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2006-06-23

ECO-DIAGNÓSTICO 1987

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INVESTIGAÇÃO MENOSPREZA CAUSAS QUÍMICAS DA DOENÇA

23/6/1987 - O efeito de substâncias químicas no metabolismo dos seres vivos é ainda mal conhecido porque está mal estudado e está mal estudado porque, como causa ambiental de doenças, interessa ao sistema estabelecido que ele continue mal estudado.
A ciência (e quem a subsidia) está mais interessada em continuar a investigar medicamentos para combater o sintoma (efeito) do que em conceder verbas para indagar (investigar) das causas (ambientais) que produzem os sintomas ou efeitos.
A ciência (e quem a subsidia) está mais interessada em continuar a investigar a forma de complicar a já complicada engrenagem de combate ao sintoma, engrenagem que leva todos, doentes e médicos, hospitais e ministérios da saúde, ao stress e, portanto, ao abuso de psicotrópicos.
A ciência (e quem a subsidia) está mais interessada em deixar intactas as causas que accionam os lucros das indústrias medicamentosas, psicotrópicos e nem só.
A ciência (e quem a subsidia) está mais interessada em continuar explorando o pormenor do pormenor, em vez de caminhar para uma exploração cada vez mais global do ambiente e dos ambientes que condicionam a saúde e a doença.
A ciência (e quem a subsidia) está mais interessada em continuar subdividindo as matérias de estudo em campos onde a análise já atingiu os extremos do absurdo (perdendo completamente a consciência do conjunto que é afinal o ser humano) , porque essa hiperanálise não põe em causa a essência do sistema, a estrutura do sistema, limitando-se a ter uma função lúdica para o investigador, que se diverte analisando e subdividindo, ou porque essa análise aperfeiçoa produtos já no mercado sem pôr nada em causa.
Por isso o metabolismo das drogas chamadas psicotrópicas, está mal estudado e é pouco conhecido.
Um dos caminhos será talvez saber como o peso atómico das substâncias químicas determina a sua acção sobre o metabolismo.
Por enquanto, a ciência não tem um método e aproveita, como cobaias, os consumidores de droga que lhe passam pelas mãos. O pouco que a ciência sabe sobre metabolismo das drogas, aprendeu-o fortuitamente e não metodicamente.
É que a ciência nem sequer ainda tem um método para avançar nesse campo.
Dois investigadores da Organização das Nações Unidas, Georg Ling, director da Divisão de Narcóticos, e Susan Boutle, da mesma Divisão, analisavam na revista «Saúde Mundial» (Junho de 1979) , o efeito que poderá ter na placenta do feto a ingestão pela mãe grávida de drogas como a heroína.
No caso do tranquilizante Talidomida, esse efeito só foi conhecido quano nasceram as primeiras crianças deformadas.
Mas é necessário investigar o efeito de outras drogas que, mais raras ou mais de rotina, podem criar situações que são hoje totalmente ignoradas.
Ter-se inventado um vírus para a imunodeficiência, que é hoje um sindroma tipicamente ambiental, para não dizer iatrogénico ( produto de uma sucessão de medicações com vacinas, corticoides e antibióticos, cujos efeitos nunca foram suficientemente estudados e são praticamente desconhecidos nas suas consequências a médio e longo prazo) é exemplo definidor da situação que sufoca a investigação científica actual.
«Compostos de peso molecular inferior a 600 facilmente atravessam a placenta, enquanto muitas drogas e substâncias terapeuticamente eficazes têm peso molecular inferior a 600», escrevem os autores do artigo já referido.
Insistindo propositadamente numa droga de excepção e condenada pela moral vigente - a heroína - os autores desvalorizam insensivelmente o restante tropel de drogas que a mãe grávida em geral e não só a heroinómana consomem, com repercussões desconhecidas (???) no futuro filho.
Já nessa data, Junho de 1979, os dois técnicos em Narcóticos da Organização Mundial de Saúde, alertavam para o consumo crescente entre crianças de hidrocarbonetos voláteis, tais como acetona, cola ou solventes de pintura, prática que pode causar arritmia cardíaca, lesões cerebrais e mesmo morte.
Cuidadosamente, os autores enfrentam o assunto entre todos tabu, a terapia medicamentosa para casos que a psiquiatria classifica como hiperactividade, à qual pode associar lesão cerebral.
«Paradoxalmente - escrevem os autores, numa crítica implícita - as drogas mais eficazmente usadas para controlar esse comportamento são estimulantes do sistema nervoso central, como o metilfenidato e a dextroanfetamina.»
O ambiente físico e social também é chamado à responsabilidade na criação de estados de espírito que levam as crianças a consumir drogas psicotrópicas.
Referem os autores, por exemplo, «a falta de áreas de lazer e instalações adequadas de recreio, a ausência de programas para o desenvolvimento de actividades sociais e criadoras, a inexistência de ambiente doméstico e social que atenda necessidades de afeição, compreensão, estímulo, apoio, amizade e sensação de valor pessoal.»
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