FOME 1993
1-2 - 93-06-23-ie> = ideia ecológica - RESTOS DE UM DIÁRIO MILITANTE -NOTÍCIAS DO TERROR - ECOLOGIA DOS RECURSOS
23-6-1993
OS «MITOS» DA FOME
*
[o desenvolvimento do subdesenvolvimento ]
O que foi durante séculos a dialéctica do terror à escala planetária - o desenvolvimento do Norte feito à custa do subdesenvolvimento do Sul - verifica-se, a pouco e pouco, a todos os níveis - nacional, regional, local - onde quer que o mesmo modelo de desenvolvimento foi chegando.
Josué de Castro foi dos primeiros a levantar a lebre, ao lembrar que o subdesenvolvimento é apenas a outra face do desenvolvimento. A pouco e pouco se foi vendo isso, mesmo que muitos ainda neguem a evidência, continuando a entoar a ladainha do miserabilismo.
E hoje é possível traçar um quadro ou balanço dos resultados obtidos com o chamado desenvolvimento. Em toda a parte se repete o esquema ou pecado original: o desenvolvimento do subdesenvolvimento.
Exemplo flagrante é o das tensões e pretensões mundiais no campo das pescas, embora se pretenda desviar para motivos colaterais a verdadeira essência ecológica do problema dos «recursos pesqueiros». A sobrepesca das potências com frotas mais poderosas, é um facto mas é também um desses factores colaterais. Facto fundamental - e não colateral - é que a diminuição dos «stocks» cresce vertiginosamente devido ao biocídio praticado nos oceanos, lagos e rios pelas actividades do imperialismo industrial, o tal desenvolvimento.
Que a outra face do crescimento industrial é a fome e não a prosperidade, prova-o o défice cada vez maior de produtos pescados nos oceanos em geral e nas costas portuguesas em particular, como os vários incidentes com pesqueiros constantemente têm provado nos últimos anos. Todos os dias, entretanto, nas listas dos portos mais fartos de pesca, Matozinhos, Peniche, Olhão, camiões frigoríficos recebem toneladas de peixe fresco que transportam rumo à Europa , nomeadamente Itália, que consegue assim abastecer os seus hotéis de luxo com o peixe que já não consegue tirar das águas podres do Adriático. «Não há falta de peixe» - continuam a dizer os entendidos. «O peixe está cada vez mais caro» - dizem os desentendidos, sem ligar o efeito à causa. Ignorando que esta sociedade aumenta constantemente os preços sem dizer nunca que é o produto que cada vez mais rareia.
[Afonso Cautela, reteclado em 23/6/1993]
*
[pecuária sem fins de abate - balanço energético menos negativo - proteínas vegetais - estrume natural - cultura diversificada - pastagens/pousio - combate à monocultura industrial ]
Para o leite que o País necessita, dizem os entendidos que é preciso uma «reconversão da pecuária» com fins mais produtivos e reprodutivos do que de abate. Também os ecologistas defendem a criação de gado para fins que não sejam os de abate, embora por motivos diferentes e até antagónicos daqueles. Motivos que se podem enunciar em alguns pontos: é preciso que os portugueses se acostumem a comer menos carne e a desencantar proteínas vegetais.
Uma pecuária sem fins de abate não só aumentará as reservas de leite - como pretendem os produtores deste - mas produzirá estrume natural ou fertilizante orgânico (dispensando importação de adubos), levando as unidades de produção diversificadas (em vez do absurdo ecológico da monocultura extensiva das culturas industriais) e ao sistema de rotação pastagens-poisio que é fundamental para a manutenção dos ecossistemas agrícolas.
É possível ver nos que defendem a criação de gado sem fins de bate um aliado táctico. O leite, o estrume, a pastagem-poisio, a produção diversificada e o combate implícito à monocultura industrial são afinidades suficientemnete importantes para o ecologista. Isto sem entrar no balanço energétio negativo que o consumo de carne representa face ao consumo de proteína vegetal e de cereais.
*
[os 8 mitos da fome ]
O texto sobre os 8 mitos da fome publicado pela revista «Eco-forum», órgão internacional das Organizações não Governamentais para o Ambiente (ONG) que se publica em Nairobi, sede do Organismo das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), consegue desmistificar o problema mundial da Fome em poucas palavras e destruir sofismas da longa e exaustiva demagogia que, a Leste e a Oeste, continua produzindo a fome dizendo que a mata.
Este texto, publicado em uma revista que reflecte a vanguarda do movimento eco-alternativo mundial, serve para, no campo de concentração português, se compreender até que ponto nos mentem, dia a dia, hora a hora, sobre os assuntos fundamentais do globo, e até que ponto nos lavam o cérebro as centrais de intoxicação planetária que, a Leste e a Oeste, conseguem mentir a meio mundo e enganar outro meio.
