OCDE 1996
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DA ECOLOGIA HUMANA À HOLÍSTICA:A QUESTÃO CENTRAL - QUALIDADE DE VIDA OU MODELO DE DESENVOLVIMENTO?
27/6/1996 - Definir «qualidade de vida» não é impossível mas tem-se mostrado, até agora, difícil.
Está por fazer ainda o inventário dos factores de risco que interferem na saúde/doença das populações e do cidadão , cujos efeitos são sofridos ao nível da vida quotidiana.
O grau de subjectividade inerente a conceitos como o de «bem estar» ou de «felicidade» ou mesmo de «saúde» é invocado quase sempre como obstáculo intransponível para uma formulação objectiva do que é ou não é qualidade de vida que, na melhor das hipóteses, surge à opinião pública como amontoado incongruente de serviços, ciências, especialidades, disciplinas, problemas, vindos de quase todos os sectores da Administração Pública e de todos os quadrantes das ciências conhecidas.
À imagem de enciclopedismo soma-se a do ecletismo, espécie de saco sem fundo para onde vai tudo o que os outros não querem. Em certo sentido , a filosofia também foi , na história da cultura, esse «saco sem fundo» e esse «ornamento sem funções» para onde ia o que os outros rejeitavam.
Nos países onde a qualidade de vida deu nome a um ministério, secretaria de estado ou direcção geral, cedo se verifica que esse departamento administrativo deveria «superintender em tudo ou quase tudo», pois qualidade de vida é somatório de várias políticas sectoriais, que vão do saneamento básico à saúde e ao desporto ou à segurança rodoviária em campanha contra o alcoolismo.
Em Junho de 1974, a reunião interministerial da OCDE reconhece que os indicadores até então utilizados pelos analistas na definição da felicidade ou qualidade de vida dos povos, estavam viciados de origem.
Por exemplo: se um país é tanto mais feliz quanto maior número de médicos e hospitais tem, é evidente que, aumentando o número de acidentes rodoviários , por exemplo, aumenta o Produto Nacional Bruto! As estatísticas acusarão maior actividade de internamento hospitalar, maior necessidade de médicos e enfermeiros, maiores «gastos com a saúde»(!!!!) e tal facto deve ser considerado um progresso em termos de produto interno bruto , logo de bem estar , segurança, felicidade e qualidade de vida.
Philipe Saint Marc, autor da obra clássica «Socialização da Natureza», foi um dos que denunciou , com mais vigor, em França esta perversão lógica mas alguns anos passaram para que os estatísticos reconhecessem finalmente a evidência.
E a evidência é: o Produto Nacional Bruto não chega para classificar um país de desenvolvido, os indicadores meramente económicos conduzem a resultados grotescos por contraditórios e o famoso crescimento industrial não só não é proporcional ao bem estar e qualidade de vida como até se prova que os compromete.
A OCDE decide em 1973 reconhecer a evidência e considerar outra lista de indicadores.
País desenvolvido já não é o que bate o recorde de hospitalizações mas aquele em que sucede exactamente o contrário.
Outra noção que a pouco e pouco foi sendo alterada e passou de uma elite pensante para os organismos internacionais com poder de pressão ou de decisão, foi a de saúde.
Ter saúde, segundo os indicadores tecnocráticos dos economistas do crescimento industrial, era consumir medicamentos e médicos. Quanto mais médicos e medicamentos, melhor saúde.
Como não é isso o que acontece, antes pelo contrário (quanto mais medicamentos, mais doenças há) algo tem que ser alterado nesta noção «científica» que se chocava com a lógica e o simples bom senso da experiência prática do dia a dia.
E viu-se então que:
1 - A saúde não depende da medicina, dos médicos e dos medicamentos
2 - Médicos, medicina e medicamentos destinam-se, na melhor das hipóteses, a combater a doença (e jamais a conservar a saúde)
3 - A saúde depende de vários factores ambientais conjugados e convergentes, quer do ambiente endógeno (as pessoas e seu comportamento) quer do ambiente exógeno ( ar, água, solos, alimentos, etc.)
4 - A medicina tornou-se , no limiar do século XXI, uma ciência ecológica e social e é sinónimo de medicina preventiva e/ou profilaxia natural
Estas evidências, ainda não conhecidas da minoria médica que em Portugal bloqueia a saúde dos portugueses, levam à seguinte conclusão:
O médico pode e deve entrar como agente de saúde na medida em que combate a doença: mas antes e depois dele, outros agentes ou profissões têm que ver com a saúde dos povos e das pessoas, tais como:
Dietistas
Enfermeiros
Fitoterapeutas
Higienistas
Naturoterapeutas
Nutricionistas
Paramédicos.
Professores de Saúde
Psicoterpeutas
Sanitaristas
Técnicos de Saúde
A saúde de pessoas e povos é um bem demasiado precioso para que esteja na dependência de uma única classe profissional, que ainda por cima em matéria de «manutenção da saúde» é zero.
Acima de tudo, a saúde deve ser um encargo cívico de cada cidadão, uma responsabilidade, um trabalho, um direito e um dever de cada um - direito e dever que é matéria consagrada no artigo 64 da Constituição da República.
A saúde como um dever e direito constitui um conceito novo introduzido na política de saúde aconselhada por organismos como a OMS, pelo menos desde o início da década de 70.
E nada adianta querer tapar o sol, ignorando esse conceito e a sua vigência num futuro cada vez mais próximo.
