MEDICINA 1980
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QUANDO A CIÊNCIA MÉDICA NÃO QUER MESMO SABER
Lisboa, 30/8/1980 - A regra da fingida ignorância é uma das constantes em que o discurso oficial da ideologia dominante se compraz.
Tacitamente atribuído ao céu, ao acaso ou às bruxas, determinado surto epidémico, o sistema mostra-se «surpreendido» perante determinados acontecimentos, nomeadamente doenças, que classifica então de raríssimas ou desconhecidas, ostentando fingida ignorância.
Uma onda de mortes verificada em Nápoles, entre Março de 1978 e Março de 1979 ( em que morreram 64 crianças durante 12 meses) é exemplo significativo de um sistema que, em Nápoles ou em qualquer outro ponto, reage por toda a parte de maneira idêntica e segundo os mesmos mecanismos.
O efeito «fingida surpresa» resulta apenas do método usado: é que, em vez de se investigar a causa ambiental, lógica e ecológica do surto patológico, paralisa-se a investigação com a hipótese do vírus, uma pura teoria de imediato transformada em dogma e ditadura.
O discurso repete-se a papel químico : «um novo vírus para o qual ainda não há vacina», «um novo vírus para o qual se investiga actualmente uma vacina», «um novo vírus para o qual ainda não se pode aplicar a vacina que está sendo investigada.»
*
Um outro facto de fingida ignorância da ciência médica, verificou-se nos Estados Unidos, estado de Atlanta, em 1980.
Graças aos arquivos relativamente mal organizados da «Frente Ecológica» e literalmente delapidados por falta de espaço, foi possível reunir, num conjunto, notícias do chamado «sindroma do choque tóxico», revelando o respectivo discurso, entretanto divulgado pelos jornais, as características típicas da fingida ignorância, usada e abusa pela ciência médica ao abrigo do eterno alibi que é o pressuposto de progresso seguido por toda e qualquer ciência, ignorante hoje do que promete ir saber amanhã.
Depois de morrerem 7 doentes das 55 mulheres afectadas, ainda a causa era «desconhecida», embora tudo apontasse para uma associação entre os tampões higiénicos utilizados pelas mulheres e os sintomas de febre alta, vómitos, diarreia, rápida progressão para tensão arterial muito baixa, choque, erupção cutânea, seguida de queda de pele.
Com todos estes sintomas, a única hipótese para a ciência médica era uma bactéria, o estafilococus aureus.
Notícias de Junho de 1980, davam o surto ainda como caído do céu e só em fins de Agosto já se atribuía o referido sindroma do choque tóxico ao uso de tampões para o ciclo menstrual, ou seja, a uma causa ambiental e de consumo.
A palavra sindroma, em substituição de sintoma, é bem típica de situações suficientemente complexas para serem lógica e ecologicamente atribuíveis a causas ambientais - e não só a causas unilaterais como a do vírus.
O alibi da fingida ignorância não se aplica apenas a sintomas da doença humana individual: aplica-se, principalmente, aos sintomas da doença planetária colectiva como são, por exemplo, os célebres «suicídios de baleias», a «tartaruga-gigante que deu à costa em Vila do Conde » (6/7/1981) , os «milhares de aves migratórias que se «suicidaram» em Assam» (23/9/1981) , as «detonações estranhas na Nova Escócia(que) não devem ser devidas ao Concorde...» (8/7/1978) , tudo isto segundo a terminologia usada por títulos de notícias de imprensa.
QUANDO A CIÊNCIA MÉDICA NÃO QUER MESMO SABER
Lisboa, 30/8/1980 - A regra da fingida ignorância é uma das constantes em que o discurso oficial da ideologia dominante se compraz.
Tacitamente atribuído ao céu, ao acaso ou às bruxas, determinado surto epidémico, o sistema mostra-se «surpreendido» perante determinados acontecimentos, nomeadamente doenças, que classifica então de raríssimas ou desconhecidas, ostentando fingida ignorância.
Uma onda de mortes verificada em Nápoles, entre Março de 1978 e Março de 1979 ( em que morreram 64 crianças durante 12 meses) é exemplo significativo de um sistema que, em Nápoles ou em qualquer outro ponto, reage por toda a parte de maneira idêntica e segundo os mesmos mecanismos.
O efeito «fingida surpresa» resulta apenas do método usado: é que, em vez de se investigar a causa ambiental, lógica e ecológica do surto patológico, paralisa-se a investigação com a hipótese do vírus, uma pura teoria de imediato transformada em dogma e ditadura.
O discurso repete-se a papel químico : «um novo vírus para o qual ainda não há vacina», «um novo vírus para o qual se investiga actualmente uma vacina», «um novo vírus para o qual ainda não se pode aplicar a vacina que está sendo investigada.»
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Um outro facto de fingida ignorância da ciência médica, verificou-se nos Estados Unidos, estado de Atlanta, em 1980.
Graças aos arquivos relativamente mal organizados da «Frente Ecológica» e literalmente delapidados por falta de espaço, foi possível reunir, num conjunto, notícias do chamado «sindroma do choque tóxico», revelando o respectivo discurso, entretanto divulgado pelos jornais, as características típicas da fingida ignorância, usada e abusa pela ciência médica ao abrigo do eterno alibi que é o pressuposto de progresso seguido por toda e qualquer ciência, ignorante hoje do que promete ir saber amanhã.
Depois de morrerem 7 doentes das 55 mulheres afectadas, ainda a causa era «desconhecida», embora tudo apontasse para uma associação entre os tampões higiénicos utilizados pelas mulheres e os sintomas de febre alta, vómitos, diarreia, rápida progressão para tensão arterial muito baixa, choque, erupção cutânea, seguida de queda de pele.
Com todos estes sintomas, a única hipótese para a ciência médica era uma bactéria, o estafilococus aureus.
Notícias de Junho de 1980, davam o surto ainda como caído do céu e só em fins de Agosto já se atribuía o referido sindroma do choque tóxico ao uso de tampões para o ciclo menstrual, ou seja, a uma causa ambiental e de consumo.
A palavra sindroma, em substituição de sintoma, é bem típica de situações suficientemente complexas para serem lógica e ecologicamente atribuíveis a causas ambientais - e não só a causas unilaterais como a do vírus.
O alibi da fingida ignorância não se aplica apenas a sintomas da doença humana individual: aplica-se, principalmente, aos sintomas da doença planetária colectiva como são, por exemplo, os célebres «suicídios de baleias», a «tartaruga-gigante que deu à costa em Vila do Conde » (6/7/1981) , os «milhares de aves migratórias que se «suicidaram» em Assam» (23/9/1981) , as «detonações estranhas na Nova Escócia(que) não devem ser devidas ao Concorde...» (8/7/1978) , tudo isto segundo a terminologia usada por títulos de notícias de imprensa.
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