MEDICINAS 1997
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11-6-1997
MEDICINAS DOCES CONQUISTAM OPINIÃO PÚBLICA - DATAS E FACTOS (1965-1990)
Cronologia organizada por Afonso Cautela
11/6/1997 - Aqui vai, para convencimento dos cépticos, uma lista de datas e acontecimentos marcantes, no movimento de adesão às medicinas novas, doces ou alternativas:
13 de Setembro de 1965 - É publicado em Madrid um volume de 620 páginas com as actas do VI Congresso Internacional de Medicina Neohipocrática, realizado, entre 13 e 18 de Setembro de 1965, na capital espanhola. Não consta que tivesse lá ido a polícia prender ninguém, embora em Portugal haja uns senhores muito excitados sempre com um polícia para atirar às canelas dos que se mostram menos ortodoxos e mais hipocráticos nas suas práticas médico-terapêuticas.
É de 1972 a edição em França, pela Denoel, de uma das primeiras enciclopédias sobre medicinas naturais que apareceram na Europa. Intitulada «Les Medecines Naturelles», era dirigida por Annie Morand e redigida por uma equipa de redactores apoiados por um corpo de médicos especializados em terapêuticas pouco ortodoxas. Não consta que a ordem dos médicos tenha protestado por esta violência editorial.
Setembro de 1977 - Revista que se pretende inconformista e que reúne alguns pensadores de esquerda socialista em França, «Autrement» dedica um número especial aos «Franc-tireurs de la Médecine», não porque os considere antisociais e perniciosos, antes pelo contrário. Nessa altura ainda o melhor socialismo era o inconformista.
23 de Abril de 1979 - Organização Mundial de Saúde intensifica programas de valorização da medicina tradicional: a decisão da OMS fundamenta-se no reconhecimento de que três quartos da população mundial recorrem aos cuidados de saúde tradicionais...
2 de Janeiro de 1980 - OMS indica uma lista de 43 doenças que podem ser tratadas por acupunctura, o que já não é nada mau, atendendo ao proverbial atraso desta paquidérmica instituição, sempre a reboque das grandes multinacionais da química
7 de Abril de 1980 - O semanário «Le Nouvel Observateur» ocupa sete páginas com um artigo intitulado «Pladoyer pour les médecines douces», começando por perguntar: «científicos» contra «charlatães»?
É de 1981 um número da revista internacional de desenvolvimento sanitário «Forum Mondial de la Santé», editada pela OMS, em que se glosam temas como «a saúde para todos no ano 2000: um conceito revolucionário» e o «tomar a seu cargo a própria saúde», a propósito de cuidados primários e dos chamados «grupos de auto-assistência».
1982 - A Editorial Presença foi, entre as grandes editoras portuguesas, uma das primeiras a apostar nos temas holísticos de saúde, publicando em 1982 , «O Livro da Medicina Natural», obra volumosa que divulga muitos aspectos relacionados com «plantas medicinais», «hidroterapia», «lodo e argila», «cinesioterapia», «massagem», «relaxamento», «nutrição e dieta», «estimuloterapia», «quiroprática», etc. Estando longe de ser uma obra isenta, pois mistura o essencial com o acessório, fica como uma prova de boa vontade que deverá merecer registo. Só anos depois a mesma editora encetaria a publicação de uma colecção inteiramente consagrada às terapêuticas alimentares e uma outra, mais genérica, às artes de «viver».
1983 - No Rio de Janeiro, a grande editora brasileira «Três» prova que afinal a «medicina natural» existe, pois consagra-lhe uma pequena enciclopédia ilustrada em quatro volumes e que saiu em fascículos.
1983 - A Organização Mundial de Saúde(OMS) edita, em 1983, a obra «Medicina Tradicional e Cobertura dos Cuidados Primários», o mais completo e sistemático quadro que jamais foi elaborado sobre o conjunto das medicinas tradicionais das grandes culturas do mundo como a chinesa, a tibetana, a hindu, etc.
Fazendo assim frente às pressões multinacionais e aos «lobbies» farmacêuticos que operam dentro da própria OMS, para ignorar ou omitir o assunto, a OMS consagra nesta obra e definitivamente as «artes terapêuticas», nas quais terá que se basear, para ser verdade e para ser democrática, a sua ambiciosa campanha designada «saúde para todos no ano 2000», desideratum que só com as medicinas naturais e nacionais poderá conseguir-se, visto que são as mais económicas e ao alcance dos pobres, e já que é impossível dotar todo o mundo com os sistemas sofisticados e de alto custo como os do Hospital S. Francisco Xavier... Sistemas para onde caminha a medicina de ponta, dita de «alta especialização», que se encontra assim num beco sem saída depois de se encontrar num atasqueiro sem nome nem medida.
