumentos ecológicos servindo de justificação e alibi e incentivo aos biocídios mais variados cometidos pelo terror industrial vigente sobre a espécie humana como sobre as espécies vegetais.
O elogio e o argumento mais utilizado em favor do Eucaliptus Globulus, por parte das companhias celulósicas, é exactamente as óptimas condições ecológicas que o dito eucalipto encontra aqui no território português.
Também os famosos incêndios de Verão nos pinhais portugueses - com o objectivo de abrir clareiras à imediata plantação de eucaliptos - têm sido "justificados" pelas péssimas condições climatéricas e ecológicas de países mediterrânicos como o nosso, de verdadeira vocação pirómana. Como André Breton disse da literatura, a ecologia “mène a tout”.
Nada melhor do que um cientista em particular e do que um biólogo em geral para assassinar a vida e verter logo a seguir um enxundioso relatório explicando as razões científicas do assassinato.
O biólogo Rosa, ao preconizar, sem medo nem vergonha, a matança científica das gaivotas por "excesso demográfico" da população , segue o caminho mais directo para ser novamente promovido presidente da Associação de Biólogos das Comunidades Europeias.
Gente de sucesso começa com gaivotas, mas pode perfeitamente alargar o expediente, o argumento e a graça a outras espécies, incluindo a espécie humana.
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GAIVOTAS DAS BERLENGAS
5/5/1989 - Abater as gaivotas que estão a mais na Ilha da Berlenga é a maneira mais expedita que a ciência encontrou de proteger os ecossistemas e preservar o equilíbrio ecológico daquele pedregulho atlântico ao largo de Peniche, como foi publicamente anunciado ( 5 / Maio/ 1989).
A "solução final" preconizada pelo biólogo Rosa nas Berlengas (território da maior importância estratégica para o nosso País, como se sabe) é tal e qual a "solução final" que o glorioso Eichmann preconizou em grande para o desequilíbrio do ecossistema alemão da época. Havia judeus a mais e era preciso defender o ecossistema germânico, ao mesmo tempo que preservar a pureza ariana da raça. Hitler foi o ecólogo mais famoso deste século e não foi por acaso que , sob o seu reinado, a biologia teve avanços tão espectaculares, nomeadamente o progresso verificado nas técnicas para apuramento da raça.
Medicina, biologia e ecologia andam sempre unidas, sob o signo da demografia, que lhes fornece a justificação teórica para todos os latrocínios.
O biocídio da espécie humana (nas formas de homicídio, etnocídio e ecocídio da moderna sociedade industrial) é hoje inspirado, directa ou indirectamente, na tese do "excesso de população humana" , nas teses neo-maltusianas da "explosão demográfica".
Dir-se-ia que Rosa reproduz em pequena escala doméstica - a do urinol das Berlengas - a ideologia que tem inspirado, à escala planetária, a prática Biocida e Ecocida sistemática sobre tudo o que mexe.
Sempre em nome dos ecossistemas e do equilíbrio ecológico, o biólogo Rosa e os organismos das Nações Unidas que traçam a política demográfica mundial, encontram-se na mesma onda, aquela a que Michel Bosquet/André Gorz chama "eco-fascista", ou seja, os argumentos ecológicos servindo de justificação e alibi e incentivo aos biocídios mais variados cometidos pelo terror industrial vigente sobre a espécie humana como sobre as espécies vegetais.
O elogio e o argumento mais utilizado em favor do Eucaliptus Globulus, por parte das companhias celulósicas, é exactamente as óptimas condições ecológicas que o dito eucalipto encontra aqui no território português.
Também os famosos incêndios de Verão nos pinhais portugueses - com o objectivo de abrir clareiras à imediata plantação de eucaliptos - têm sido "justificados" pelas péssimas condições climatéricas e ecológicas de países mediterrânicos como o nosso, de verdadeira vocação pirómana. Como André Breton disse da literatura, a ecologia “mène a tout”.
Nada melhor do que um cientista em particular e do que um biólogo em geral para assassinar a vida e verter logo a seguir um enxundioso relatório explicando as razões científicas do assassinato.
O biólogo Rosa, ao preconizar, sem medo nem vergonha, a matança científica das gaivotas por "excesso demográfico" da população , segue o caminho mais directo para ser novamente promovido presidente da Associação de Biólogos das Comunidades Europeias.
Gente de sucesso começa com gaivotas, mas pode perfeitamente alargar o expediente, o argumento e a graça a outras espécies, incluindo a espécie humana.
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