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23-6-1993
OS «MITOS» DA FOME
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[o desenvolvimento do subdesenvolvimento ]
O que foi durante séculos a dialéctica do terror à escala planetária - o desenvolvimento do Norte feito à custa do subdesenvolvimento do Sul - verifica-se, a pouco e pouco, a todos os níveis - nacional, regional, local - onde quer que o mesmo modelo de desenvolvimento foi chegando.
Josué de Castro foi dos primeiros a levantar a lebre, ao lembrar que o subdesenvolvimento é apenas a outra face do desenvolvimento. A pouco e pouco se foi vendo isso, mesmo que muitos ainda neguem a evidência, continuando a entoar a ladainha do miserabilismo.
E hoje é possível traçar um quadro ou balanço dos resultados obtidos com o chamado desenvolvimento. Em toda a parte se repete o esquema ou pecado original: o desenvolvimento do subdesenvolvimento.
Exemplo flagrante é o das tensões e pretensões mundiais no campo das pescas, embora se pretenda desviar para motivos colaterais a verdadeira essência ecológica do problema dos «recursos pesqueiros». A sobrepesca das potências com frotas mais poderosas, é um facto mas é também um desses factores colaterais. Facto fundamental - e não colateral - é que a diminuição dos «stocks» cresce vertiginosamente devido ao biocídio praticado nos oceanos, lagos e rios pelas actividades do imperialismo industrial, o tal desenvolvimento.
Que a outra face do crescimento industrial é a fome e não a prosperidade, prova-o o défice cada vez maior de produtos pescados nos oceanos em geral e nas costas portuguesas em particular, como os vários incidentes com pesqueiros constantemente têm provado nos últimos anos. Todos os dias, entretanto, nas listas dos portos mais fartos de pesca, Matozinhos, Peniche, Olhão, camiões frigoríficos recebem toneladas de peixe fresco que transportam rumo à Europa , nomeadamente Itália, que consegue assim abastecer os seus hotéis de luxo com o peixe que já não consegue tirar das águas podres do Adriático. «Não há falta de peixe» - continuam a dizer os entendidos. «O peixe está cada vez mais caro» - dizem os desentendidos, sem ligar o efeito à causa. Ignorando que esta sociedade aumenta constantemente os preços sem dizer nunca que é o produto que cada vez mais rareia.
[Afonso Cautela, reteclado em 23/6/1993]
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[pecuária sem fins de abate - balanço energético menos negativo - proteínas vegetais - estrume natural - cultura diversificada - pastagens/pousio - combate à monocultura industrial ]
Para o leite que o País necessita, dizem os entendidos que é preciso uma «reconversão da pecuária» com fins mais produtivos e reprodutivos do que de abate. Também os ecologistas defendem a criação de gado para fins que não sejam os de abate, embora por motivos diferentes e até antagónicos daqueles. Motivos que se podem enunciar em alguns pontos: é preciso que os portugueses se acostumem a comer menos carne e a desencantar proteínas vegetais.
Uma pecuária sem fins de abate não só aumentará as reservas de leite - como pretendem os produtores deste - mas produzirá estrume natural ou fertilizante orgânico (dispensando importação de adubos), levando as unidades de produção diversificadas (em vez do absurdo ecológico da monocultura extensiva das culturas industriais) e ao sistema de rotação pastagens-poisio que é fundamental para a manutenção dos ecossistemas agrícolas.
É possível ver nos que defendem a criação de gado sem fins de bate um aliado táctico. O leite, o estrume, a pastagem-poisio, a produção diversificada e o combate implícito à monocultura industrial são afinidades suficientemnete importantes para o ecologista. Isto sem entrar no balanço energétio negativo que o consumo de carne representa face ao consumo de proteína vegetal e de cereais.
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[os 8 mitos da fome ]
O texto sobre os 8 mitos da fome publicado pela revista «Eco-forum», órgão internacional das Organizações não Governamentais para o Ambiente (ONG) que se publica em Nairobi, sede do Organismo das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), consegue desmistificar o problema mundial da Fome em poucas palavras e destruir sofismas da longa e exaustiva demagogia que, a Leste e a Oeste, continua produzindo a fome dizendo que a mata.
Este texto, publicado em uma revista que reflecte a vanguarda do movimento eco-alternativo mundial, serve para, no campo de concentração português, se compreender até que ponto nos mentem, dia a dia, hora a hora, sobre os assuntos fundamentais do globo, e até que ponto nos lavam o cérebro as centrais de intoxicação planetária que, a Leste e a Oeste, conseguem mentir a meio mundo e enganar outro meio.
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