Outono de 1983 - Revista de grande prestígio cultural em França, a «CoEvolution», editada pela Associação «l'Arc-en-ciel», apresenta, no Outono de 1983, no seu número 14, um dossier especial « Novas perspectivas para a Medicina», à luz das ideias «evolucionistas» que inspiram os responsáveis desta publicação.
6 de Outubro de 1984 - «A medicina tradicional e especialmente o uso de produtos biológicos naturais pode contribuir muito para se conseguir «saúde para todos no ano 2000», segundo anunciava de Genebra em 6 de Outubro de 1984, a Organização Mundial de Saúde, preocupada em concretizar na prática aquele slogan da sua campanha.
Olayiwola Akere, chefe do programa de medicina tradicional da OMS, fez nesta data um balanço positivo dos progressos realizados desde que a Assembleia Mundial de Saúde pediu, em 1977, a todos os governos para concederem «uma importância adequada ao emprego de sistemas médicos tradicionais».
Nessa data existiam no mundo 16 centros colaboradores nesta matéria com a OMS, cujos técnicos voltaram a reiterar que as práticas sanitárias e as substâncias naturais, uma vez comprovada a sua eficácia e inocuidade, podem oferecer remédios aceitáveis culturalmente e que estão economicamente ao alcance dos mais necessitados.
Março de 1985 - Arrogando-se o privilégio de vir pôr tudo em pratos limpos, separando o trigo do joio e mostrando o que eram afinal as medicinas que a medicina rejeita, a revista «Science et Vie» dedica um dos seus números trimestrais, em Maio de 1985, ao tema «Les Médecines Parallèles», onde anuncia «a controvérsia e as verdadeiras questões». Ainda que elaborada na perspectiva do poder médico estabelecido, ou por isso mesmo, não deixa este número de ser elucidativo de uma premente necessidade que o poder médico tem de vir esclarecer, junto das massas, determinadas questões. Conforme informava a revista, as sondagens já davam mais de 50% de franceses, nessa altura, que se tratam por meios pouco ou nada ortodoxos, preferindo as medicinas heréticas.
Primavera de 1985 - A editora brasileira L & PM de Porto Alegre manifesta um apurado sentido das realidades ao lançar, na Primavera de 1985, um livro de 450 páginas intitulado «Almanaque Pés Descalços», conjunto antológico de textos sobre as mais variadas tecnologias ecológicas, mas principalmente sobre as tecnologias de saúde. Intitulado «guia alternativo para auto-suficiência e consciência planetária» nunca mais teve sucedâneo, como obra de conjunto, no campo da edição portuguesa, onde é tímida e fugaz a referência às ecotecnologias de saúde.
8 de Setembro de 1985 - No domínio da legislação progressista adoptada por alguns países que não têm medo do Dr. Machado Macedo e das suas caretas, a Austrália mostrava o caminho, fazendo aprovar, em 8 de Setembro de 1985, no Parlamento, a lei sobre medicinas naturais.
Em Fevereiro de 1986 é divulgado o relatório elaborado pelo grupo de reflexão que, em França, foi nomeado pela Ministra dos Assuntos Sociais e da Solidariedade Nacional para estudar a questão nacional das «medicinas diferentes». Esse Colectivo Nacional para a Defesa e experimentação das Medicinas Alternativas (CODEMA) intitulou o seu relatório com uma interrogação: «Avaliar as medicinas diferentes: um desafio?». Meses mais tarde, os «lobbies» do costume, faziam à Ministra o mesmo que em Portugal alguns semanários têm vindo a fazer à Beleza. «Les beux esprits se rencontrent».
Maio de 1986 - A «Revue française des affaires sociales», editada pelo Ministério dos Assuntos Sociais e do Emprego, entende dever «fazer-se eco deste fenómeno de sociedade» que são as «medicinas alternativas, diferentes ou naturais» que conhecem hoje «uma fama sem precedentes» como dizia Albert Ziegler, organizador do número especial então publicado por aquela revista, em Maio de 1986, intitulado «Médecines Différentes»
29 de Agosto de 1986 - O jornal de Colónia (RFA),«Kolner Stadt-Anzeiger» confirma, em título, num artigo de Heinz Ockhardt, que «Vegetarianos sofrem menos de doenças» e que o Centro de Oncologia de Heidelberg confirma a hipótese...
