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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-04-25

ALQUIMIA 1992

92-04-24-iv> = interlocutor válido, procura-se

CARTA AO J.C.A

Lisboa, 24/4/1992 - J.C.A.: «Armadilhado» é palavra-chave nesta altura do campeonato: e pode estimular mais rapidamente a pesquisa, como símbolo que funciona, do que a análise discursiva e científica. Ou seja, a dica que me deste ao telefone - citando Guillé, quando ele falou da «informação piegée», continha, para o meu momento actual, maior carga de informação do que todo o livro que estou lendo «L'Alchimie de la Vie».
Não quer dizer que, em um momento seguinte, não seja o inverso. Nesse sentido, é que eu disse - sem nenhuma carga pejorativa - que este livro estava «cifrado», sinónimo de «armadilhado», sinónimo de «oculto». À primeira vista, porém, à primeira leitura, ele pode aparecer-me contraditório - e porque não - do que Guillé pesquisa e ensina: advogando ele o método sistémico, por exemplo, leva o método analítico às últimas consequências; advogando ele a prática, todo este livro se consome em uma exaustiva exposição teórica; havendo nele uma atitude implícita de crítica ao sistema, segue a par e passo todas as exigências do discurso afecto ao sistema; enfim, eu sei que uma segunda leitura será diferente, mas esta primeira - sem a motivação inicial que me espevitou a fé no método - confesso que nunca me levaria lá.
Quando me deste a fotocópia do dito livro, faltava-me essa motivação, essa fé inicial, que tenho agora: e como tu me lançaste com o livro no vazio, não tive garras para me ligar ao tema. Quando o Grande Mago me desbloqueou o que em mim estava bloqueado, pressenti que a ponta da meada era essa, e, sejam quais forem os obstáculos, terei que os vencer porque vale a pena o resultado final.
Sem poder não se consegue ajudar ninguém, nem a nós próprios. Ora eu estava exactamente, desse ponto de vista, no ponto zero. Ainda estou: a diferença agora é a esperança de poder vir a estar em défice menor dele (poder). Se fosse só por mim, creio que pouco me importava ficar como estava: completamente inerme, completamente inerte. Mas na perspectiva de ir para Cabo Verde, por exemplo, interessa-me ir apetrechado com um instrumento de trabalho que funcione, com que eu possa servir as pessoas.
A Macrobiótica, por exemplo, era uma pequena arma com que eu podia contar, mas com vários handicaps no ambiente em questão. Se for pecado querer o poder, nesse caso eu, neste momento, estou em pecado mortal: queria que o pêndulo me ajudasse a ajudar quem de mim precise. Mas com força, com eficácia, com resultados práticos que pudessem ir até ao fascínio. Queria poder fazer com os outros o que o Grande Mago fez comigo e com mais umas pessoas que eu sei.
Na falta de qualquer referência mais precisa ao método, comecei devorando livros que ia triando pelo meu velho método Zen das «purgas sucessivas», metabolizando apenas, aqui e ali, o que a intuição me indicava dever metabolizar. A «intuição», por exemplo e para começar: comecei a perceber melhor o verso e o reverso desse espantoso poder; neste momento, estou «radiográfico» relativamente ao que me cerca e sofro particularmente por «ver» ainda com mais acuidade as patifarias que se escondem debaixo das patifarias garridas da sociedade de consumo. Isto é «mau», ver demais a Abjecção torna-nos mais infelizes. A lucidez aqui é «negativa». Mas foi essa lucidez repentina, como um relâmpago, - o «discernimento» diz o Michio Kushi - que me «disse», uma manhã, após mês e meio girando no fundo mais fundo de um poço sem fundo, que eu entrara em um gravíssimo défice de potássio e que estava submerso, mineral e energeticamente falando, sob uma montanha de escombros.
Toda a gente me diagnosticava «desmineralização» profunda, mas ninguém me dizia que era de potássio, ninguém inclusive me aconselhava o «miraculoso chá dos vegetais doces» que agora comparo muito ao maravilhoso Boldo, nosso grande amigo comum. Ora nessa manhã, como um autómato, eu comecei a fazer o chá de vegetais doces e «vi» que finalmente começava e emergir do poço onde já batera no fundo há mês e meio.
