SISTEMA 1991
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COM O ACIDENTAL SE OCULTA O SISTEMÁTICO - ATRASAR OU ACELERAR A QUEDA DO SISTEMA?
[91-04-09] - Não devemos deixar-nos impressionar com os «arrependimentos» e os «mea culpa» a que as indústrias poluentes se entregam, em momentos críticos, quando o escândalo rebenta e os jornais falam, escândalos suficientemente assinalados no calendário negro da desastrosa engrenagem industrial.
A Talidomida foi um desses casos, históricos, em que a habitual conspiração do silêncio não funcionou: por isso e como contra-ofensiva, teve que funcionar em pleno a demagogia, com o objectivo de, confundindo o sistemático e o acidental, absolver o sistema a pretexto de um horrendo acidente (a talidomida).
Em tais casos, a demagogia actua com o objectivo de pintar o sistema de cores aceitáveis, a pretexto de que foi acidental, meramente fortuito e não estrutural, o que porventura terá provocado mortos e feridos.
Anos e anos se passam, sem que a indústria modifique um milímetro a sua inflexível lógica de extermínio, subordinando, como sempre tem feito, o homem à economia.
É caso para desconfiar, pois, se as indústrias ou os serviços oficiais que as apoiam, se lembram de adoptar algumas críticas a posições transitoriamente coincidentes com as ambientalistas.
No caso da Talidomida, se as autoridades sanitárias deram o alarme foi quando o escândalo já era irreversível e, por outro lado, porque a grande indústria farmacêutica podia ganhar na luta de concorrência com a mais pequena, «isolando» este caso e pondo a ferros esta firma prevaricadora num conjunto - a Indústria Farmacêutica - imaculado de empresas.
Quando as autoridades sanitárias dão o alarme sobre o acidental, é porque estão a salvar o essencial do sistema.
Quando a OMS lança críticas ao abuso dos medicamentos, está indirectamente a defender o uso: a crítica aos medicamentos não é para prevenir contra eles o doente mas para evitar que escândalos como o da Talidomida ponham todo o sistema em causa.
Quando o advogado Ralph Nader, nos EUA, entra em luta contra empórios da indústria automóvel e da indústria alimentar, o sistema no seu conjunto devia agradecer-lhe.
Ao denunciar escândalos, o advogado militante do consumidor, prorroga, voluntaria ou involuntariamente, o consumismo como ideologia que convém manter impoluta e acima de toda a suspeita.
O [realismo ecologista, projecto ecologista] entende que nos faziam falta muitos Ralph Nader já que, apesar de tudo e enquanto não temos uma sociedade habitável, melhor será o menos mau. Mas também não esquece que ecotácticas, ecoreformas, ecoproteccionismos e ecorevisionismos - desde que desinseridos de uma estratégia radical - podem perigosamente estar a prorrogar sine dia o sistema que, quanto mais desastres e escândalos e tragédias e mortos e feridos provocar, mais se revela aos olhos da humanidade na sua verdadeira hediondez.
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COM O ACIDENTAL SE OCULTA O SISTEMÁTICO - ATRASAR OU ACELERAR A QUEDA DO SISTEMA?
[91-04-09] - Não devemos deixar-nos impressionar com os «arrependimentos» e os «mea culpa» a que as indústrias poluentes se entregam, em momentos críticos, quando o escândalo rebenta e os jornais falam, escândalos suficientemente assinalados no calendário negro da desastrosa engrenagem industrial.
A Talidomida foi um desses casos, históricos, em que a habitual conspiração do silêncio não funcionou: por isso e como contra-ofensiva, teve que funcionar em pleno a demagogia, com o objectivo de, confundindo o sistemático e o acidental, absolver o sistema a pretexto de um horrendo acidente (a talidomida).
Em tais casos, a demagogia actua com o objectivo de pintar o sistema de cores aceitáveis, a pretexto de que foi acidental, meramente fortuito e não estrutural, o que porventura terá provocado mortos e feridos.
Anos e anos se passam, sem que a indústria modifique um milímetro a sua inflexível lógica de extermínio, subordinando, como sempre tem feito, o homem à economia.
É caso para desconfiar, pois, se as indústrias ou os serviços oficiais que as apoiam, se lembram de adoptar algumas críticas a posições transitoriamente coincidentes com as ambientalistas.
No caso da Talidomida, se as autoridades sanitárias deram o alarme foi quando o escândalo já era irreversível e, por outro lado, porque a grande indústria farmacêutica podia ganhar na luta de concorrência com a mais pequena, «isolando» este caso e pondo a ferros esta firma prevaricadora num conjunto - a Indústria Farmacêutica - imaculado de empresas.
Quando as autoridades sanitárias dão o alarme sobre o acidental, é porque estão a salvar o essencial do sistema.
Quando a OMS lança críticas ao abuso dos medicamentos, está indirectamente a defender o uso: a crítica aos medicamentos não é para prevenir contra eles o doente mas para evitar que escândalos como o da Talidomida ponham todo o sistema em causa.
Quando o advogado Ralph Nader, nos EUA, entra em luta contra empórios da indústria automóvel e da indústria alimentar, o sistema no seu conjunto devia agradecer-lhe.
Ao denunciar escândalos, o advogado militante do consumidor, prorroga, voluntaria ou involuntariamente, o consumismo como ideologia que convém manter impoluta e acima de toda a suspeita.
O [realismo ecologista, projecto ecologista] entende que nos faziam falta muitos Ralph Nader já que, apesar de tudo e enquanto não temos uma sociedade habitável, melhor será o menos mau. Mas também não esquece que ecotácticas, ecoreformas, ecoproteccionismos e ecorevisionismos - desde que desinseridos de uma estratégia radical - podem perigosamente estar a prorrogar sine dia o sistema que, quanto mais desastres e escândalos e tragédias e mortos e feridos provocar, mais se revela aos olhos da humanidade na sua verdadeira hediondez.
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