19 de Setembro de 1986 - Organização Mundial de saúde para a África apela ao reforço da investigação dos métodos da medicina tradicional., dando prioridade aos cuidados primários de saúde para a promoção e protecção dos trabalhadores agrícolas
Outubro de 1986 - Um luxuoso e volumoso album de 450 páginas é lançado em Portugal pelas Selecções do Reader's Digest, contando com um grupo de médicos que esta editora convidou como «consultores» da edição portuguesa. Omite-se no entanto a proveniência original desta obra, pormenor que é de lamentar numa iniciativa editorial, em si mesma e independentemente disso, digna dos maiores encómios. « A saúde pela Natureza» - assim se intitula este livro aparentemente «sem autor» - continua praticamente insubstituível como obra de consulta, imprescindível a gregos e a troianos, médicos e não médicos...
Em 13 de Dezembro de 1986, o semanário «Madame Figaro» publica 24 páginas totalmente a cores sobre «Special Medecines Douces», onde se falava de sofrologia, musicoterapia, termalismo, acupunctura, simpaticoterapia, auriculoterapia, mesoterapia, magnetoterapia, homeopatia, vitamino-oligoterapia, massagens, manipulações e iridologia.
Dezembro de 1986 - A revista «Autrement» (nº 85), dedica um número especial às medicinas livres, com o título «Autres Médecines,Autres moeurs».
Acupunctura, naturoterapia,biokiergia, homeopatia, bionergética, cibernética humana, são aí tratadas com grande relevo e ênfase
26 de Março de 1987 - Reunindo as maiores sumidades do mundo holístico, Brasília acolhe, em 26 de Março de 1987, o I Congresso Holístico Internacional, onde se faz o balanço das potencialidades que o movimento apresenta no momento actual. «Encontro entre a ciência moderna, a arte e a sabedoria antiga», como foi definido pelos organizadores, o congresso permitiu uma convergência de correntes que, nos últimos anos, têm marcado, de maneira decisiva, o pensamento heterodoxo mundial, nomeadamente no campo da ciência médica, que, no entanto, em certos meios trogloditas, persiste na sua rígida e dogmática imobilidade, já bastante cadavérica.
Com a data de 4 de Junho de 1987, aparece, nos documentos do Parlamento europeu, um relatório da comissão do ambiente, da saúde pública e da protecção dos consumidores, sobre os medicamentos naturais (fitomedicamentos) na Comunidade Europeia. Relator: M.G. Gaibisso.
Em 24 de Agosto de 1987, o semanário «Elle» apresenta um artigo de 4 páginas sobre «Ayurveda - Segredos da Medicina Indiana»
13 de Novembro de 1987 - Embora o público tivesse acorrido, em avalanche, ao 1º Festival de Vida Natural que se realizou em Lisboa, no Forum Picoas, e onde participaram, como oradores, vários médicos, não morreu ninguém nem ninguém teve que ser hospitalizado, apesar de o acontecimento anunciar, além das conferências produzidas por doutos eruditos, uma exposição de dietética, produtos naturais, alimentação racional, cosmética natural, alternativas e desporto. Voilá.
Em Abril de 1988, a revista «Actuel», que não é só sensacionalismo, publica um artigo sobre o Príncipe Carlos de Inglaterra, exaltando as suas preferências reais pela homeopatia e nem só. O médico da corte inglesa, Ronald Davy, é homeopata (lagarto, lagarto),bem como o farmacêutico real, dr. Ainsworth, tesoureiro da British Homeopathic Association. E viva o príncipe.
Em 8 de Outubro de 1988 assinala-se, em Madrid, a realização das II Jornadas de Medicina Holística, organizadas por uma instituição que se chama exactamente «Medicina Holística», com sede também em Madrid.
Nestas jornadas só participaram praticamente médicos que se dedicam «ao avanço das medicinas doces na Europa», a «novos métodos de acupunctura: diagnóstico facial e terapia cibernética», à «cura com levedura de cerveja», às «câmaras de isolamento sensorial», etc. A Associação «Vida Sana» patrocinou também este evento médico.
