NATURISMO 74
74-03-14-ie>= ideia ecológica - quarta-feira, 4 de Dezembro de 2002-scan
AUTOCRÍTICA DE UM CERTO NATURISMO(*)
14/Março/1974 - Não tendo o monopólio da virtude, a Resistência pratica erros e labora em equívocos.
Um dos seus maiores "handicaps" é ignorar-se a si própria, é não se dar conta da unidade que existe entre movimentos trabalhando na ignorância uns dos outros mas que visam o mesmo objectivo: a destruição da ordem tecnoburocrática, biocida e ecocida, a implantação de uma civilização humana e do humano.
Em 1949, o naturopata espanhol José Castro publicou o livro «Los Errores del Naturismo», com o qual muito contribuiu para fazer progredir um movimento que estava estagnando num beatismo entre zoofilista e crudivorista.
Não quer dizer que daí para cá as coisas se tivessem passado de maneira muito diferente - mas a autocrítica é sempre estimulante porque contribui para um movimento se depurar. Se for feita a nível de método, evidentemente. Nada progride, se não escolhe o método, a via correcta por onde caminhar.
Na resistência ecológica trata-se também de acertar no método exacto, no caminho certo para andar em frente.
EM RELAÇÃO AMIGÁVEL COM A NATUREZA
Um equívoco frequente dos "naturistas" sem base ecológica é idolatrarem a Natureza em vez de, mais racional e prudentemente, falarem de Ambiente.
Não se trata de bendizer, indiscriminadamente, a benévola Natureza e as manifestações naturais: mas de prosseguir a tentativa de um equilíbrio, sempre instável, entre ambiente natural e homem.
À luz da dialéctica yin-yang, aliás, deve ser assim e não de outra maneira.
O que se verifica é uma adaptabilidade constante do homem ao ambiente natural que de modo nenhum lhe é sempre favorável: sismos, enxurradas, vulcões, tempestades, temperaturas extremas, chuva, nem sempre as manifestações da Natureza são coincidentes com o interesse físico do homem e a sua saúde, segurança ou equilíbrio.
Fazem farte da ordem cósmica - mas nem sempre a ordem cósmica é a ordem humana. E é de efectuar a constante relação dialéctica entre essas duas ordens que se trata.
Quando uma multi-secular sabedoria fala do microcosmos e do macrocosmos, do que está em baixo e do que está em cima, está a considerar essas duas realidades que, embora complementares, não deixam de ser distintas.
Talvez os animais consigam uma complementaridade mais perfeita e por isso invejemos a sua espontaneidade, a sua natureza instintiva mais perto de e mais de acordo com a Natureza.
De qualquer modo, mesmo os animais, não são seres em sintonização absoluta com as leis do ambiente cósmico mas em relação dialéctica com ele.
Também o animal procura a caverna, o buraco, para se proteger das inclemências naturais e nessa caverna, nesse casulo está simbolizado todo o casulo ou habitat que virá a ser o do homem e o de toda a sua história através dos séculos.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Lisboa, 1976
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AUTOCRÍTICA DE UM CERTO NATURISMO(*)
14/Março/1974 - Não tendo o monopólio da virtude, a Resistência pratica erros e labora em equívocos.
Um dos seus maiores "handicaps" é ignorar-se a si própria, é não se dar conta da unidade que existe entre movimentos trabalhando na ignorância uns dos outros mas que visam o mesmo objectivo: a destruição da ordem tecnoburocrática, biocida e ecocida, a implantação de uma civilização humana e do humano.
Em 1949, o naturopata espanhol José Castro publicou o livro «Los Errores del Naturismo», com o qual muito contribuiu para fazer progredir um movimento que estava estagnando num beatismo entre zoofilista e crudivorista.
Não quer dizer que daí para cá as coisas se tivessem passado de maneira muito diferente - mas a autocrítica é sempre estimulante porque contribui para um movimento se depurar. Se for feita a nível de método, evidentemente. Nada progride, se não escolhe o método, a via correcta por onde caminhar.
Na resistência ecológica trata-se também de acertar no método exacto, no caminho certo para andar em frente.
EM RELAÇÃO AMIGÁVEL COM A NATUREZA
Um equívoco frequente dos "naturistas" sem base ecológica é idolatrarem a Natureza em vez de, mais racional e prudentemente, falarem de Ambiente.
Não se trata de bendizer, indiscriminadamente, a benévola Natureza e as manifestações naturais: mas de prosseguir a tentativa de um equilíbrio, sempre instável, entre ambiente natural e homem.
À luz da dialéctica yin-yang, aliás, deve ser assim e não de outra maneira.
O que se verifica é uma adaptabilidade constante do homem ao ambiente natural que de modo nenhum lhe é sempre favorável: sismos, enxurradas, vulcões, tempestades, temperaturas extremas, chuva, nem sempre as manifestações da Natureza são coincidentes com o interesse físico do homem e a sua saúde, segurança ou equilíbrio.
Fazem farte da ordem cósmica - mas nem sempre a ordem cósmica é a ordem humana. E é de efectuar a constante relação dialéctica entre essas duas ordens que se trata.
Quando uma multi-secular sabedoria fala do microcosmos e do macrocosmos, do que está em baixo e do que está em cima, está a considerar essas duas realidades que, embora complementares, não deixam de ser distintas.
Talvez os animais consigam uma complementaridade mais perfeita e por isso invejemos a sua espontaneidade, a sua natureza instintiva mais perto de e mais de acordo com a Natureza.
De qualquer modo, mesmo os animais, não são seres em sintonização absoluta com as leis do ambiente cósmico mas em relação dialéctica com ele.
Também o animal procura a caverna, o buraco, para se proteger das inclemências naturais e nessa caverna, nesse casulo está simbolizado todo o casulo ou habitat que virá a ser o do homem e o de toda a sua história através dos séculos.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Lisboa, 1976
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