Mérito meu? Sem dúvida que não: porque nessa caso já devia ter aberto os olhos mais cedo. E a verdade é que andei sem norte - o Potássio - todo esse tempo. Mérito aí foi o Grande Mago, ou das Forças que ele canalizou em meu socorro. Por isso estou grato, Por isso quero perceber.
Um senhor chamado António Luzy, no livro «Radiestesia Moderna» desenvolve, em termos polémicos, contra as escolas da Radiestesia «físicas», a sua posição de Radiestesia Mental: e o protagonista do seu método é o Inconsciente. Tudo se passa a esse nível e em nenhum outro. Tudo o mais - radiações disto e radiações daquilo - é para ele folclore pseudo-científico.
Esta entrega total, de um homem com um discurso nada místico, no Grande Rio do Inconsciente, como podes calcular deixou-me - eu diria que te deixaria a ti também - encantado e fascinado. Por essa razão e nem só, quis e quero saber mais, evidentemente, dessa corrente «mentalista» da Radiestesia.
Ligada imediatamente a outra «possibilidade» entrevista que toca já o domínio do Prodigioso (no sentido também de Maravilhoso e do Fantástico): a teleradiestesia. E aí fiquei a querer saber mais sobre teleradiestesia, que apenas convém distinguir de telepatia.
Logo outro aspecto se me tornou fascinante: o actuar do pêndulo sobre diagramas, mapas, fotos não sei neste momento se é verdade ou não, mas os relatos que li - especialmente nos livros tão interessantes de Greg Nielson e Joseph Polansky, aparentemente situados ao nível de uma vulgarização populista - deixam-me com uma curiosidade insaciável de ir por aí. Coincide com uma velha mania minha de coleccionar mapas, diagramas, atlas, cartas de escala 1/5.000(?), etc. É como se essa mania do coleccionismo -- e outras manias -- já fosse como se pressentisse uma futura e longínqua aplicação. Como se o destino estivesse falando por antecipação (e não será assim com todas as nossas inexplicáveis manias?).
A ligação que Guillé faz do pêndulo ao I Ching deixou-me igualmente hipnotizado: pela primeira vez, julgo entender melhor porque o I Ching funciona, como, porquê, a partir de que premissas. Ou seja: nunca acreditara verdadeiramente no I Ching mas neste momento acho que poderia dedicar-lhe o resto da minha vida e será uma das minhas prioridades. Aliás, o sentido do que julgo serem as minhas prioridades - as minhas obrigações para com a Ordem do Universo - parecem-me agora mais nítidas, mais intensas.
Afinal, tem tudo a ver com o apuramento da intuição, com o afinar do Discernimento, que - repito - não é mérito meu, mas para o qual alguém contribuiu decisivamente. Mas ainda ligado a este fio, derivam os «novos olhos» com que estou vendo antigas coisas, livros, companhias, livros, temas, autores: os meus amados oligoelementos, afinal, entram na «alquimia vida» como protagonistas que eu já pressentia que eram. Aí, o Mar rivaliza com a terra para serem a mesma Terra. Depois, a maravilhosa Homeopatia. Depois, a Sagrada Acupunctura e o recém chegado ao Ocidente Qi-Kong. Depois, o nosso portentoso Megalitismo. Depois as imponentes pirâmides e seu eterno enigma. Depois, o Yin Yang, que Guillé diz ser um corte transversal da Espiral. Etc.
Mas tudo isto estava, antes do pêndulo, em um conjunto mais ou menos ecléctico -- vício da cultura ocidental -- repartido por disciplinas diversas, e agora - segundo julgo - aparece-me «integrado», no sentido «sistémico» em que fala Guillé. Tudo agora se articula num todo sucessivamente mais vasto: mas o que transmite um élan de esperança, é saber (julgar saber) que, através do pêndulo, nos será dado encetar e percorrer a viagem no imenso Labirinto (Lima de Freitas), sem importar muito saber se se chega ao fim: não importa chegar, importa errar.
Outra interface (e eu sempre soube, por signo, entre Peixe e Aquário - que era homem das interfaces, de unir fronteiras, de lutar pelos direitos de Minorias e da Diferença...): se pelas pirâmides chegamos, antes de mais ao Egipto, chegamos também ao erroneamente chamado «Livro dos Mortos», que irresistivelmente evoca os nosso irmãos tibetanos e o budismo iniciático. Dos medicamentos energéticos - modernamente, depois de Hanneman, ditos homeopáticos - se jactam a medicina ayurvédica, a tibetana e a farmacopeia chinesa.
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