POLÍTICA 1992
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21-6-1992
A POLÍTICA COMO ESPECTÁCULO
A política, nomeadamente em períodos de campanha eleitoral, tem todo o ar de um jogo, cujas regras todos os parceiros aceitam, incluindo o público, que também se diverte.
As sondagens, por exemplo, jamais foram ou podiam ser para ser levadas a sério. São um jogo a fingir o sério e os próprios intervenientes nele, já têm várias vezes chamado a atenção para esse aspecto lúdico. O público, por vezes, parece acreditar, mas quando a manipulação das sondagens atinge o óbvio, o público pisca o olho, e diz «lá estão eles a ver se me enganam, mas eu não me deixo ir nessa.» E o público sabe que eles sabem que ele sabe.
Não poucos cronistas têm dado a política como um jogo de xadrez, o que é insultar o xadrez, jogo inteligente, comparado ao qual a política faz figura de ursa.
Mesmo quando se vê que a política é comandada por redes que transcendem em muito os partidos, essa busca misteriosa de fontes ou centrais secretas, que manejam, manipulam e governam o Mundo, dá um imenso gozo a quem goste de romances de espionagem (misto de policiais) - e quem não gosta de romances de espionagem? Nunca se sabe o fim da história - que são os verdadeiros governantes do governo mundial - mas, por isso mesmo, a história torna-se mais excitante.
O jornalista deve ter, portanto, um espírito lúdico e bem disposto para saber em que matéria mexe - a informação - o capital mais querido dos grandes manipuladores internacionais do capital. Fora desta rede - só a internacional islâmica ou a resistência tibetana e maubere. Mas essas não são para rir. Fora desta rede, só a fome de 3/4 da humanidade a que o outro quarto chamou Terceiro Mundo. A luta pelo controle da informação é a verdadeira «guerra secreta» que move hoje as pedras do xadrez.
Basílio inscreve-se, portanto, neste quadro como mandatário nacional de Carlos Macedo e este como mandatário nacional de Gentil Martins. Machado Macedo e Costa e Sousa preferem ficar à margem da publicidade, entretendo-se a transplantar corações, técnica cuja mestria aprenderam com Barnard, coqueluche da propaganda cultural sul-africana.
Quando Carlos Macedo rompeu com o PSD, em , fez contas e viu as vantagens. Era melhor servir aos «lobbies» que combatem o Governo, do que a um governo que combate os «lobbies».
No jantar de homenagem, onde havia antibióticos à sobremesa para os fundamentalistas, reuniram-se, além dos inefáveis monárquicos - Coimbra e Ribeiro Teles estavam lá - , o não menos inefável Mnuel Alegre e o Correia de Campos, ministro da Saúde do futuro governo socialista, uma vez que Arnaut e depois Gonelha, mau grado as suas ligações internacionais, parecem ter caído em desgraça no seio do partido, e isto apesar do trabalho que encetaram enquanto lá estiveram, trabalho que tem de ser continuado, para maior glória das multinacionais farmacêuticas.
Outras personalidades do PS estiveram no jantar de homenagem e não foi só para explorar esse belo pretexto de fazer oposição crítica ao cavaquismo. Estiveram e comeram os antibióticos da sobremesa.
Quando Miguel Esteves Cardoso, outro inefável monárquico, foi catapultado para as «europeias» de , uma fonte fidedigna da candidatura descoseu-se a dizer que a sua campanha iria ser subsidiada pelos remédios da farmácia, afirmação logo desmentida.
Mas com todas estas ligações de fundo de Carlos Macedo com o PS - a um certo nível transnacional - como quer Basílio que a candidatura de Soares, o MASP, venha desmentir o que chamou de calúnias, ou seja, o «favor» que ele vinha fazer a Mário Soares e de que o próprio MASP incitava ou financiava Basílio.
A fonte de financiamento, de facto, é comum. Mas isso não quer dizer que Basílio e Soares não tenham que fingir uma renhida luta de galos. Faz parte do tal sentido lúdico da política, em que todos devemos colaborar e empenhar-nos.
