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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-01

NOTÍCIAS DA FRENTE 1975

fe-1-ac-ie> = ideia ecológica do ac - subsídios para a história do movimento ecológico em Portugal

«FRENTE ECOLÓGICA» 1976:UM ANO CRUCIAL DO MOVIMENTO ECOLÓGICO

[01-03-1975] Com noticiário do movimento ecológico em Portugal e o anúncio do I Congresso, a realizar em Lisboa, no mês de Setembro, apareceu em Março de 1975, o primeiro número do jornal «Frente Ecológica», que se subintitulava "boletim mensal do Movimento Ecológico Português".
Tendo na capa uma alusão fotográfica ao ano 2000 dos Tecnocratas, inclui artigos sobre «Alternativas ecológicas», «As Políticas do Ambiente e o M.E.P», «Uma harmonia dialéctica com o Universo" (artigo assinado por Michio Kushi, o maior mestre vivo da Macrobiótica Zen), «Indústrias contra Qualidade de Vida», etc.
Insere também este primeiro número de "Frente Ecológica", informações sobre actividades do Movimento e o regulamento e temas do próximo Congresso, a realizar em Lisboa em 26, 27 e 28 de Setembro e subordinado ao tema geral «A Função do Movimento Ecológico na Revolução Cultural Portuguesa.»
Dedicado à investigação dialéctica fundamental -- as relações entre Homem e Natureza .-- à denúncia crítica e radical das agressões e crimes cometidos sobre a Natureza por uma sociedade (capitalista) assente no lucro e na exploração do homem pelo homem, «Frente Ecológica» pretende ser o órgão de todos os movimentos que tenham por objectivo prioritário a Revolução Cultural e as alternativas ecológicas para todos os sistemas antihumanos, empórios e monopólios, quer no campo da medicina, quer no dos regimes alimentares, quer no das energias, quer no da agricultura e das tecnologias.
Além deste seu órgão de imprensa, o movimento ecológico em Portugal anuncia ainda intervenções radiofónicas semanais através de vários emissores: Emissora Nacional (20 minutos às quartas--feiras), Rádio Clube Português (10 minutos às quintas-feiras, com repetição em FM e emissores do Porto), Rádio Renascença (dois períodos semanais de 10 minutos cada um) e Rádio Peninsular (5 minutos às quartas-feiras).
Em 1976 assinalam-se algumas iniciativas que traduziam a resistência de grupos e mesmo das populações à campanha maciça de intoxicação que a EDP estava a desencadear para impor o electro-nuclear em Portugal.
Citam-se, nesse ano, a Comissão de Apoio à Luta Contra a Ameaça Nuclear (CALCAN), criada em Maio desse ano, o festival pela Vida contra o Nuclear (Ferrel, 15 de Março de 1976) e sessões de convívio com a população de Ferrel, efectuadas pelo Grupo Coordenador do Movimento Ecológico, em 27 e 28 de Março, tendo como técnico convidado o Prof. Delgado Domingos, do Instituto Superior Técnico.
É ainda desse ano um "abaixo-assinado nacional para uma Moratória Nuclear", iniciativa do jornal "Frente Ecológica", que escrevia, sob o título "Campanha Intox Pró-Nuclear ou Quando o Pepino deve ser torcido", o seguinte:

«Os negociadores de centrais nucleares contavam até agora com a completa passividade das massas em assuntos ecológicos e a intoxicação prévia a longo prazo, através de agências internacionais e noticiários regulares, evitava o trabalho e a despesa da intoxicação planeada.
O 15 de Março de 1976 veio provar de que, em Portugal, as massas não estavam ainda totalmente intoxicadas de propaganda pró-nuclear e de que a Companhia Portuguesa de Electricidade teria, portanto, de promover uma campanha suplementar, um esforço extra de domesticação colectiva através de uma re-intoxicação para tapar a brecha verificada.
Daí que esteja planeada uma campanha intox - dita campanha de informação - a realizar pela Junta de Energia Nuclear, utilizando diversos técnicos que irão sistematicamente usar e abusar do truque "neutralidade científica", ao mesmo tempo que irão reavivar e pôr de novo em acção todos os tecnosofismas típicos do discurso tecnocrático e respectivo terror, pretensamente adoçado por um aceitabilismo voluntário, criado nas massas após novas campanhas intensivas de intoxicação.
A desmontagem desse tecno-discurso, a denúncia desses tecno-sofismas, a desmistificação desses tecno-mitos torna-se assim mais do que nunca urgente e necessária.»
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