MEDICINAS 1994
holis-1-revista[«vida - natureza»: inédito pronto-a-publicar] - diário de um consumidor de medicinas
MEDICINA É SÓ UMA MAS TERAPIAS HÁ VÁRIAS
18/04/1994 - 1 - «Holística» é, desde há 10 anos, a palavra da moda e serve para designar uma medicina mais humana, global, integral. Menos dividida em especialidades e mais focalizada no ser humano enquanto ente cósmico e eventualmente divino. Há quem, equivocamente, a defina como «aliança entre medicina oriental e medicina ocidental». É, por exemplo, a expressão utilizada num folheto aparecido, em 1986, no Porto, em que se anunciava um programa de actividades sob o signo de uma auto-denominada «medicina holística». De Medicina Holística se intitulava, igualmente, um projecto de hospital de medicinas naturais elaborado pelo iridólogo português Serge Jurasunas, a pedido do então director do Hospital Egas Moniz de Lisboa e apresentado ao público durante o II Congresso Ibérico de Medicinas Paralelas. Na introdução desse projecto lembram-se as várias expressões que se generalizaram, em diversos países, para designar no fundo a mesma coisa. Em França chamam-se «les medecines douces», em Inglaterra «Alternative and Holistic Medicines», na Alemanha «Heil-Praktik», nos Estados Unidos «Metabolic and Holistic Medicine», em Itália «L'Altra Medicina».
A arrogância característica do espirito positivista que ainda domina a mentalidade vigente, não se cansa de colocar sucessivos nomes na ciência ou medicina original (energética), a qual se recusa conhecer ou finge não reconhecer.
É assim que a designação «medicina holística» aparece como a última moda para referir o que outros terão designado por Gnose Primordial, Medicina Neo-hipocrática (aquela que retoma a herança do médico grego Hipócrates), outros Psicosomática ou Somatopsíquica, outros Biomedicina e outros ainda medicina orgónica, inspirada nas loucuras de Wilhelm Reich.
No fundo e como ponto comum a todas as designações, teríamos apenas medicina energética ou medicina ecológica, quer dizer, toda e qualquer técnica terapêutica que leva em conta o conjunto ambiental do doente, que deixa então de ser um átomo perdido no Cáos para ser parte integrante do Cosmos ou Ordem Universal. Mais um passo e é preciso ter coragem para utilizar, com mestre Kasuo Kon, a designação exacta: Medicina de Deus ou do ser Humano. A única divisão admissível, à luz da lógica, é assim entre medicina caótica (a do establishment) e a medicina cósmica. No fundo, é só esta a clivagem. O resto são palavras (e polémicas) de quem anda à procura da rolha sem a encontrar.
2 - Depois de um período selvático em que a luta pela vida e a situação forçada de clandestinidade levou os técnicos holísticos portugueses a socorrer-se de todos os meios sem olhar aos fins (e vice-versa), começou a selecção dos mais aptos, fase que levará à definitiva hierarquização dos valores e competências profissionais dentro das medicinas paralelas, com a óbvia, necessária e natural rejeição dos corpos estranhos que ainda teimem em manter-se dentro da classe... Um sistema imunitário em boas condições é do que afinal as terapias leves também precisam.
Apesar da lista um tanto longa e heteróclita das terapias anunciadas no Congresso de Madrid, em Junho de 1986, a própria dinâmica da realidade irá reduzindo essa aparente heterogeneidade e anulando algumas «fantasias» terapêuticas, para deixar apenas as que têm o aval da prática, da tradição ininterrupta de vários séculos (milhares de anos) e a indiscutível eficiência aliada à indiscutível inocuidade.
