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2006-06-21

HOLÍSTICA 1987

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O «REALISMO ECOLOGISTA» EM 1987 - PROFETAS DA VISÃO HOLÍSTICA

21/6/1992 - Será a Ecologia Humana a ciência das ciências do futuro ou será antes uma fraude e os que, há quase vinte anos, a estudam, preconizam e defendem, uns atrasados mentais?
Terá razão a tecnocracia que combate ferozmente as alternativas ecológicas de vida ou terão razão os que, em pequenos grupos como a «Frente Ecológica», há cerca de vinte anos tentam esclarecer as pessoas sobre o que mais importa à sua saúde, vida e segurança?
As edições da «Frente Ecológica» foram, durante década e meia, voz activa e participante nessa polémica de «vida ou de morte», documentam e testemunham o nascimento de uma ciência que ainda não nasceu: a Ecologia Humana. Irá ela algum dia nascer?
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Se a aparentemente sem saída crise ecológica e a consequente derrocada do mundo actual se deve, principalmente, à ciência estabelecida, ajudada pelas tecnologias antiecológicas que essa ciência alimenta, não será, evidentemente, dentro da mesma lógica autodestrutiva, com instrumentos, cientistas e tecnologias do sistema estabelecido que iremos criar um distanciamento crítico necessário para perceber onde estamos, de onde viemos e para onde vamos.
Para sabermos como vamos sobreviver à catástrofe, ultrapassar a crise e reatar o fio perdido da «vida para viver» em vez da actual «vida para morrer», teremos - na opinião de alguns - de recorrer a outra ciência e a outra tecnologia diferente daquelas que promoveram a crise e apontam para a catástrofe.
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A intuição holística e ecológica - o sentido profundo da Unidade - foi mantida, através dos séculos, por alguns profetas que nunca aceitaram, na totalidade, a ordem da desordem estabelecida, nem se conformaram com ela.
Curiosamente e como a obra de Fritjof Capra (*) vem, exaustivamente demonstrar, a ciência ocidental de ponta como a Física Atómica em que ele é especialista, conduz à inevitabilidade de regresso às fontes orientais do conhecimento como o Taoísmo.
No meio da balbúrdia em que se transformaram as gralhas ditas ecológicas e ecologistas, tentaram alguns, em nome do «realismo ecologista», ordenar ideias e prioridades, inventariando obras de autores que, em maior ou menor grau, mantiveram sintonizado o comprimento de onda correcto e que foram, portanto, precursores e profetas da Holística contemporânea.
Inventário discutível, sem dúvida, ele constitui um primeiro desafio aos que investigam no campo das ideias, para se defenderem das mentiras numérico-estatísticas que, em nome do rigor matemático e experimental, a ciência oficial vai impingindo.
Como se pretende mostrar pelos autores até agora inventariados pelo «realismo ecologista», num primeiro contributo a uma abordagem holística do real, verifica-se que vem principalmente de escritores, filósofos e homens de pensamento o melhor antídoto à mentira científica. É deles que vem, portanto, o contributo mais decisivo para a viragem contemporânea de mentalidades a que, por comodidade metodológica, chamamos Holística, palavra que sucedeu à palavra Ecologia, completamente desfigurada por todos os ecoequívocos, eco-oportunismos e ecotravestis.
Debaixo da palavra Ecologia, e abusando dela até ao obsceno, se vieram acobertando todos os oportunismos, ao ponto de os ecologistas de sempre se sentirem completamente excluídos.
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Com todas as limitações de uma lista mais do que provisória, eis, por ordem alfabética, alguns profetas da visão holística do mundo e da vida, a maior parte dos quais, como é óbvio, jamais pronunciou ou ouviu pronunciar a palavra Ecologia, até porque a maior parte deles viveu muito antes de que a palavra tivesse sido inventada.
Procura-se, com esta lista «inesperada», mostrar que a «filosofia» em que se fundamentam as ideias e o movimento ecologista, não são de ontem nem de hoje, mas de sempre. Como é de sempre a intuição que acompanhou os mais lúcidos sobre a unidade fundamental do universo.
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Com o «realismo ecologista» trata-se de exercer uma pedagogia profunda, no sentido de ultrapassar, por um mergulho profundo nas raízes da Dialéctica taoísta do yin-yang, as antinomias clássicas da cultura europeia e ocidental ( Ver Denis de Rougemont, «Cartas aos Europeus», pg.54 da edição portuguesa (**). )