Em 25 de Janeiro de 1989, o semanário «Notícias Médicas», provanmdo que os portugueses também são civilizados, dedica uma página ao I Simpósio em Portugal sobre homeopatia, promovido pelo Instituto Boiron, com o apoio da Euro-Labor, e que, segundo consta, não matou ninguém. A reunião foi mesmo presidida pelo director-geral de Assuntos Farmacêuticos, do Ministério da Saúde, Marcolino dos Santos, que deve estar a esta hora a braços com uma intimação da Ordem dos Médicos.
Em 4 de Junho de 1989, segundo o diário francês « La Figaro», os doentes de vancro e famílias recorrem cada vez mais aos tratamentos das medicinas paralelas, sempre que as neoplasias estejam demasiado evoluídas para serem tratadas eficazmente.
Em 27 de Novembro de 1989, o mesmo «Notícias Médicas», anunciava um curso superior de Sofrologia médica, ministrado em Lisboa, durante três dias, pelo prof. Ives Davrou: como se sabe, o contacto em Portugal para esta especialidade pode fazer-se através do Colégio Internacional de Sofrologia Médica, secção portuguesa,ao cuidado da presidente, Drª Frida Ergas, Av. António Augusto de Aguiar, 9-2º-Dtº-1100 Lisboa, telefone 54 65 36.
Em 1989, o Centre de recherche et d'information des Organizations de Consommateurs, com sede em Bruxelas ( Rua Souveraine, 28), apresenta um relatório de 122 páginas, sobre «Médecines Parallèles», redigido por Nadine Rosa Rosso, que conclui com várias recomendações aos poderes públicos para que sejam menos mesquinhos e pitosgas relativamente às medicinas que, curando, são muito mais rentáveis ao consumidor do que ao sistema estabelecido...
Em 7 de Abril de 1990, a Organização Mundial de Saúde lembra-se de que o ambiente é importante para a saúde da gente e dedica o dia Mundial da dita - 7 de Abril - ao tema «Nosso Planeta, Nossa saúde», com uma epígrafe célebre roubada a um célebre ecologista: «Pensar globalmente, agir localmenta».
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11-6-1997
MEDICINAS DOCES CONQUISTAM OPINIÃO PÚBLICA - DATAS E FACTOS (1965-1990)
Cronologia organizada por Afonso Cautela
11/6/1997 - Aqui vai, para convencimento dos cépticos, uma lista de datas e acontecimentos marcantes, no movimento de adesão às medicinas novas, doces ou alternativas:
13 de Setembro de 1965 - É publicado em Madrid um volume de 620 páginas com as actas do VI Congresso Internacional de Medicina Neohipocrática, realizado, entre 13 e 18 de Setembro de 1965, na capital espanhola. Não consta que tivesse lá ido a polícia prender ninguém, embora em Portugal haja uns senhores muito excitados sempre com um polícia para atirar às canelas dos que se mostram menos ortodoxos e mais hipocráticos nas suas práticas médico-terapêuticas.
É de 1972 a edição em França, pela Denoel, de uma das primeiras enciclopédias sobre medicinas naturais que apareceram na Europa. Intitulada «Les Medecines Naturelles», era dirigida por Annie Morand e redigida por uma equipa de redactores apoiados por um corpo de médicos especializados em terapêuticas pouco ortodoxas. Não consta que a ordem dos médicos tenha protestado por esta violência editorial.
Setembro de 1977 - Revista que se pretende inconformista e que reúne alguns pensadores de esquerda socialista em França, «Autrement» dedica um número especial aos «Franc-tireurs de la Médecine», não porque os considere antisociais e perniciosos, antes pelo contrário. Nessa altura ainda o melhor socialismo era o inconformista.
23 de Abril de 1979 - Organização Mundial de Saúde intensifica programas de valorização da medicina tradicional: a decisão da OMS fundamenta-se no reconhecimento de que três quartos da população mundial recorrem aos cuidados de saúde tradicionais...
2 de Janeiro de 1980 - OMS indica uma lista de 43 doenças que podem ser tratadas por acupunctura, o que já não é nada mau, atendendo ao proverbial atraso desta paquidérmica instituição, sempre a reboque das grandes multinacionais da química
7 de Abril de 1980 - O semanário «Le Nouvel Observateur» ocupa sete páginas com um artigo intitulado «Pladoyer pour les médecines douces», começando por perguntar: «científicos» contra «charlatães»?
