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2006-05-09

ECO-TECNOLOGIA 1991

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ELOGIO DA TECNOLOGIA APROPRIADA - «SMALL IS BEAUTIFULL»

Lisboa, 9/Maio/1991, às 9,30 - Quando poderei eu fazer o elogio apaixonado da pequena tecnologia apropriada?
Como vou dizer o que há de invenção, de assombro, de maravilha secular, na «simples diferença» entra a tesoura vulgar e o cortador de erva/relva? Entre o ancinho e a vassoura? E, dentro do ancinho, entre o de dentes finos e o de dentes menos finos? E a importância metafísica que tem ou não a ponta recurvada desses dentes?
O (meu) amor à vida depende muito das tecnologias que temos. Maravilhosas e humildes tecnologias artesanais.
E a lição político-moral, sócio-militar que se retira da pequena tecnologia artesanal?
Durante meses, o vizinho jardineiro que prometera ir-me cortar a erva do quintal, abusou da sua posição de técnico, de engenheiro dos quintais. Viu que eu precisava dele -- porque não tinha as ferramentas necessárias -- e chantageou até que lhe apeteceu. Todos os dias ia e nunca ia. Resolvi desistir desta vizinhodependência e meti-me ao trabalho: eu também seria capaz de cortar a erva, porque não? Bastava munir-me das «ferramentas» necessárias indispensáveis: e aí vou eu.
Desde essas fundamentais luvas de borracha, verdadeiro «axi mundi», sem as quais nada é possível na vida, que permitem fazer tanta coisa mas principalmente arrancar ervas sem magoar as mãos, até à tesoura de relva e ao ancinho, e ao sacho, investi a comprá-los o que iria pagar, por duas vezes, ao vizinho que prometia mas não ia.
Se os países do Terceiro Mundo retirassem esta lição... A diferença é que eu disponho de capital para comprar a tesoura, as luvas, o ancinho, (...), enfim, a minha independência. Eles não.
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