NUCLEAR 1998
5511 caracteres - dpt3> - chave ac para entrevista-testamento - silêncios & silenciamentos - 6400 bytes dp73> - diário proibido - assinala-se os temas que podem ser repescados em uma eventual entrevista-testamento, onde tente descorticar o que foi pensado nos anos cruciais - e quais eram os leit motiv da então ecologia, hoje completamente esquecidos, omissos e silenciados - malditos, em suma
22-1-1998
OS DOSSIÊS PROIBIDOS 1973- SILÊNCIO E DEMAGOGIA- EM ALGUM DISCURSO ANTI-NUCLEARISTA
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- Sem falar das radiações que os receptores de televisão fornecem a toda a família e das radiações que as lâmpadas fluorescentes, por exemplo, igualmente fornecem, bem como os mostradores luminosos dos relógios, podíamos falar de outros e muitos aspectos - a que se pode chamar diferidos ou indirectos - do cerco nuclear, aspectos que normalmente o discurso anti-nuclear negligencia, estereotipado que se tornou e pouco atento às nuances, às subtilezas.
O quotidiano e o sistemático - que, no fim de contas, contribuem desde já para um contingente importante de mortos e doentes - são escamoteados e encobertos com o acidental e o bombástico.
Há que chamar, de novo,a atenção para os aspectos que os próprios ambientalistas - equivocamente confundidos com ecologistas - esquecem, como o sistema aliás gosta e agradece.
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- Já se disse que os industriais da energia nuclear podem estar a subsidiar, neste momento, grupos de antipoluição e de protecção à Natureza, já que muito lhes interessa o discurso pseudo-ecológico desses grupos e a maneira reformista como as questões da poluição em geral e da poluição nuclear em particular vão ficando estereotipadas.
É capaz de haver alguma razão nessa suspeita, pois um dos melhores serviços prestados hoje ao avanço nuclear são alguns discursos disfarçados de ecológicos, pró-ambientalistas, amigos da Natureza, etc.
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- Os chamados aspectos diferidos são aqueles que dão menos nas vistas, por estarem mais perto de nós.
É desses que um ecologista não retórico gosta de tratar, dado que a verdadeira ecologia se faz de manifestações subliminais, oblíquas, ínvias, indirectas. Não se faz de números e estatísticas - aqueles que o sistema fabrica para iludir os problemas - mas de subtis variações e vibrações só perceptíveis à intuição ou sensibilidade ecológica.
Ecologia é fundamentalmente uma questão de sensibilidade.
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- Aceleradamente, como é timbre desta sociedade de crescimento exponencial ou logarítmico, o discurso sobre ambiente estereotipa-se: dizem todos o mesmo, repetem todos os mesmos números, casos, episódios e slogans, evidenciam todos os mesmos escândalos.
Começa a ser urgente, para um leitor atento, notar até que ponto o discurso dito ecológico serve para amortecer a dinâmica subversiva de uma autêntica denúncia ecológica.
Começa a ser urgente saber até que ponto a poluição continua sendo o ópio da ecologia.
O exemplo das centrais nucleares é um exemplo, entre muitos, do discurso que se estereotipa de autor para autor, de dia para dia, de livro para livro, de revista para revista. Ninguém observa cambiantes, subtilezas, sofismas escondidos, poluições omissas, truques insidiosos.
Uma das formas mais sagazes de desinformar - nunca o esqueçamos! - é estereotipar a informação e torná-la tão abundante que congestiona todo o espaço (cultural) disponível.
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- Curioso, neste contexto, é que os aspectos bombásticos do nuclear sejam repetidos vezes sem conta, enquanto se continuam esquecendo aspectos que, embora menos bombásticos, já são para nós e há mais tempo, problemas mais reais e frequentes.
É o caso, mesmo sem sair do nuclear, das radiações a que estão sujeitos milhares de trabalhadores: caso já citado antes.
E seriam muitos outros casos que não conseguiram ainda estar tanto na moda contestatária como está o nuclear.
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- Houve tempo em que a bomba e as experiências com bombas na atmosfera fez esquecer completamente o que então, no auge da guerra fria, se chamava já tão hipocritamente o «átomo pacífico» das centrais nucleares.
O efeito dos reactores era então o aspecto diferido relativamente ao aspecto central, a bomba.
Hoje passa-se o inverso: o discurso antinuclear hipertrofiou-se no sentido de combater as centrais, passando os outros aspectos a diferidos. O militante tende então a esquecer o que as bombas ainda fazem na atmosfera e, principalmente, o que fazem no subsolo.
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- Daquelas outras bombas - as que rebentam ainda na atmosfera - convém relembrar algo do muito que os ecologistas da 25ª hora têm tendência a esquecer.
Por exemplo, por causa de uma bomba chinesa, os jornais da época noticiavam assim a invasão da Califórnia por uma nuvem radioactiva: «Partículas radioactivas provenientes da explosão nuclear chinesa devem começar hoje a cair sobre a Califórnia - declarou o dr. Simon Kinsman, director da secção de radiobiologia da secretaria norte-americana da saúde.» (Ver notícia na integra em anexo) .
Segundo duas outras notícias de 1973, «a água do rio Mosa assinalava indícios de radioactividade » e «as explosões atómicas francesas no Pacífico Sul, têm efeito indirecto sobre certos produtos alimentares consumidos no Brasil.» (Ver notícias na íntegra em anexo)
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- Estas notícias dão a dimensão quotidiana e diferida (indirecta) de certos aspectos do nuclear normalmente ignorados ou omitidos pelos anti-nuclearistas de comício, bandeira, autocolante e do slogan.