É de 1981 um número da revista internacional de desenvolvimento sanitário «Forum Mondial de la Santé», editada pela OMS, em que se glosam temas como «a saúde para todos no ano 2000: um conceito revolucionário» e o «tomar a seu cargo a própria saúde», a propósito de cuidados primários e dos chamados «grupos de auto-assistência».
1982 - A Editorial Presença foi, entre as grandes editoras portuguesas, uma das primeiras a apostar nos temas holísticos de saúde, publicando em 1982 , «O Livro da Medicina Natural», obra volumosa que divulga muitos aspectos relacionados com «plantas medicinais», «hidroterapia», «lodo e argila», «cinesioterapia», «massagem», «relaxamento», «nutrição e dieta», «estimuloterapia», «quiroprática», etc. Estando longe de ser uma obra isenta, pois mistura o essencial com o acessório, fica como uma prova de boa vontade que deverá merecer registo. Só anos depois a mesma editora encetaria a publicação de uma colecção inteiramente consagrada às terapêuticas alimentares e uma outra, mais genérica, às artes de «viver».
1983 - No Rio de Janeiro, a grande editora brasileira «Três» prova que afinal a «medicina natural» existe, pois consagra-lhe uma pequena enciclopédia ilustrada em quatro volumes e que saiu em fascículos.
1983 - A Organização Mundial de Saúde(OMS) edita, em 1983, a obra «Medicina Tradicional e Cobertura dos Cuidados Primários», o mais completo e sistemático quadro que jamais foi elaborado sobre o conjunto das medicinas tradicionais das grandes culturas do mundo como a chinesa, a tibetana, a hindu, etc.
Fazendo assim frente às pressões multinacionais e aos «lobbies» farmacêuticos que operam dentro da própria OMS, para ignorar ou omitir o assunto, a OMS consagra nesta obra e definitivamente as «artes terapêuticas», nas quais terá que se basear, para ser verdade e para ser democrática, a sua ambiciosa campanha designada «saúde para todos no ano 2000», desideratum que só com as medicinas naturais e nacionais poderá conseguir-se, visto que são as mais económicas e ao alcance dos pobres, e já que é impossível dotar todo o mundo com os sistemas sofisticados e de alto custo como os do Hospital S. Francisco Xavier... Sistemas para onde caminha a medicina de ponta, dita de «alta especialização», que se encontra assim num beco sem saída depois de se encontrar num atasqueiro sem nome nem medida.
Outono de 1983 - Revista de grande prestígio cultural em França, a «CoEvolution», editada pela Associação «l'Arc-en-ciel», apresenta, no Outono de 1983, no seu número 14, um dossier especial « Novas perspectivas para a Medicina», à luz das ideias «evolucionistas» que inspiram os responsáveis desta publicação.
6 de Outubro de 1984 - «A medicina tradicional e especialmente o uso de produtos biológicos naturais pode contribuir muito para se conseguir «saúde para todos no ano 2000», segundo anunciava de Genebra em 6 de Outubro de 1984, a Organização Mundial de Saúde, preocupada em concretizar na prática aquele slogan da sua campanha.
Olayiwola Akere, chefe do programa de medicina tradicional da OMS, fez nesta data um balanço positivo dos progressos realizados desde que a Assembleia Mundial de Saúde pediu, em 1977, a todos os governos para concederem «uma importância adequada ao emprego de sistemas médicos tradicionais».
Nessa data existiam no mundo 16 centros colaboradores nesta matéria com a OMS, cujos técnicos voltaram a reiterar que as práticas sanitárias e as substâncias naturais, uma vez comprovada a sua eficácia e inocuidade, podem oferecer remédios aceitáveis culturalmente e que estão economicamente ao alcance dos mais necessitados.
Março de 1985 - Arrogando-se o privilégio de vir pôr tudo em pratos limpos, separando o trigo do joio e mostrando o que eram afinal as medicinas que a medicina rejeita, a revista «Science et Vie» dedica um dos seus números trimestrais, em Maio de 1985, ao tema «Les Médecines Parallèles», onde anuncia «a controvérsia e as verdadeiras questões». Ainda que elaborada na perspectiva do poder médico estabelecido, ou por isso mesmo, não deixa este número de ser elucidativo de uma premente necessidade que o poder médico tem de vir esclarecer, junto das massas, determinadas questões. Conforme informava a revista, as sondagens já davam mais de 50% de franceses, nessa altura, que se tratam por meios pouco ou nada ortodoxos, preferindo as medicinas heréticas.
