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2006-04-28

CÔA 2001

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AOS JORNAIS QUE PUBLICARAM A NOTÍCIA DAS FIGURAS RUPESTRES NEM FÁTIMA (n)OS LIVRA

28/Abril/2001 - Dia 28 de Abril, li a notícia em quatro jornais: Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Público e Correio da Manhã. E cada um diz a sua.
Ponto comum: a deliberada intenção de confundir a gente sobre quem verdadeiramente fez o achado; a deliberada defesa da EDIA, que não sabia de nada (dizem uns) ou que sabia de tudo (dizem outros); depois, com citações avulsas de Guterres e outros importantes, a deliberada tentativa (apriorística) de minimizar e desvalorizar a importância do achado; finalmente, a desculpabilização do IPA (Instituto Português de Arqueologia) , que afinal (diziam todos) não estava a dormir na forma mas que até já tinha avisado a EDIA de que, tal e coisa.
Como sou leitor e vítima do que os jornais me impingem, não faço comentários a este tipo de (des) informação. Como, para mim, o achado significa a ponta de um iceberg que deve ser o maior, até hoje, da arqueologia sagrada mundial, estou-me perfeitamente borrifando nas manipulações de todos os manipuladores. Que hão-de pagar caro todas as mentiras.
Gostaria, no entanto, se não é pedir muito, que deixassem, em próximas edições dos vossos preciosos periódicos, muito bem explicadinho quem afinal descobriu as gravuras e quem andou este tempo todo a ver se as escondia.
Por hoje só tenho a dizer mais o seguinte: Apesar de ter gasto 1 milhão de contos com os arqueólogos que encomendou, a EDIA – empresa construtora de Alqueva – não fez o achado mais importante. «Limitou-se» a duplicar o número de sítios com megalitos... para afundar.
O mais importante achado arqueológico do milénio, provavelmente à borla, foi feito por uma equipa de independentes, guiada por Manuel João Calado e que deve ter trabalhado a expensas suas.
Era bom que isso se soubesse e fosse tornado público. Ainda há gente neste país que trabalha por amor à arte e à camisola, neste caso a arqueologia sagrada.
O escândalo de Alqueva, que já não pode ser maior, conseguiu ficar ainda maior.
E ainda agora, como não se cansam de nos dizer, a procissão vai na praça. Quando chegar ao adro, não vai chegar o maior largo artificial da Europa para o esconder dos olhos dos portugueses.
De escândalo em escândalo, de abuso em abuso, de prepotência em prepotência, de truque em truque, de dinheiro em dinheiro (arrancado ao orçamento e portanto aos nossos bolsos), assim se vai consumando o maior atentado jamais cometido contra a identidade ancestral deste país. Não queriam que isto tivesse consequências?
A prova que Nossa Senhora de Fátima também já nos retirou a protecção divina, está na nega que Bruxelas anunciou, há dias, de financiar até ao fim a loucura de Alqueva. Buena gente, essa de Bruxelas: foram os instigadores de Alqueva e sem a sua luz verde o atentado não se teria cometido; e agora dizem que não têm mais que pagar.
Não será, portanto, nem Fátima nem Bruxelas que nos livrará da maldição que inevitavelmente recairá sobre nós, profanando como se profanou a mais importante zona da geografia portuguesa do sagrado.
Preparem-se, pois, os que (ainda) cantam de poleiro, que a justiça vai ser selectiva.
O primeiro-ministro que se decida e que não ceda a pressões dos lobbies, com argumentos de chacha, do tipo «a economia portuguesa precisa de Alqueva.». Por aí, o primeiro-ministro vai é precisar muito do seu querido confessor Melícias.
É o mesmo que dizer: a economia portuguesa precisa de mais pontes de Castelo de Paiva, porque, como é sabido, a catástrofe incrementa a economia e faz subir a bolsa de valores.
A SIC radical que o diga.
Para esta argumentação economicista, há que dizer: chega, agora que o arqueólogo Manuel João Calado, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, pôs a nu a capital portuguesa (e provavelmente mundial) do sagrado (alquimicamente puro) . O velho disco da rentabilidade e da economia do país, em nome das quais todos os crimes foram, são e querem continuar a ser cometidos, soa mais do que nunca a disco rachado. Chega de tanto disparate.
É o que os peregrinos devem ir rezar a Fátima, no ano em que o contingente aumenta – dizem os jornais – por causa do clima de catástrofe que se adensa de dia para dia. Lá isso é verdade. Os bispos apontaram outras catástrofes, mas a causa é a mesma. Havemos de pagar caro ousadias como a de Alqueva. E não deve ser a isto que o primeiro ministro chama a importância económica de Alqueva.
Se resta uma ponta de bom senso aos que têm na mão o volante do poder, recolham-se, vão a Fátima, meditem e não se queixem se, mesmo assim, a partir de agora, que a profanação do sagrado (alquimicamente puro) ficou a descoberto, a catástrofe de Castelo de Paiva se multiplicar por mil.
Não venham é dizer que ninguém sabia. Agora já sabem. E agradeçam ao Manuel João Calado e à sua fabulosa equipa. Para ele, um abraço do amigo e conterrâneo
Afonso Cautela
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