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2006-08-16

DÉFICE 1999

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DESPESAS COM A DOENÇA: UM DESPERDÍCIO QUE LEVARÁ O SISTEMA AO COLAPSO

Que lógica é esta do absurdo?

18/Agosto/1999

18/8/1999 - Em 8 de Julho de 1999, os jornais divulgavam um facto inédito: pela primeira vez, o Tribunal de Contas fazia questão de tornar público o défice do Serviço Nacional de Saúde em 1998, défice que teria atingido os 330 milhões.
Ocorrem, desde logo, 3 questões que ninguém se lembrou de levantar:
1) Se todos os anos o Tribunal de Contas faz estas contas, porque só agora se acha na obrigação de as vir divulgar com grande pompa e circunstância?
2) Se no ano de 1998 foi de 330 milhões de contos, interessante seria saber qual tem sido então a evolução desse défice através dos anos, dos governos e dos regimes.
3) Uma terceira e última questão, é esta e fala do inverosímil: se se fizesse uma auditoria ao serviço particular de saúde, tal como se fez ao serviço público, qual seria o «desperdício» encontrado?
Queiramos ou não, objectivamente este relatório conduz indirectamente à apologia de um serviço de saúde particular, pela condenação formal do serviço público, o tal que tem o nome de Serviço Nacional de Saúde mas que antes se deveria chamar Serviço Nacional de Doença. Também o Ministério da Saúde se deveria chamar Ministério da Doença e a Política de Saúde uma Política de Doença.

Deste equívoco vocabular - chamar saúde àquilo que é doença - resulta afinal tudo o que gira à volta das chamadas despesas de saúde que são, obviamente e sem discussão, despesas (astronómicas) com a doença e com um sistema que multiplica e faz proliferar doenças e doentes.

Os desperdícios assinalados pelo Tribunal de Contas são todos explicáveis por esse equívoco vocabular.
Ou seja: não é a santa Ministra da Saúde, coitadinha, que tem a mínima culpa, nem Leonor Beleza, nem Bagão Félix, nem as dezenas de ministros que pelo chamado Ministério da Saúde passaram.
A culpa de todos os desperdícios é do sistema, só do sistema e sempre do sistema.
Tem necessariamente que entrar em bancarrota e os défices serão cada vez mais astronómicos, um sistema que continua a ser um sistema de doença em vez de um autêntico sistema de saúde. Ou, no mínimo, enquanto o sistema de doença não admitir, em metade, um verdadeiro sistema de saúde.
Tem necessariamente que entrar em bancarrota um sistema que se baseia no sistemático desperdício de recursos, mas nem só financeiros: em saúde, o principal dos recursos a preservar são as próprias defesas naturais do organismo, coisa com que o sistema médico nem ninguém se preocupa minimamente.
Tem necessariamente que provocar buracos orçamentais no orçamento do Ministério da Saúde, um sistema (sintomático em vez de causal e ecológico) que incentiva a multiplicação das doenças e eterniza até à doença crónica, a monodependência dos doentes aos serviços médicos e hospitalares (assistanato).
Tem necessariamente que conduzir à falência financeira e técnica, um sistema que incentiva (em vez de desincentivar) o gasto de medicamentos que, pelos efeitos adversos (cinicamente apelidados de secundários) , provocam necessariamente mais medicamentos e estes mais medicamentos, numa escalada que tem muito de infernal mas com a qual, aparentemente, ninguém se preocupa.
Tem necessariamente que provocar despesas astronómicas com a chamada saúde, um sistema que não se ocupa minimamente com a saúde (e portanto com a profilaxia natural da saúde e com as artes ecológicas de curar) mas que se limita a dizer que combate a doença, ou seja, a asfixia dos sintomas que, por sua vez, irão recrudescer um pouco mais tarde sob formas cada vez mais violentas e virulentas, ou crónicas.
Tem necessariamente que trazer em conflito permanente a classe médica e o Ministério, um sistema que só sobrevive quanto mais doentes engendrar e que, por isso, consciente ou inconscientemente, os produz através de uma lógica de absurdo que é a lógica sintomatológica do ataque ao sintoma.
Tem necessariamente que deixar todos frustrados - médicos honestos, ministério bem intencionado e doentes (im)pacientes - um sistema que, em vez de curar, trata, apenas trata e, a maior parte das vezes, maltrata.
Tem necessariamente que rebentar pelas costuras um sistema que se alimenta, vorazmente, de tecnologias cada vez mais sofisticadas e caras, sem que uma tal perfeição tecnológica tenha alguma contrapartida na diminuição de percentagens de doentes e doenças.