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22-1-1998
OS DOSSIÊS PROIBIDOS 1973- SILÊNCIO E DEMAGOGIA- EM ALGUM DISCURSO ANTI-NUCLEARISTA
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- Sem falar das radiações que os receptores de televisão fornecem a toda a família e das radiações que as lâmpadas fluorescentes, por exemplo, igualmente fornecem, bem como os mostradores luminosos dos relógios, podíamos falar de outros e muitos aspectos - a que se pode chamar diferidos ou indirectos - do cerco nuclear, aspectos que normalmente o discurso anti-nuclear negligencia, estereotipado que se tornou e pouco atento às nuances, às subtilezas.
O quotidiano e o sistemático - que, no fim de contas, contribuem desde já para um contingente importante de mortos e doentes - são escamoteados e encobertos com o acidental e o bombástico.
Há que chamar, de novo,a atenção para os aspectos que os próprios ambientalistas - equivocamente confundidos com ecologistas - esquecem, como o sistema aliás gosta e agradece.
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- Já se disse que os industriais da energia nuclear podem estar a subsidiar, neste momento, grupos de antipoluição e de protecção à Natureza, já que muito lhes interessa o discurso pseudo-ecológico desses grupos e a maneira reformista como as questões da poluição em geral e da poluição nuclear em particular vão ficando estereotipadas.
É capaz de haver alguma razão nessa suspeita, pois um dos melhores serviços prestados hoje ao avanço nuclear são alguns discursos disfarçados de ecológicos, pró-ambientalistas, amigos da Natureza, etc.
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- Os chamados aspectos diferidos são aqueles que dão menos nas vistas, por estarem mais perto de nós.
É desses que um ecologista não retórico gosta de tratar, dado que a verdadeira ecologia se faz de manifestações subliminais, oblíquas, ínvias, indirectas. Não se faz de números e estatísticas - aqueles que o sistema fabrica para iludir os problemas - mas de subtis variações e vibrações só perceptíveis à intuição ou sensibilidade ecológica.
Ecologia é fundamentalmente uma questão de sensibilidade.
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- Aceleradamente, como é timbre desta sociedade de crescimento exponencial ou logarítmico, o discurso sobre ambiente estereotipa-se: dizem todos o mesmo, repetem todos os mesmos números, casos, episódios e slogans, evidenciam todos os mesmos escândalos.
Começa a ser urgente, para um leitor atento, notar até que ponto o discurso dito ecológico serve para amortecer a dinâmica subversiva de uma autêntica denúncia ecológica.
Começa a ser urgente saber até que ponto a poluição continua sendo o ópio da ecologia.
O exemplo das centrais nucleares é um exemplo, entre muitos, do discurso que se estereotipa de autor para autor, de dia para dia, de livro para livro, de revista para revista. Ninguém observa cambiantes, subtilezas, sofismas escondidos, poluições omissas, truques insidiosos.
Uma das formas mais sagazes de desinformar - nunca o esqueçamos! - é estereotipar a informação e torná-la tão abundante que congestiona todo o espaço (cultural) disponível.
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- Curioso, neste contexto, é que os aspectos bombásticos do nuclear sejam repetidos vezes sem conta, enquanto se continuam esquecendo aspectos que, embora menos bombásticos, já são para nós e há mais tempo, problemas mais reais e frequentes.
É o caso, mesmo sem sair do nuclear, das radiações a que estão sujeitos milhares de trabalhadores: caso já citado antes.
E seriam muitos outros casos que não conseguiram ainda estar tanto na moda contestatária como está o nuclear.
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- Houve tempo em que a bomba e as experiências com bombas na atmosfera fez esquecer completamente o que então, no auge da guerra fria, se chamava já tão hipocritamente o «átomo pacífico» das centrais nucleares.
O efeito dos reactores era então o aspecto diferido relativamente ao aspecto central, a bomba.
Hoje passa-se o inverso: o discurso antinuclear hipertrofiou-se no sentido de combater as centrais, passando os outros aspectos a diferidos. O militante tende então a esquecer o que as bombas ainda fazem na atmosfera e, principalmente, o que fazem no subsolo.
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- Daquelas outras bombas - as que rebentam ainda na atmosfera - convém relembrar algo do muito que os ecologistas da 25ª hora têm tendência a esquecer.
Por exemplo, por causa de uma bomba chinesa, os jornais da época noticiavam assim a invasão da Califórnia por uma nuvem radioactiva: «Partículas radioactivas provenientes da explosão nuclear chinesa devem começar hoje a cair sobre a Califórnia - declarou o dr. Simon Kinsman, director da secção de radiobiologia da secretaria norte-americana da saúde.» (Ver notícia na integra em anexo) .
Segundo duas outras notícias de 1973, «a água do rio Mosa assinalava indícios de radioactividade » e «as explosões atómicas francesas no Pacífico Sul, têm efeito indirecto sobre certos produtos alimentares consumidos no Brasil.» (Ver notícias na íntegra em anexo)
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- Estas notícias dão a dimensão quotidiana e diferida (indirecta) de certos aspectos do nuclear normalmente ignorados ou omitidos pelos anti-nuclearistas de comício, bandeira, autocolante e do slogan.
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