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2006-07-24

UTOPIAS 1990

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UM ESTUDO CRÍTICO DE TOMÁS MALDONADO - ÀS UTOPIAS E UCRONIAS

[24-7-1990] - No livro editado em l957 pela editora Socicultur (Lisboa), com o título «Meio Ambiente e Ideologia»(*), Tomás Maldonado utiliza um conceito estático ( clássico) de utopia: para ele, utopistas são os que sonham esta sociedade tecnológica levada às suas últimas consequências e sem alternativas, encerrada e sem saída dentro das suas próprias premissas.
Acontece, porém, que desde as primeiras comunas "hippies", o sentido de utopia se modificou, passando a significar simplesmente o realismo das alternativas ecológicas possíveis ao terror industrial . As alternativas possíveis aos becos impossíveis.
O livro de Roger Garaudy, editado em português na colecção « Viragem», versa exactamenta « A Alternativa»(**) , seu próprio título, e faz um pouco o ponto dos movimentos que conduziram à Neo-Utopia. O conceito prospectivo de utopia difere essencialmente do conceito clássico por ter ultrapassado o dualismo teoria-prática.
Os grupos «underground» não teorizam a contra-cultura, praticam-na. Mesmo alguns mais avisados como Tomás Maldonado, estão, porém, suficientemente atados ao passado para poderem perceber que espécie de ruptura, de alternativa, de mundo diferente ou sociedade paralela nos propõem os novos utopistas. A quem se chamará muito justamente os novos realistas, face à utopia tecnocrática cada vez mais evidente.
Os novos utopistas, ou antes, os novos realistas, já não são os arquitectos pomposos de complicadas cidades tecnotrónicas ( tipo Buckminster Fuller, Lloyd Right, Solari) mas apenas os que dela e do seu pesadelo se marginaram, fundando aldeias ou comunidades de vida alternativa.
Melhorar a cidade? Reformar a vida urbana? Nem uma coisa nem outra. Para os realistas de amanhã que são os utopistas de hoje, para os « contemporâneos do futuro», esse «slogans» provam a irremediável cegueira e concomitante dogmatismo dos que só admitem a sua via como única e os seus esquemas mentais, a sua « estrutura» ideológica.
A utopia hoje já está a fazer o possível do impossível amanhã ( impossível segundo a óptica do conformismo tecnocrático, imobilista e reformista). Não espera que a difícil tecnologia se digne, com todo o seu arsenal de frustrações, dar-lhe o que há tanto lhe tirou. Desde o « paraíso perdido», afinal, a que melhor se chamaria «paraíso roubado».
Aliás, são ainda representantes da nova utopia, os que falam de«tecnologias doces». Assim, o pesadelo da cidade lhes deixe tempo livre para construírem o sonho que faz fantástica a realidade. Porque de verdadeiras fantasmagorias e alienações, de mitologias proliferantes e criminosas é esta vida a que chamam real os fabricantes de fantasmas.
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