O PROGRESSO DA DOENÇA

Se o progresso, em saúde, é ter cada vez mais hospitais, mais médicos, mais doentes, mais doenças e, portanto, mais filas de espera, é evidente que o sistema há-de um dia rebentar pelas costuras, se é que não rebentou já.
Tem necessariamente que fazer pensar as pessoas honestas, este absurdo: Que, com mais de 7 mil especialidades farmacêuticas no mercado, continue a haver cada vez mais doenças e doentes, cada vez mais hospitais, cada vez mais filas de espera, cada vez mais intervençõs cirúrgicas.
Tem necessariamente que ser reformado, um sistema que, não sabendo curar uma gripe, se vangloria dos sucessos da grande e caríssima cirurgia, sem querer reconhecer que esse progresso da cirurgia (caríssimo para o orçamento do ministério e que todos pagamos) é a mais óbvia consequência da completa falência da terapia química.
Tem necessariamente que custar caríssimo ao contribuinte um sistema que incrementa sistematicamente novas patologias, sem que haja a honestidade de reconhecer que essas novas patologias são, em grande parte, produtos da medicina química (aquilo que os sábios chamam iatrogénese).
Tem necessariamente que irritar toda a gente, um sistema médico-farmacêutico que põe a cirurgia nos cornos da lua quando meteu no buraco do mais absoluto silêncio e ostracismo tudo o que fosse educação sanitária, ecologia humana, despistagem dos factores ambientais da doença, higiene alimentar, profilaxia natural, enfim, a famigerada saúde pública.
Tem necessariamente que conduzir ao suicídio colectivo um sistema médico-sintomatológico que degrada a imunidade natural em vez de nela se apoiar como alicerce e pilar da verdadeira cura.
Tem necessariamente que produzir cada vez mais doenças e doentes (e portanto despesas com a doença a que se chama saúde) um sistema que deliberadamente ignora a alquimia da célula, o metabolismo celular e que a cura, a verdadeira cura, tem que passar necessariamente pelas chamadas «reacções curativas», como todos os grandes clássicos da medicina, de Hipócrates a Indíveri Colucci, de Colucci aos novos arautos da lógica ortomolecular, sempre propugnaram como o princípio de todos os princípios.
Tem necessariamente que levar à revolta de uma parcela de consumidores cada vez mais numerosa, mais consciente e mais exigente, o facto de os representantes da ordem médica estarem sempre mais preocupados com a manutenção dos seus privilégios do que com os grande problemas de saúde pública que hoje são o constante gáudio de jornais e telejornais e sem os quais problemas não viveriam: ou será que a medicina não tem a ver com saúde pública e com as poluições alimentares e com os ambientes patogénicos?
Ou será que só lhe interessam os 25 milhões de contos que o sector das medicinas alternativas movimenta por ano?
Nesse caso porque está sempre a meter o nariz no campo da saúde que é o campo do naturólogo, do professor de saúde, do higienista, do técnico holístico a quem as poluições basicamente preocupam e para quem a maior parte das doenças, hoje, são doenças do consumo e começam exactamente nos factores endógenos e exógenos de ambiente?
Tem necessariamente que revoltar o cidadão comum - o que paga sempre todas as farras de todos os desperdícios - um sistema que gasta rios de dinheiro dos contribuintes com a doença mas que se nega a dar um tostão, se um desses contribuintes quiser curar-se por meios naturais e com recursos certamente muito mais baratos ao orçamento de Estado do que os custos astronómicos do sistema vigente?
Tem necessariamente que se reflectir na votação dos eleitores e no número de abstenções, um sistema que trata injustamente os cidadãos, apoiando os que se tratam pelos meios mais caros e segregando os que se tratam pelos meios mais económicos.
Tem necessariamente que irritar os pacientes mais pacientes, um sistema que ainda não percebeu a mais comezinha realidade dos factos: o negócio médico não tem nada a perder, pois terá sempre quem o procure. Metade da humanidade há-de sempre fatalmente preferir a engrenagem (caríssima) da monodependência médico-hospitalar. Mas há também a outra metade que prefere prevenir em vez de remediar e que, portanto, aposta nas alternativas de vida, nas tecnologias ecológicas de saúde, na autosuficiência terapêutica, na agricultura biológica, na profilaxia natural, nas artes de curar milenares e nas tecnologias holísticas de ponta.
Na humanidade, há os masoquistas que continuarão a percorrer a via sacra dos médicos e medicamentos. Mas há os não masoquistas que não estão dispostos a percorrer essa via sacra , porque têm mais que fazer do que estar permanentemente doentes.
E é esta metade que não é masoquista, a única esperança de o sistema não cair irremediavelmente em bancarrota.
Os responsáveis do poder político têm que o perceber de uma vez por todas. E antes que o sistema lhes caia em cima.
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