***
21-6-1992
A POLÍTICA COMO ESPECTÁCULO
A política, nomeadamente em períodos de campanha eleitoral, tem todo o ar de um jogo, cujas regras todos os parceiros aceitam, incluindo o público, que também se diverte.
As sondagens, por exemplo, jamais foram ou podiam ser para ser levadas a sério. São um jogo a fingir o sério e os próprios intervenientes nele, já têm várias vezes chamado a atenção para esse aspecto lúdico. O público, por vezes, parece acreditar, mas quando a manipulação das sondagens atinge o óbvio, o público pisca o olho, e diz «lá estão eles a ver se me enganam, mas eu não me deixo ir nessa.» E o público sabe que eles sabem que ele sabe.
Não poucos cronistas têm dado a política como um jogo de xadrez, o que é insultar o xadrez, jogo inteligente, comparado ao qual a política faz figura de ursa.
Mesmo quando se vê que a política é comandada por redes que transcendem em muito os partidos, essa busca misteriosa de fontes ou centrais secretas, que manejam, manipulam e governam o Mundo, dá um imenso gozo a quem goste de romances de espionagem (misto de policiais) - e quem não gosta de romances de espionagem? Nunca se sabe o fim da história - que são os verdadeiros governantes do governo mundial - mas, por isso mesmo, a história torna-se mais excitante.
O jornalista deve ter, portanto, um espírito lúdico e bem disposto para saber em que matéria mexe - a informação - o capital mais querido dos grandes manipuladores internacionais do capital. Fora desta rede - só a internacional islâmica ou a resistência tibetana e maubere. Mas essas não são para rir. Fora desta rede, só a fome de 3/4 da humanidade a que o outro quarto chamou Terceiro Mundo. A luta pelo controle da informação é a verdadeira «guerra secreta» que move hoje as pedras do xadrez.
Basílio inscreve-se, portanto, neste quadro como mandatário nacional de Carlos Macedo e este como mandatário nacional de Gentil Martins. Machado Macedo e Costa e Sousa preferem ficar à margem da publicidade, entretendo-se a transplantar corações, técnica cuja mestria aprenderam com Barnard, coqueluche da propaganda cultural sul-africana.
Quando Carlos Macedo rompeu com o PSD, em , fez contas e viu as vantagens. Era melhor servir aos «lobbies» que combatem o Governo, do que a um governo que combate os «lobbies».
No jantar de homenagem, onde havia antibióticos à sobremesa para os fundamentalistas, reuniram-se, além dos inefáveis monárquicos - Coimbra e Ribeiro Teles estavam lá - , o não menos inefável Mnuel Alegre e o Correia de Campos, ministro da Saúde do futuro governo socialista, uma vez que Arnaut e depois Gonelha, mau grado as suas ligações internacionais, parecem ter caído em desgraça no seio do partido, e isto apesar do trabalho que encetaram enquanto lá estiveram, trabalho que tem de ser continuado, para maior glória das multinacionais farmacêuticas.
Outras personalidades do PS estiveram no jantar de homenagem e não foi só para explorar esse belo pretexto de fazer oposição crítica ao cavaquismo. Estiveram e comeram os antibióticos da sobremesa.
Quando Miguel Esteves Cardoso, outro inefável monárquico, foi catapultado para as «europeias» de , uma fonte fidedigna da candidatura descoseu-se a dizer que a sua campanha iria ser subsidiada pelos remédios da farmácia, afirmação logo desmentida.
Mas com todas estas ligações de fundo de Carlos Macedo com o PS - a um certo nível transnacional - como quer Basílio que a candidatura de Soares, o MASP, venha desmentir o que chamou de calúnias, ou seja, o «favor» que ele vinha fazer a Mário Soares e de que o próprio MASP incitava ou financiava Basílio.
A fonte de financiamento, de facto, é comum. Mas isso não quer dizer que Basílio e Soares não tenham que fingir uma renhida luta de galos. Faz parte do tal sentido lúdico da política, em que todos devemos colaborar e empenhar-nos.
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