Primavera de 1985 - A editora brasileira L & PM de Porto Alegre manifesta um apurado sentido das realidades ao lançar, na Primavera de 1985, um livro de 450 páginas intitulado «Almanaque Pés Descalços», conjunto antológico de textos sobre as mais variadas tecnologias ecológicas, mas principalmente sobre as tecnologias de saúde. Intitulado «guia alternativo para auto-suficiência e consciência planetária» nunca mais teve sucedâneo, como obra de conjunto, no campo da edição portuguesa, onde é tímida e fugaz a referência às ecotecnologias de saúde.
8 de Setembro de 1985 - No domínio da legislação progressista adoptada por alguns países que não têm medo do Dr. Machado Macedo e das suas caretas, a Austrália mostrava o caminho, fazendo aprovar, em 8 de Setembro de 1985, no Parlamento, a lei sobre medicinas naturais.
Em Fevereiro de 1986 é divulgado o relatório elaborado pelo grupo de reflexão que, em França, foi nomeado pela Ministra dos Assuntos Sociais e da Solidariedade Nacional para estudar a questão nacional das «medicinas diferentes». Esse Colectivo Nacional para a Defesa e experimentação das Medicinas Alternativas (CODEMA) intitulou o seu relatório com uma interrogação: «Avaliar as medicinas diferentes: um desafio?». Meses mais tarde, os «lobbies» do costume, faziam à Ministra o mesmo que em Portugal alguns semanários têm vindo a fazer à Beleza. «Les beux esprits se rencontrent».
Maio de 1986 - A «Revue française des affaires sociales», editada pelo Ministério dos Assuntos Sociais e do Emprego, entende dever «fazer-se eco deste fenómeno de sociedade» que são as «medicinas alternativas, diferentes ou naturais» que conhecem hoje «uma fama sem precedentes» como dizia Albert Ziegler, organizador do número especial então publicado por aquela revista, em Maio de 1986, intitulado «Médecines Différentes»
29 de Agosto de 1986 - O jornal de Colónia (RFA),«Kolner Stadt-Anzeiger» confirma, em título, num artigo de Heinz Ockhardt, que «Vegetarianos sofrem menos de doenças» e que o Centro de Oncologia de Heidelberg confirma a hipótese...
19 de Setembro de 1986 - Organização Mundial de saúde para a África apela ao reforço da investigação dos métodos da medicina tradicional., dando prioridade aos cuidados primários de saúde para a promoção e protecção dos trabalhadores agrícolas
Outubro de 1986 - Um luxuoso e volumoso album de 450 páginas é lançado em Portugal pelas Selecções do Reader's Digest, contando com um grupo de médicos que esta editora convidou como «consultores» da edição portuguesa. Omite-se no entanto a proveniência original desta obra, pormenor que é de lamentar numa iniciativa editorial, em si mesma e independentemente disso, digna dos maiores encómios. « A saúde pela Natureza» - assim se intitula este livro aparentemente «sem autor» - continua praticamente insubstituível como obra de consulta, imprescindível a gregos e a troianos, médicos e não médicos...
Em 13 de Dezembro de 1986, o semanário «Madame Figaro» publica 24 páginas totalmente a cores sobre «Special Medecines Douces», onde se falava de sofrologia, musicoterapia, termalismo, acupunctura, simpaticoterapia, auriculoterapia, mesoterapia, magnetoterapia, homeopatia, vitamino-oligoterapia, massagens, manipulações e iridologia.
Dezembro de 1986 - A revista «Autrement» (nº 85), dedica um número especial às medicinas livres, com o título «Autres Médecines,Autres moeurs».
Acupunctura, naturoterapia,biokiergia, homeopatia, bionergética, cibernética humana, são aí tratadas com grande relevo e ênfase
26 de Março de 1987 - Reunindo as maiores sumidades do mundo holístico, Brasília acolhe, em 26 de Março de 1987, o I Congresso Holístico Internacional, onde se faz o balanço das potencialidades que o movimento apresenta no momento actual. «Encontro entre a ciência moderna, a arte e a sabedoria antiga», como foi definido pelos organizadores, o congresso permitiu uma convergência de correntes que, nos últimos anos, têm marcado, de maneira decisiva, o pensamento heterodoxo mundial, nomeadamente no campo da ciência médica, que, no entanto, em certos meios trogloditas, persiste na sua rígida e dogmática imobilidade, já bastante cadavérica.