Novidades como a Aromoterapia (terapia com óleos essenciais), a Cromoterapia e a Musicoterapia pouco ou nada avançarão, no contexto arrogante da ciência analítica e da perspectiva positivista que nos enforma, porque são apenas afluentes no grande rio da medicina energética, ondulatória, ecológica ou quântica, a tal «medicina de deus» que é de todos os tempos e para todos os lugares. É o conhecimento das «ondas» e dos «ritmos» que leva, com efeito, ao aproveitamento da cor, da música ou dos aromas para a cura das doenças. O mundo vibratório é a «New Age» que tantos proclamam. Desintegrado do sistema energético global, porém, ficará reduzido a técnicas parcelares, apenas «fantasias» terapêuticas, de fraca eficácia. O mesmo se diga, por exemplo, das já hoje mais conhecidas técnicas - a Homeopatia e a Acupunctura - que só resultam em pleno num organismo desintoxicado de químicos em geral e de medicamentos em particular.
3 - A medicina energética cada vez mais se afirma um sistema universal no sentido original do étimo que significa uni-dade. A Oligoterapia, outro exemplo de terapia leve, com base nos minerais ou oligoelementos em estado catalítico, em breve se verifica ser apenas uma cura subsidiária (embora necessária), enquanto a química alimentar (adubos, pesticidas, metais pesados na água, nos solos, nas plantas, nos consumidores, etc.) persistir fabricando o maior contingente de carências e intoxicações, logo de doenças.
No dia em que alguns erros deliberados da indústria alimentar - sal refinado, cereais polidos não integrais, óleos extraídos a altas temperaturas e outros atentados contra a saúde pública - forem corrigidos, no dia em que se fizer stop às carências em bioelementos, vitaminas e enzimas da nossa cada vez mais pobre e hedionda alimentação, é evidente que a Oligoterapia e outras terapias de compensação não fazem falta nenhuma. E a indústria dos suplementos alimentares deixará de prosperar...
O que continua imutável e eterno é o sistema energético, seja qual for o grau de loucura patológica a que a sociedade industrial tiver levado a humanidade, convencida, através dos «mass media», de que está a chupar um doce rebuçado.
As terapias leves conduzem, evidentemente, à desmontagem de toda esta engrenagem, ao defenderem antes de mais nada e acima de tudo a saúde, em vez de usarem a bandeira - já muito velha e rasgada - do combate à doença.
Resumindo e concluindo, Medicinas Naturais porquê? Holística, porquê?
Pura e simplesmente porque é a opção mais lógica e ecológica para resolver os graves problemas sanitários que afectam a população mundial
Porque o direito à saúde está, curiosa e paradoxalmente, consignado na Constituição Portuguesa como um «dever»
Porque, em democracia pluralista, não pode haver monopólio de um só sistema médico e a possibilidade de escolha deve ser concedida a todos os cidadãos
Porque, em vários países da Comunidade Europeia, os inquéritos feitos ao consumidor provam que a maioria dos doentes prefere os tratamentos naturais, as terapias doces, as medicinas que curam
Porque a medicina natural actua mais na prevenção e na profilaxia natural do que no combate à doença, tornando-se muito mais económica ao País e sobrecarregando muito menos o Orçamento de Estado: mostrando a experiência que vale mais prevenir do que remediar e que conservar a saúde é indiscutivelmente mais barato para o País e para o doente do que combater a doença, as terapias leves serão, por natureza, a medicina mais económica
Porque as terapias naturais fazem de cada doente um técnico de saúde, um ser consciente dos seus próprios deveres de saúde, não entregando apenas à instituição (hospital, médico, ministério) o encargo de o tratar
Porque, nos chamados «cuidados primários de saúde» deve incluir-se a tarefa educativa que torna os doentes mais conscientes e responsáveis dos seus próprios deveres na manutenção e conservação da saúde
Porque, a medicina natural, colaborando espontânea e naturalmente com os organismos oficiais da qualidade alimentar, da defesa do consumidor e da protecção ao ambiente, aponta no sentido das grandes campanhas educativas que têm pretendido transformar os hábitos alimentares dos portugueses, tornando esses hábitos menos prejudiciais à saúde e ao ambiente.
