CONSUMIDOR 1979
1-2 - consumidor-0-eh-ie = a deia ecológica do ac – ecologia humana - numa experiência, copiei este texto em duplicado: a versão que segue só foi revista superficialmente
QUEM «PROTEGE» O CONSUMIDOR?(*)
(*) Este texto de Afonso Cautela terá sido publicado no jornal «Correio da Manhã» (Lisboa), 29-8-1979
Seria injusto considerar que os poluidores ainda não descobriram a vantagem «publicitária» de anunciar produtos «naturais, «biológicos», menos tóxicos ou venenosos, banindo os aditivos químicos onde estes se mostraram escandalosamente contra a saúde do consumidor.
Se a escândalo estala, o produtor toma medidas...
Seria injusto não reconhecer que os grandes e maiores poluidores são, por exemplo, os fabricantes mais antigos de mecanismos antipoluição...
Igualmente injusto seria não lembrar que os poluidores de petróleo já começaram a investir na indústria solar. E que já contrataram equipas de «designers» para elaborar uma série de invenções caseiras (tipo bric-à-brac) onde, simultânea e sistematicamente, o aproveitamento da energia solar para fins práticos quotidianos vem acompanhado pelo uso, sistemático e simultâneo, de plásticos, quer dizer, produtos derivados da Petroquímica ou Indústria Rainha entre as indústrias do Petróleo... e da Poluição.
Frente às críticas que são feitas por associações de consumidores e de ecologistas contra poluições, produtos ou destruições mais escandalosas, é frequente o sistema passar ao ataque fingindo que aceita essas críticas e proclamando que já lançou «alternativas» ao tóxico, ao venenoso, ao poluente e ao não-degradável.
Desde que tenha já na linha de montagem o contra-produto respectivo, eis que o empresário se lança, ombro a ombro com os ecologistas, na crítica dos anteriores produtos maléficos.
A Natureza, o biológico, e até o ecológica são então expressões que a publicidade dessas empresas banalizará como iscas que levem o consumidor a adoptar e a comprar as «novas maravilhas da técnica moderna.»
Conclusão filosófica desta rapidez deglutiva com que o sistema recupera o que o critica, pode ser esta: a «defesa do consumidor», enquanto estratégia de crítica superficial, é fácil e rapidamente recuperável; sublinhe-se, uma vez mais, a diferença entre uma linha reformista do ambientalismo moderado (de que os movimentos «em prol do consumidor» são exemplo) e uma crítica de fundo ou contestação ecoradical, que não se anula com tanta facilidade.
A Ecologia é muito mais indigesta para o Sistema do que a antipoluição, a defesa do Ambiente e do Consumidor, etc...
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(*) Este texto de Afonso Cautela terá sido publicado no jornal «Correio da Manhã» (Lisboa), 29-8-1979
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QUEM «PROTEGE» O CONSUMIDOR?(*)
(*) Este texto de Afonso Cautela terá sido publicado no jornal «Correio da Manhã» (Lisboa), 29-8-1979
Seria injusto considerar que os poluidores ainda não descobriram a vantagem «publicitária» de anunciar produtos «naturais, «biológicos», menos tóxicos ou venenosos, banindo os aditivos químicos onde estes se mostraram escandalosamente contra a saúde do consumidor.
Se a escândalo estala, o produtor toma medidas...
Seria injusto não reconhecer que os grandes e maiores poluidores são, por exemplo, os fabricantes mais antigos de mecanismos antipoluição...
Igualmente injusto seria não lembrar que os poluidores de petróleo já começaram a investir na indústria solar. E que já contrataram equipas de «designers» para elaborar uma série de invenções caseiras (tipo bric-à-brac) onde, simultânea e sistematicamente, o aproveitamento da energia solar para fins práticos quotidianos vem acompanhado pelo uso, sistemático e simultâneo, de plásticos, quer dizer, produtos derivados da Petroquímica ou Indústria Rainha entre as indústrias do Petróleo... e da Poluição.
Frente às críticas que são feitas por associações de consumidores e de ecologistas contra poluições, produtos ou destruições mais escandalosas, é frequente o sistema passar ao ataque fingindo que aceita essas críticas e proclamando que já lançou «alternativas» ao tóxico, ao venenoso, ao poluente e ao não-degradável.
Desde que tenha já na linha de montagem o contra-produto respectivo, eis que o empresário se lança, ombro a ombro com os ecologistas, na crítica dos anteriores produtos maléficos.
A Natureza, o biológico, e até o ecológica são então expressões que a publicidade dessas empresas banalizará como iscas que levem o consumidor a adoptar e a comprar as «novas maravilhas da técnica moderna.»
Conclusão filosófica desta rapidez deglutiva com que o sistema recupera o que o critica, pode ser esta: a «defesa do consumidor», enquanto estratégia de crítica superficial, é fácil e rapidamente recuperável; sublinhe-se, uma vez mais, a diferença entre uma linha reformista do ambientalismo moderado (de que os movimentos «em prol do consumidor» são exemplo) e uma crítica de fundo ou contestação ecoradical, que não se anula com tanta facilidade.
A Ecologia é muito mais indigesta para o Sistema do que a antipoluição, a defesa do Ambiente e do Consumidor, etc...
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(*) Este texto de Afonso Cautela terá sido publicado no jornal «Correio da Manhã» (Lisboa), 29-8-1979
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