Com efeito, essas dicotomias e antinomias são responsáveis não só pela contradição fundamental que atravessa e dilacera a cultura europeia-ocidental - Homem contra Natureza - mas por outras lutas e antinomias que dela decorrem (homem contra o homem, luta de classes, luta de gerações, totalitarismo contra liberdade, etc. )
A bipolarização a nível político, a dicotomia esquerda-direita levada a extremos patológicos, inviabiliza não só qualquer entendimento fraterno entre pessoas e povos, como conduz ao supremo confronto, ao supremo frente a frente dos dois blocos bélicos em uma guerra nuclear.
A aprendizagem da dialéctica yin-yang e a arte da liberdade será assim o objectivo supremo, o que implica um longo período de estudo e reconversão mental, para que gradualmente as caducas antinomias, as contradições inelutáveis vão dando lugar à contradição dialéctica e criadora que as filosofias do yin-yang como o taoísmo ensinaram na sua sabedoria mas a arrogância da chamada ciência europeia e ocidental não só destruiu (em muitos casos), como lançou nos porões da História.
Corolário desta antinomia que a própria Europa criou contra outros povos, culturas, civilizações e continentes, são todas as formas bárbaras de Biocídio, nomeadamente nas formas de Etnocídio e de Genocídio sistemático, que caracteriza as cruzadas do «espírito europeu» e as colonizações sangrentas levadas a cabo por ele.
Apoiam este trabalho de investigação e prospecção heurística, não só alguns textos produzidos e editados na «Frente Ecológica» sobre dialéctica yin-yang aplicada na Prática, mas fontes e autores, mais ou menos proféticos, que paulatinamente se foram aproximando da verdade, quase todos depois de terem percorrido a via dolorosa dos sistemas filosóficos de raiz racionalista, experimental e positivista.
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É pelos resultados concretos e pelas consequências práticas no dia a dia dos factos e dos acontecimentos, que a Ecologia Humana pretende comprovar a validez ou invalidez de todo um sistema teórico, de uma ideologia e, se quiserem, de todo um padrão civilizacional, baseado nas armas, na violência e na morte. E na ciência, como corolário sine qua non.
Pela primeira vez na História, o combate ideológico trava-se ao nível dos acontecimentos e factos a que uma ideologia ( a tecnocrática) deu lugar: os factos são a prova, a irrefutável prova que demonstra a invalidez de teorias, ideias, hipóteses da constelação tecnocrática.
Feita esta prova, efectuado o balanço crítico desta civilização, repara-se, por exemplo, que a Ecologia Humana e a crítica nela implícita à sociedade industrial, vem coincidir com os pressupostos teóricos e filosóficos da corrente teosófica que no mundo ocidental fundaria a sua primeira sociedade em 1875.
Há cento e poucos anos, em 1875, Madame Helena Petrovna Blavatsky, deixava testemunhado, na sua obra monumental, «Ísis Sem Véu», o combate com as correntes ideológicas que, em nome do progresso, do bem estar, da feliciadade dos povos, da razão, etc., ainda não tinham sido postas à prova na realidade concreta dos povos e das pessoas.
Nessa data, quem não acreditava que o século das luzes despontava, que a paz e a felicidade eternas estavam a ser preparadas pela ciência e pela técnica, enfim, que o homem tinha na mão o próprio destino e que, se necessário fosse, escalaria o céu para matar Deus em pessoa?
Cem anos depois, a História dá toda a razão a Helena Blavatsky. A engrenagem ideológica que ela criticara, bem como as instituições que lhe servem de pilares, está podre.
Para honra de Blavatsky e desgraça nossa, mortais terrenos, provou-se, com a crise ecológica, que este ramo europeu da chamada evolução das espécies, estava não só errado de raiz, não só tinha havido um engano de agulha há muitos séculos, não só era estruturalmente violento e portanto autosuicida, como trazia a morte na alma e a vocação autofágica e canibalesca da sua própria destruição.
A crítica da engrenagem tecnocrática feita pela Ecologia Humana possui, portanto, antecedentes e de certa força. Não tem de que se envergonhar das suas premissas e conclusões, que há cem anos já eram preconizadas por espíritos inconformistas e pouco dados a crenças e superstições.
A superstição científica já era então objecto de crítica: porque razão não o há-de ser hoje, em que estão bem à vista os frutos podres dessa árvore envenenada?
Um mundo que só tem o holocausto nuclear como «saída», está ou não suficientemente definido, julgado e condenado?