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MEDICINA É SÓ UMA MAS TERAPIAS HÁ VÁRIAS
18/04/1994 - 1 - «Holística» é, desde há 10 anos, a palavra da moda e serve para designar uma medicina mais humana, global, integral. Menos dividida em especialidades e mais focalizada no ser humano enquanto ente cósmico e eventualmente divino. Há quem, equivocamente, a defina como «aliança entre medicina oriental e medicina ocidental». É, por exemplo, a expressão utilizada num folheto aparecido, em 1986, no Porto, em que se anunciava um programa de actividades sob o signo de uma auto-denominada «medicina holística». De Medicina Holística se intitulava, igualmente, um projecto de hospital de medicinas naturais elaborado pelo iridólogo português Serge Jurasunas, a pedido do então director do Hospital Egas Moniz de Lisboa e apresentado ao público durante o II Congresso Ibérico de Medicinas Paralelas. Na introdução desse projecto lembram-se as várias expressões que se generalizaram, em diversos países, para designar no fundo a mesma coisa. Em França chamam-se «les medecines douces», em Inglaterra «Alternative and Holistic Medicines», na Alemanha «Heil-Praktik», nos Estados Unidos «Metabolic and Holistic Medicine», em Itália «L'Altra Medicina».
A arrogância característica do espirito positivista que ainda domina a mentalidade vigente, não se cansa de colocar sucessivos nomes na ciência ou medicina original (energética), a qual se recusa conhecer ou finge não reconhecer.
É assim que a designação «medicina holística» aparece como a última moda para referir o que outros terão designado por Gnose Primordial, Medicina Neo-hipocrática (aquela que retoma a herança do médico grego Hipócrates), outros Psicosomática ou Somatopsíquica, outros Biomedicina e outros ainda medicina orgónica, inspirada nas loucuras de Wilhelm Reich.
No fundo e como ponto comum a todas as designações, teríamos apenas medicina energética ou medicina ecológica, quer dizer, toda e qualquer técnica terapêutica que leva em conta o conjunto ambiental do doente, que deixa então de ser um átomo perdido no Cáos para ser parte integrante do Cosmos ou Ordem Universal. Mais um passo e é preciso ter coragem para utilizar, com mestre Kasuo Kon, a designação exacta: Medicina de Deus ou do ser Humano. A única divisão admissível, à luz da lógica, é assim entre medicina caótica (a do establishment) e a medicina cósmica. No fundo, é só esta a clivagem. O resto são palavras (e polémicas) de quem anda à procura da rolha sem a encontrar.
2 - Depois de um período selvático em que a luta pela vida e a situação forçada de clandestinidade levou os técnicos holísticos portugueses a socorrer-se de todos os meios sem olhar aos fins (e vice-versa), começou a selecção dos mais aptos, fase que levará à definitiva hierarquização dos valores e competências profissionais dentro das medicinas paralelas, com a óbvia, necessária e natural rejeição dos corpos estranhos que ainda teimem em manter-se dentro da classe... Um sistema imunitário em boas condições é do que afinal as terapias leves também precisam.
Apesar da lista um tanto longa e heteróclita das terapias anunciadas no Congresso de Madrid, em Junho de 1986, a própria dinâmica da realidade irá reduzindo essa aparente heterogeneidade e anulando algumas «fantasias» terapêuticas, para deixar apenas as que têm o aval da prática, da tradição ininterrupta de vários séculos (milhares de anos) e a indiscutível eficiência aliada à indiscutível inocuidade.