Com a data de 4 de Junho de 1987, aparece, nos documentos do Parlamento europeu, um relatório da comissão do ambiente, da saúde pública e da protecção dos consumidores, sobre os medicamentos naturais (fitomedicamentos) na Comunidade Europeia. Relator: M.G. Gaibisso.
Em 24 de Agosto de 1987, o semanário «Elle» apresenta um artigo de 4 páginas sobre «Ayurveda - Segredos da Medicina Indiana»
13 de Novembro de 1987 - Embora o público tivesse acorrido, em avalanche, ao 1º Festival de Vida Natural que se realizou em Lisboa, no Forum Picoas, e onde participaram, como oradores, vários médicos, não morreu ninguém nem ninguém teve que ser hospitalizado, apesar de o acontecimento anunciar, além das conferências produzidas por doutos eruditos, uma exposição de dietética, produtos naturais, alimentação racional, cosmética natural, alternativas e desporto. Voilá.
Em Abril de 1988, a revista «Actuel», que não é só sensacionalismo, publica um artigo sobre o Príncipe Carlos de Inglaterra, exaltando as suas preferências reais pela homeopatia e nem só. O médico da corte inglesa, Ronald Davy, é homeopata (lagarto, lagarto),bem como o farmacêutico real, dr. Ainsworth, tesoureiro da British Homeopathic Association. E viva o príncipe.
Em 8 de Outubro de 1988 assinala-se, em Madrid, a realização das II Jornadas de Medicina Holística, organizadas por uma instituição que se chama exactamente «Medicina Holística», com sede também em Madrid.
Nestas jornadas só participaram praticamente médicos que se dedicam «ao avanço das medicinas doces na Europa», a «novos métodos de acupunctura: diagnóstico facial e terapia cibernética», à «cura com levedura de cerveja», às «câmaras de isolamento sensorial», etc. A Associação «Vida Sana» patrocinou também este evento médico.
Em 25 de Janeiro de 1989, o semanário «Notícias Médicas», provanmdo que os portugueses também são civilizados, dedica uma página ao I Simpósio em Portugal sobre homeopatia, promovido pelo Instituto Boiron, com o apoio da Euro-Labor, e que, segundo consta, não matou ninguém. A reunião foi mesmo presidida pelo director-geral de Assuntos Farmacêuticos, do Ministério da Saúde, Marcolino dos Santos, que deve estar a esta hora a braços com uma intimação da Ordem dos Médicos.
Em 4 de Junho de 1989, segundo o diário francês « La Figaro», os doentes de vancro e famílias recorrem cada vez mais aos tratamentos das medicinas paralelas, sempre que as neoplasias estejam demasiado evoluídas para serem tratadas eficazmente.
Em 27 de Novembro de 1989, o mesmo «Notícias Médicas», anunciava um curso superior de Sofrologia médica, ministrado em Lisboa, durante três dias, pelo prof. Ives Davrou: como se sabe, o contacto em Portugal para esta especialidade pode fazer-se através do Colégio Internacional de Sofrologia Médica, secção portuguesa,ao cuidado da presidente, Drª Frida Ergas, Av. António Augusto de Aguiar, 9-2º-Dtº-1100 Lisboa, telefone 54 65 36.
Em 1989, o Centre de recherche et d'information des Organizations de Consommateurs, com sede em Bruxelas ( Rua Souveraine, 28), apresenta um relatório de 122 páginas, sobre «Médecines Parallèles», redigido por Nadine Rosa Rosso, que conclui com várias recomendações aos poderes públicos para que sejam menos mesquinhos e pitosgas relativamente às medicinas que, curando, são muito mais rentáveis ao consumidor do que ao sistema estabelecido...
Em 7 de Abril de 1990, a Organização Mundial de Saúde lembra-se de que o ambiente é importante para a saúde da gente e dedica o dia Mundial da dita - 7 de Abril - ao tema «Nosso Planeta, Nossa saúde», com uma epígrafe célebre roubada a um célebre ecologista: «Pensar globalmente, agir localmenta».
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