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DA ECOLOGIA HUMANA À HOLÍSTICA:A QUESTÃO CENTRAL - QUALIDADE DE VIDA OU MODELO DE DESENVOLVIMENTO?
27/6/1996 - Definir «qualidade de vida» não é impossível mas tem-se mostrado, até agora, difícil.
Está por fazer ainda o inventário dos factores de risco que interferem na saúde/doença das populações e do cidadão , cujos efeitos são sofridos ao nível da vida quotidiana.
O grau de subjectividade inerente a conceitos como o de «bem estar» ou de «felicidade» ou mesmo de «saúde» é invocado quase sempre como obstáculo intransponível para uma formulação objectiva do que é ou não é qualidade de vida que, na melhor das hipóteses, surge à opinião pública como amontoado incongruente de serviços, ciências, especialidades, disciplinas, problemas, vindos de quase todos os sectores da Administração Pública e de todos os quadrantes das ciências conhecidas.
À imagem de enciclopedismo soma-se a do ecletismo, espécie de saco sem fundo para onde vai tudo o que os outros não querem. Em certo sentido , a filosofia também foi , na história da cultura, esse «saco sem fundo» e esse «ornamento sem funções» para onde ia o que os outros rejeitavam.
Nos países onde a qualidade de vida deu nome a um ministério, secretaria de estado ou direcção geral, cedo se verifica que esse departamento administrativo deveria «superintender em tudo ou quase tudo», pois qualidade de vida é somatório de várias políticas sectoriais, que vão do saneamento básico à saúde e ao desporto ou à segurança rodoviária em campanha contra o alcoolismo.
Em Junho de 1974, a reunião interministerial da OCDE reconhece que os indicadores até então utilizados pelos analistas na definição da felicidade ou qualidade de vida dos povos, estavam viciados de origem.
Por exemplo: se um país é tanto mais feliz quanto maior número de médicos e hospitais tem, é evidente que, aumentando o número de acidentes rodoviários , por exemplo, aumenta o Produto Nacional Bruto! As estatísticas acusarão maior actividade de internamento hospitalar, maior necessidade de médicos e enfermeiros, maiores «gastos com a saúde»(!!!!) e tal facto deve ser considerado um progresso em termos de produto interno bruto , logo de bem estar , segurança, felicidade e qualidade de vida.
Philipe Saint Marc, autor da obra clássica «Socialização da Natureza», foi um dos que denunciou , com mais vigor, em França esta perversão lógica mas alguns anos passaram para que os estatísticos reconhecessem finalmente a evidência.
E a evidência é: o Produto Nacional Bruto não chega para classificar um país de desenvolvido, os indicadores meramente económicos conduzem a resultados grotescos por contraditórios e o famoso crescimento industrial não só não é proporcional ao bem estar e qualidade de vida como até se prova que os compromete.
A OCDE decide em 1973 reconhecer a evidência e considerar outra lista de indicadores.
País desenvolvido já não é o que bate o recorde de hospitalizações mas aquele em que sucede exactamente o contrário.
Outra noção que a pouco e pouco foi sendo alterada e passou de uma elite pensante para os organismos internacionais com poder de pressão ou de decisão, foi a de saúde.
Ter saúde, segundo os indicadores tecnocráticos dos economistas do crescimento industrial, era consumir medicamentos e médicos. Quanto mais médicos e medicamentos, melhor saúde.
Como não é isso o que acontece, antes pelo contrário (quanto mais medicamentos, mais doenças há) algo tem que ser alterado nesta noção «científica» que se chocava com a lógica e o simples bom senso da experiência prática do dia a dia.
E viu-se então que:
1 - A saúde não depende da medicina, dos médicos e dos medicamentos
2 - Médicos, medicina e medicamentos destinam-se, na melhor das hipóteses, a combater a doença (e jamais a conservar a saúde)
3 - A saúde depende de vários factores ambientais conjugados e convergentes, quer do ambiente endógeno (as pessoas e seu comportamento) quer do ambiente exógeno ( ar, água, solos, alimentos, etc.)
4 - A medicina tornou-se , no limiar do século XXI, uma ciência ecológica e social e é sinónimo de medicina preventiva e/ou profilaxia natural
Estas evidências, ainda não conhecidas da minoria médica que em Portugal bloqueia a saúde dos portugueses, levam à seguinte conclusão:
O médico pode e deve entrar como agente de saúde na medida em que combate a doença: mas antes e depois dele, outros agentes ou profissões têm que ver com a saúde dos povos e das pessoas, tais como:
Dietistas
Enfermeiros
Fitoterapeutas
Higienistas
Naturoterapeutas
Nutricionistas
Paramédicos.
Professores de Saúde
Psicoterpeutas
Sanitaristas
Técnicos de Saúde
A saúde de pessoas e povos é um bem demasiado precioso para que esteja na dependência de uma única classe profissional, que ainda por cima em matéria de «manutenção da saúde» é zero.
Acima de tudo, a saúde deve ser um encargo cívico de cada cidadão, uma responsabilidade, um trabalho, um direito e um dever de cada um - direito e dever que é matéria consagrada no artigo 64 da Constituição da República.
A saúde como um dever e direito constitui um conceito novo introduzido na política de saúde aconselhada por organismos como a OMS, pelo menos desde o início da década de 70.
E nada adianta querer tapar o sol, ignorando esse conceito e a sua vigência num futuro cada vez mais próximo.
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