Novidades como a Aromoterapia (terapia com óleos essenciais), a Cromoterapia e a Musicoterapia pouco ou nada avançarão, no contexto arrogante da ciência analítica e da perspectiva positivista que nos enforma, porque são apenas afluentes no grande rio da medicina energética, ondulatória, ecológica ou quântica, a tal «medicina de deus» que é de todos os tempos e para todos os lugares. É o conhecimento das «ondas» e dos «ritmos» que leva, com efeito, ao aproveitamento da cor, da música ou dos aromas para a cura das doenças. O mundo vibratório é a «New Age» que tantos proclamam. Desintegrado do sistema energético global, porém, ficará reduzido a técnicas parcelares, apenas «fantasias» terapêuticas, de fraca eficácia. O mesmo se diga, por exemplo, das já hoje mais conhecidas técnicas - a Homeopatia e a Acupunctura - que só resultam em pleno num organismo desintoxicado de químicos em geral e de medicamentos em particular.
3 - A medicina energética cada vez mais se afirma um sistema universal no sentido original do étimo que significa uni-dade. A Oligoterapia, outro exemplo de terapia leve, com base nos minerais ou oligoelementos em estado catalítico, em breve se verifica ser apenas uma cura subsidiária (embora necessária), enquanto a química alimentar (adubos, pesticidas, metais pesados na água, nos solos, nas plantas, nos consumidores, etc.) persistir fabricando o maior contingente de carências e intoxicações, logo de doenças.
No dia em que alguns erros deliberados da indústria alimentar - sal refinado, cereais polidos não integrais, óleos extraídos a altas temperaturas e outros atentados contra a saúde pública - forem corrigidos, no dia em que se fizer stop às carências em bioelementos, vitaminas e enzimas da nossa cada vez mais pobre e hedionda alimentação, é evidente que a Oligoterapia e outras terapias de compensação não fazem falta nenhuma. E a indústria dos suplementos alimentares deixará de prosperar...
O que continua imutável e eterno é o sistema energético, seja qual for o grau de loucura patológica a que a sociedade industrial tiver levado a humanidade, convencida, através dos «mass media», de que está a chupar um doce rebuçado.
As terapias leves conduzem, evidentemente, à desmontagem de toda esta engrenagem, ao defenderem antes de mais nada e acima de tudo a saúde, em vez de usarem a bandeira - já muito velha e rasgada - do combate à doença.
Resumindo e concluindo, Medicinas Naturais porquê? Holística, porquê?
Pura e simplesmente porque é a opção mais lógica e ecológica para resolver os graves problemas sanitários que afectam a população mundial
Porque o direito à saúde está, curiosa e paradoxalmente, consignado na Constituição Portuguesa como um «dever»
Porque, em democracia pluralista, não pode haver monopólio de um só sistema médico e a possibilidade de escolha deve ser concedida a todos os cidadãos
Porque, em vários países da Comunidade Europeia, os inquéritos feitos ao consumidor provam que a maioria dos doentes prefere os tratamentos naturais, as terapias doces, as medicinas que curam
Porque a medicina natural actua mais na prevenção e na profilaxia natural do que no combate à doença, tornando-se muito mais económica ao País e sobrecarregando muito menos o Orçamento de Estado: mostrando a experiência que vale mais prevenir do que remediar e que conservar a saúde é indiscutivelmente mais barato para o País e para o doente do que combater a doença, as terapias leves serão, por natureza, a medicina mais económica
Porque as terapias naturais fazem de cada doente um técnico de saúde, um ser consciente dos seus próprios deveres de saúde, não entregando apenas à instituição (hospital, médico, ministério) o encargo de o tratar
Porque, nos chamados «cuidados primários de saúde» deve incluir-se a tarefa educativa que torna os doentes mais conscientes e responsáveis dos seus próprios deveres na manutenção e conservação da saúde
Porque, a medicina natural, colaborando espontânea e naturalmente com os organismos oficiais da qualidade alimentar, da defesa do consumidor e da protecção ao ambiente, aponta no sentido das grandes campanhas educativas que têm pretendido transformar os hábitos alimentares dos portugueses, tornando esses hábitos menos prejudiciais à saúde e ao ambiente.
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